Analisando a temporada dos calouros de Seattle em 2024

Um ano é muito pouco para definir o futuro dos novatos. Os jogadores ainda estão se adaptando a NFL, ao novo esquema, são muitas mudanças de uma vez só. No entanto, é possível ter uma ideia de como esses novatos podem produzir no segundo ano em diante.

Vamos lá!

Byron Murphy II, DT

Os Seahawks tiveram Tariq Woolen e Devon Witherspoon disputando para o calouro defensivo do ano. Quando os Seahawks escolheram Byron Murphy II, tendo em vista o que Mike Macdonald fez com a DL dos Ravens eu esperava que o ex-Longhorn fosse um dos principais candidatos ao prêmio.

Byron Murphy II é o início da Era Mike Macdonald

Draft Report 2024: Byron Murphy II, iDL, Texas

Se você pensar usando essa expectativa alta, pode soar como decepção. Contudo, Murphy perdeu basicamente 4 jogos devido a lesão logo no começo do jogo contra os Dolphins. Mas, quando ele volta para o time, é parte fundamental da melhora no combate ao jogo corrido. Além disso, ele deixou a esperança de um segundo ano bem melhor no pass rush, em números.

Ele foi o sexto em Defense Grade (58.2) e Rush Defense (54) entre os DTs. Foi o quarto em Pass Rush Grade com (64.5), conseguindo 23 pressões, o terceiro melhor número entre os calouros. Ficou atrás apenas do seu ex-companheiro, T’Vondre Sweat com 23 e de Braden Fiske que teve incríveis 51 (além de 9 sacks).

Draft Report 2024: Braden Fiske, DT, Florida State

Foi o quinto em Run Stops com 17, ficando atrás de Johnny Newton, Jonah Laulu, e de, novamente, T’Vondre Sweat e Braden Fiske. Ele errou apenas 2 tackles, sendo o DT calouro que menos errou atrás de Evan Anderson e Elijah Chatman que não erraram nenhum.

Christian Haynes, OG

Assim como falei na introdução, um ano é muito pouco para dar um veredito para um jogador. Contudo, a situação de Haynes é bem complicada. Ele precisará de uma grande mudança para conseguir algo de diferente na sua carreira. O ex-jogador de UConn foi escolhido pelo seu piso alto e não pelo teto. É um jogador titular de basicamente 6 anos de college. Então, chegaria mais velho e com bastante experiência. Parecia que, com uma OL cheia de problemas, seria apenas uma questão de tempo para ele virar titular.

Christian Haynes é mais um pilar para a OL de Seattle

Draft Report 2024: Christian Haynes, OG, UConn

As coisas não foram bem assim. Anthony Bradford começa o Trainning Camp como titular. Muitos Head Coaches preferem manter os jogadores que já estavam no grupo, por uma questão de “respeito”. Contudo, Bradford se machuca e o que parecia ser a hora perfeita para Haynes assumir a posição e não perder mais, não acontece. Quem se torna o titular é McClendon Curtis. Se você assistiu os jogos de Seattle na preseason, percebe a preocupação pelo fato de Haynes não ser capaz de vencê-lo.

Começa a temporada e Haynes começa a dividir snaps com Bradford. Mesmo Laken Tomlinson e Bradford formando uma das piores duplas de guards da liga, Haynes não consegue a titularidade. Até o momento em que Ryan Grubb diz que Haynes está perdendo snaps por problemas de força e de técnica.

Bradford se lesiona e é colocado na IR. Outra vez, parece o momento perfeito para ele assumir a função de starter, mas não é o que acontece. O time prefere usar Sataoa Laumea, um jogador que esteve inativo o ano todo. Isso traduz bem o que o Coaching Staff pensa dele e, por isso preocupa para seu futuro.

Ele terminou sua temporada de calouro com 167 snaps, 6 pressões cedidas, sendo 5 hurries e 1 sack, além de 2 faltas cometidas. Seu Pass Block Grade foi de 51,9 e o Run Block Grade de 49,8.

