Por que tanto ódio a Schottenheimer?

Se há alguém em Seattle que não recebe os créditos e elogios necessários, esse alguém é o nosso coordenador ofensivo, Brian Schottenheimer. A obra-prima desse trabalho está sendo vista esse ano. Ele tem proposto o jogo, e parece finalmente ter aprendido a se ajustar quando necessário. Ninguém quer ver uma gestão de jogo igual aquela da partida contra os Cowboys.

Verdades inconvenientes que ninguém quer ler sobre o fim da temporada

Análise Seattle Seahawks 22 x 24 Dallas Cowboys

Wilson vem numa perseguição ferrenha ao título de MVP, como sempre digo, se ele jogasse em outro mercado, já seria fato isso. Nosso QB vem jogando como tal, e fora todo seu talento, BS vem sendo parte responsável disso. Vem dando boas leituras das defesas e espremendo o melhor de todas as armas que Wilson tem a sua disposição.

Seja membro e tenha ainda mais conteúdo!

SE INSCREVA TAMBÉM EM NOSSO CANAL DO YT

Schottenheimer X Bevell

Numa comparação simples, vamos olhar os dois últimos anos de Wilson com Bevell. No ano de 2016, ele teve 4.219 jardas para 21 TDs, em 2017, 3983 jardas para 34 TDs. No primeiro ano com Schottenheimer ele teve o maior número de TDs da carreira, 35 para 3448 jardas. Até o momento em que esse post é escrito, ele tem 2.737 jardas e 23 TDs. Então tivemos uma melhora no número de TDs, enquanto tivemos uma queda na quantidade de jardas.

Muito disso vem pelo fato de Wilson não ter jogo corrido nesses últimos anos com Bevell. Mas aí vem o ponto que mais chama atenção, o número de interceptações. Nos anos de Bevell foram 11 em cada ano. No primeiro ano com Schottenheimer  foram 7 e até agora, ele teve apenas 2. Isso vem muito das situações em que o OC coloca Wilson, leituras mais limpas. Vale salientar que a primeira INT de Wilson, foi numa “pane mental” dele e a segunda veio de um erro de execução.

Como o trabalho na redzone mudou, de Darrell Bevell para Brian Schottenheimer

Antes de ler o texto, sugiro a leitura desse post para facilitar o entendimento das rotas que serão faladas posteriormente.

Vamos ao que Schottenheimer tem usado:

Schottenheimer e a identificação de coberturas da defesa

Schottenheimer vem facilitando as leituras de Wilson, com movimentações antes do snap para indicar alguma marcação individual. Se em tese o jogador da defesa acompanha o recebedor, temos fortes indícios de marcação homem a homem.

Outro modo de tentar identificar as marcações é colocando o TE/RB aberto na formação. Se um LB estiver alinhado a sua frente, indício de marcação individual.

Conceito Mesh

Essa jogada consiste em duas rotas drag (uma de cada lado) se cruzando. A rotas dos outros recebedores variam e devem aproveitar o espaço criado. O objetivo é confundir e atrapalhar as marcações individuais no meio do campo. Existem muitas variações do conceito mesh. Se vai ser feito pelos dois recebedores de dentro, pelos dois de fora, se vão se cruzar mais próximo da linha de scrimmage ou não. Aqui iremos explicar de forma mais detalhada o Snag que foi o utilizado na jogada acima.

 

Não existe nada de muito rebuscado, é o conceito mesh com a rota snag executada. Serve para colocar ainda mais pressão nos LBs que podem buscar as laterais para marcar os recebedores internos, deixando uma janela de passe para o recebedor que fica esperando no meio do campo. Percebam que é o que acontece ali em cima, os LBs se preocupam com as rotas drag e deixam um buraco no meio onde Jaron Brown recebe a bola. Detalhe para quantidade de jardas que ele consegue pós recepção.

Conceito Shallow

Fale a verdade, ao ler o nome do conceito na mesma hora você lembrou do “juntos e shallow now” não é?! Haha

[ihc-hide-content ihc_mb_type=”block” ihc_mb_who=”unreg” ihc_mb_template=”3″ ]

Mas falando sério esse conceito também busca jardas após a recepção e ajuda a se livrar da bola rapidamente. De um lado um recebedor corre a rota “shallow now” e do outro alguém irá na rota dig (mas há variações, o que importa é que explore o meio do campo numa rota mais profunda que a shallow, podendo ser uma rota snag também). A outras rotas podem variar bastante, mas mantém a ideia de serem verticais para espalhar a defesa. Uma coisa boa desse conceito é que basicamente todas as rotas aqui podem se tornar alvos, mesmo as rotas complementares. A primeira rota de leitura é a shallow que é bem efetiva contra marcação individual. Para atacar marcações em zona você pode escolher a dig.

Outro conceito de passe rápido com potencial de jardas após a recepção. Lincoln Riley(por favor seja o novo técnico de Seattle, nunca te pedi nada!) faz coisas semelhantes em Oklahoma. Schottenheimer vem com 3 rotas verticais, que deu a Wilson duas opções legítimas que, ao contrário de drive, também forçaram o safety do meio do campo a fazer uma escolha em uma das rotas. Sendo assim, marcação individual batida.

