Seattle, 12 de outubro de 2003 — Em uma tarde de outono no noroeste dos Estados Unidos, o então Seahawks Stadium viveu um momento que se tornaria eterno. No intervalo do jogo entre Seattle Seahawks e San Francisco 49ers, 12 torcedores fundadores, detentores de ingressos vitalícios desde 1976, subiram ao alto do estádio e ergueram uma bandeira azul com o número 12.
Nascia ali uma das tradições mais emblemáticas da NFL: a 12 Flag, símbolo do apoio incondicional da torcida de Seattle — os lendários 12s.
📖 O nascimento de um ritual
O número 12 sempre teve significado especial em Seattle. Em 15 de dezembro de 1984, os Seahawks aposentaram oficialmente o número 12 em homenagem à torcida — um gesto inédito à época.
Mas foi só em 2003, sob o comando de Mike Holmgren, que o clube decidiu institucionalizar esse amor em forma de cerimônia.
Antes de cada jogo em casa, um convidado especial sobe ao Fan Deck, no canto sul do estádio (hoje Lumen Field), para hastear a bandeira dos 12s ao som de uma explosão de aplausos. Desde então, o ato de levantar a 12 Flag se tornou uma celebração de união entre o time e sua base mais fiel.
🏟 De torcedores a lendas
O primeiro hasteamento — em 12 de outubro de 2003 — foi protagonizado por 12 torcedores fundadores. Desde então, o privilégio passou a ser dividido entre ídolos da franquia, personalidades locais e heróis comunitários.
Figuras como Steve Largent, Walter Jones, Marshawn Lynch, Macklemore e até o astro da NBA Jamal Crawford já participaram da cerimônia, cada um representando, à sua maneira, o espírito da cidade de Seattle.
A cada novo jogo, o momento em que a 12 Flag sobe é acompanhado por aplausos, gritos e o tradicional rugido coletivo dos torcedores. Para muitos jogadores, é o instante em que o Lumen Field “acorda”.
🔊 O som dos 12s: vantagem em campo e orgulho na cidade
Ser “12” é mais do que torcer — é participar ativamente do jogo. O estádio foi projetado para amplificar o barulho vindo das arquibancadas, e a torcida respondeu à altura.
Em 2013, durante um jogo contra o San Francisco 49ers, os torcedores dos Seahawks registraram 136,6 decibéis, quebrando o recorde mundial de ruído em um evento esportivo. Meses depois, superaram a própria marca com 137,6 dB contra o New Orleans Saints.
O impacto é real: em 2005, o técnico Mike Holmgren dedicou a bola do field goal da vitória sobre os Giants aos torcedores, após o time adversário cometer 11 faltas de false start causadas pelo barulho ensurdecedor do estádio.
⚖️ Do “12th Man” aos “12s”: a evolução da identidade
Durante décadas, o termo “12th Man” (12º homem) foi usado para designar a torcida dos Seahawks. No entanto, por motivos legais — o termo é marca registrada da Texas A&M University — o time de Seattle adotou oficialmente o nome “The 12s” em 2016.
O novo termo, livre de restrições, consolidou a identidade moderna da torcida sem perder o significado original: ser o combustível emocional da franquia.
💙 Um símbolo que transcende o esporte
Hoje, a 12 Flag representa mais do que futebol americano. É um ícone cultural de Seattle — presente em murais, embarcações, eventos e até em prédios do centro da cidade, que exibem a bandeira em janelas e sacadas durante a temporada da NFL.
O próprio Space Needle, cartão-postal da cidade, já foi iluminado de azul em homenagem aos 12s. O gesto reforça o que a bandeira simboliza: orgulho, pertencimento e paixão coletiva.
🕰 Duas décadas de uma tradição eterna
Em 2023, os Seahawks celebraram 20 anos da cerimônia da 12 Flag, reafirmando o elo inquebrável entre franquia e torcedores.
Durante o evento comemorativo, ex-jogadores e torcedores relembraram com emoção o primeiro levantamento de 2003 e refletiram sobre o que a bandeira representa hoje.
“Erguer a 12 Flag é mais do que um gesto. É uma honra. É carregar o peso de uma cidade inteira nas mãos”, disse o ex-linebacker K.J. Wright, durante a cerimônia de aniversário.
🏁 Conclusão
Da arquibancada ao topo do Lumen Field, a 12 Flag é o fio que conecta gerações de torcedores.
Ela simboliza o espírito coletivo que define os Seahawks — a força que vibra, inspira e, literalmente, treme o solo de Seattle.
Porque, no fim das contas, não existe Seahawks sem os 12s.