Tyrice Knight, LB

Certo dia estava assistindo Arizona contra UTEP, focado nos prospectos dos Wildcats. Contudo, o #10 dos Miners estava chamando atenção aparecendo em todo lugar do campo, uma máquina de tackles. Comecei a acompanhá-lo de perto, então quando ele foi escolhido por Seattle no quarto round, eu tinha mais esperança do que a maioria dos torcedores (se você lê os Draft Reports, também estava nesse bonde).

Tyrice Knight é a escolha mais subestimada do Draft dos Seahawks

Draft Report 2024: Tyrice Knight, LB, UTEP

Já falamos algumas vezes que Seattle errou na montagem do setor de LBs. Desde a saída de Jordyn Brooks até a contratação de Tyrel Dodson e Jerome Baker. Knight dividiu alguns snaps com Baker na semana 2 na vitória contra os Patriots. Baker se lesionou e Knight foi o titular contra Miami e Detroit, dividindo snaps dessa vez com Drake Thomas.

Os Seahawks trocam por Ernest Jones e na semana de bye cortam Dodson. Isso finalmente coloca Knight como um titular de tempo integral e ele correspondeu totalmente. Ele foi parte importante do crescimento do time no jogo corrido, algo em que Baker e Dodson foram péssimos. O novato terminou com 6 tackles perdidos, atrás apenas de Omar Speights dos Rams.

Knight ainda mostrou que o jogo aéreo, que seria sua principal dificuldade, vindo de UTEP, não seria um problema tão grande assim. Ainda vai precisar se adaptar, mas o resultado foi muito mais positivo que o esperado. Cedeu 76% de passes completos, a segunda melhor marca entre os novatos.

Knight também foi peça importante como blitzer/pass rusher. Terminou o ano com 10 pressões (3º), 2 sacks (2º), 2 hits e 6 hurries (2º).

AJ Barner, TE

A escolha de Barner foi interessante. Eu o tinha como prospecto de quinta rodada, então não saiu tão mais cedo do que minha projeção. O curioso é que ele foi escolhido, em tese, pelas suas habilidades como bloqueador. Mas não foi fazendo isso que ele teve um destaque positivo.

AJ Barner pode alcançar o potencial projetado?

Ele foi o quinto e quarto entre os calouros em Pass Block e Run Block grade, respectivamente. Contudo, ele oscilou bastante jogo a jogo, errando de forma incomum alguns bloqueios que ele fazia com maestria em Michigan.  Indo para os números como recebedor, ele recebeu a segunda melhor nota atrás apenas do incrível Brock Bowers. Ele também ficou atrás do novato dos Raiders em TDs, Barner marcou 4 e Bowers 5. A diferença é que Barner fez isso com 37 alvos e 30 recepções e Bowers com 148 e 112 respectivamente.

Barner teve 3 drops, então é mais um ponto para evoluir pensando no ano 2. Se ele conseguir corrigir suas falhas nos bloqueios e manter sua evolução no jogo aéreo, pode se tornar o TE1 antes do que imaginávamos.

Nehemiah Pritchett, CB

Eu me lembro que quando o jogador de Auburn foi selecionado, muitos alegaram ser uma possibilidade de se tornar o steal do Draft. Bem, o seu primeiro ano vai de encontro a essa expectativa. Ele oscilou bastante na preseason, mas conseguiu se manter no elenco.

Nehemiah Pritchett consegue um lugar no elenco?

Ele foi a sexta opção depois de Spoon, Riq Woolen, Tre Brown, Josh Jobe (que começou o ano no pratice squad) e Artie Burns (que passou boa parte do ano no pratice squad). Pritchett jogou 151 snaps, recebendo a pior nota entre TODOS os calouros da classe, além da segunda pior nota em Coverage. Mesmo jogando pouco mais de 151 snaps foi o décimo quarto em tackles perdidos com 6, sendo o segundo em porcentagem de tackles errados.

Seus números não foram piores porque ele jogou poucos snaps. Em 20 alvos cedeu 13 recepções, 205 jardas, 1 TD, nenhuma INT e apenas 1 passe desviado.