Conceito Double Slant-Flat

Esse conceito aqui é bastante utilizado por BS. Ele ajuda em passes rápidos e principalmente para sair de campo com a bola caso necessário. Ao ler o nome do conceito, nem há muito o que explicar. São duas rotas slants e uma rota flat no mesmo lado da formação. Normalmente se usa isso da seguinte forma, dois recebedores de um lado da formação executam a slant e o RB vem para o flat.

No caso de Seattle, Schottenheimer tem chamado essa jogada em formações bunch, aquelas formações de 3 WRs do mesmo lado num “amontoado” como destacado na imagem acima. A ideia é que as rotas dos recebedores externos chamem a marcação para o meio do campo, deixando o recebedor interno sair sem problemas da linha. A rota flat é sempre a primeira leitura, porque é a mais provável de ficar livre, devido a esse ponto que levantamos. Mas nada impede que o passe seja feito em outras rotas como nos lances acima.

Conceito Drive

Consiste num conceito de uma rota drag do recebedor externo e uma rota dig do recebedor interno. Principal objetivo aqui é conquistar jardas após a recepção. É uma excelente forma de bater blitz. O QB vai ter duas opções, uma em cada profundidade para fazer o passe. O Outro lado da formação normalmente corre rotas mais profundas para afastar os CBs e safeties da jogada.

Na jogada acima, Hollister, por dentro, executa a rota mais profunda e Lockett, por fora, executa a rota curta. Detalhe para o fato do recebedor estar posicionado de forma a sair da linha de scrimmage basicamente sem nenhum contato. A rota de Hollister mais ao fundo chama a atenção dos defensores deixando Lockett livre para avançar e conquistar muitas jardas após a recepção. Cumprindo assim o objetivo desse conceito: passe rápido e jardas após recepção.

 

Conceito Spear

O conceito play-action spear é uma ótima opção para redzone e para atacar cover 3 e cover 1. O play action em tese dará tempo a Wilson tempo para tomar uma decisão sem tanta confusão a sua frente. Foi muito utilizado e foi um dos fatores de estarmos entre os melhores da liga na redzone. Deu uma sumida do nosso playbook, que é uma coisa boa, para evitar que fique fácil para as defesas diagnosticarem isso.

Raio-X: A eficiência do ataque de Seattle na Redzone

Raio-X: A eficiência do ataque de Seattle na Redzone – Parte II

O conceito  Play Action Spear de Seattle parece bastante semelhante ao conceito shallow descrito mais acima. Os objetivos são muito diferentes, com Spear envolvendo duas rotas profundas se cruzando e indo em direção uma  a outra. A jogada é uma excelente maneira de vencer a cobertura fechada no meio do campo (MOFC, Cover 1, Cover 3), com o safety tendo que escolher uma rota e o outro cornerback acaba ficando longe para fazer qualquer coisa. Um conceito muito bom, mas que Seattle já jogou fora algumas vezes na redzone.

Conceito Double-China 7

Vamos ao Double-China 7 / Y-Corner / 722, dependendo de como o time irá chamar no seu playbook. Isso consiste em três recebedores em um lado do campo, com os dois WRs externos executando rotas shallow(Double-China) e o terceiro recebedor executando uma rota corner (a rota 7). Outro ponto de destaque é que as rotas dos outros recebedores, normalmente venderão ameaça no fundo do campo, com o intuito de espalhar a defesa e impedir marcação dupla. Sendo assim, o WR tem a obrigação de bater sua marcação individual e conseguir jardas pós a recepção.

Lockett adaptou sua rota corner para o espaço por trás do CB que estava em cover 2 e na frente do safety que cobria aquela metade do campo. Destaque para Wilson, que conseguiu tempo e confiou que Lockett conseguiria se desvencilhar do adversário. Como muitas defesas jogam em C2 quando defendem a redzone, essa é uma excelente arma para bater esse tipo de situação.

Veredito para Schottenheimer

Felizmente, Schottenheimer tem um quarterback de elite, um tal de Russell Wilson, que pode ter sucesso mesmo quando a leitura principal está bem marcada. Estamos presenciando um OC chamando jogadas no melhor momento de sua carreira e um QB voando em perseguição ao prêmio de MVP. Com isso Seattle só tem a ganhar.

 

[/ihc-hide-content]

Go Hawks!

 

30 Replies to “Por que tanto ódio a Schottenheimer?”

  1. […] Wilson vem evoluindo seu trabalho com Schottenheimer, tendo basicamente os jogos contra os Eagles, Ravens e Saints como as partidas abaixo da média. Fora isso ele, tem tido a temporada de MVP (apesar de do prêmio ir para Lamar Jackson, porque a narrativa encaixa mais com o que a NFL quer vender). A grande questão aqui é o backup. Acho que nunca houve uma temporada que ficou tão em destaque como essa, vide Bridgewater, Minshew e Allen. Essa posição sempre foi extremamente negligenciada em Seattle. Depois de Tavaris Jackson, foram testes com UDFAs, ou jogadores que nunca se provaram, como Geno Smith e Austin Davis. […]

  2. […] Raio-X: A eficiência do ataque de Seattle na Redzone – Parte II Por que tanto ódio a Schottenheimer? […]

  3. […] Por que tanto ódio a Schottenheimer? […]

Deixe um comentário