Sataoa Laumea, OG

Talvez quando Laumea assumiu a titularidade, devido as circunstâncias explicadas no tópico sobre Haynes, o torcedor mais desavisado poderia nem saber quem ele era. Isso é natural uma vez que Laumea ficou no terceiro e quarto time durante o Trainning Camp. Existia mais possibilidade dele ser cortado antes da temporada regular, do que ele ter um snap no seu primeiro ano.

Sataoa Laumea será mais que apenas um backup?

Laumea ficou inativo até a semana 13 (pós lesão de Bradford). Eu não consigo compreender como alguém que não treinava bem o suficiente para ficar ativo nos jogos poderia ser melhor que Haynes nos treinos. Se isso era verdade, por que Haynes não ficou inativo?

Enfim…

O ex-jogador de Utah assumiu a titularidade e foi responsável pelos melhores momentos que Seattle teve no jogo corrido nesse recorte final (semanas 13 – 17).  Inclusive, nosso OC poderia ter explorado bem mais ter corrido com a bola para o lado direito da OL.

Contudo, na proteção ao passe, Laumea teve muitos problemas. A pior nota entre os calouros foi dele, 17.8, a segunda pior foi 41.9, apenas para comparação. Ele cedeu 23 pressões, das quais 17 foram contra Packers (10) e Vikings (7). Cedeu 2 contra os Jets, 1 contra os Cards, 0 contra os Bears e 3 contra os Rams.

Até o momento a posição de RG está em aberto, e provavelmente a de LG também. Laumea vai precisar mostrar que é capaz de proteger o QB se quiser se manter como titular em 2025.

DJ James, CB

O único da classe de calouros que não conseguiu fazer o roster. Ele também não foi trazido para o time de treinos de Seattle. James conseguiu uma vaga no time de treinos dos Patriots, onde ficou a temporada inteira.

DJ James vai fazer valer a aposta?

Michael Jerrell, OT

Jerrell foi uma aposta vindo da desconhecida Fordham. Um jogador bastante atlético, mas que precisaria de um refino, algo que Seattle não era capaz de oferecer. Abe Lucas não se recuperou para a temporada regular e isso deu a Jerrell a chance de fazer o roster.

Michael Jerrell pode ser um desconhecido que dará certo?

Depois de outras lesões, como a de George Fant e Stone Forsythe, Jerrell virou titular contra os Falcons e Bills. Ele jogou a maioria dos snaps contra os Rams, alguns contra San Francisco e foi titular novamente, dessa vez contra os Rams, após nova lesão de Lucas.

Foram 250 snaps, 15 pressões cedidas, 3 sacks, 2 hits e 10 apressamentos. Ele recebeu a terceira pior nota no Run Block e a segunda pior nota no Pass Block. Contudo, da lista de novatos, ele foi a escolha mais baixa. Você não pode pedir muito mais de uma sexta rodada que jogada na FBS no ano passado. Penso que foi bastante produtivo e caso consigamos um competente treinador de OL e OC, Jerrell pode render bons frutos no futuro.

Classe de UDFA

A classe de UDFAs não teve muito impacto no seu primeiro ano. O atlético Jalen Sundell conseguiu fazer o roster, surpreendendo muita gente. Ele teve alguns snaps como OL adicional e FB, até assumir a titularidade no meio da partida contra os Packers, após lesão de Olu Olu.

George Holani é cara dos RBs de Seattle

Jalen Sundell, a surpresa entre os 53

O único outro UDFA que merece algum destaque é George Holani. Ele foi o destaque da preseason e gerou “revolta” ao não fazer o roster. Talvez a razão disso tenha sido sua incapacidade de ficar saudável, ele inclusive passou pela IR durante a temporada que teve no time de treinos. Holani acabou sendo elevado e finalmente promovido aos 53 no fim da temporada, mas pouco produziu, deixando novamente apenas expectativas.

Final Toughts

Penso que foi um primeiro ano satisfatório. Por mais que o esperassemos um pouco mais de Byron Murphy, a única decepção foi Haynes. O saldo foi bem positivo no dia 3. Laumea e Jerrell fizeram mais do que se pode esperar para picks de sexta rodada. Ademais, Knight virou um titular sólido e Barner foi parte importante do ataque, principalmente na reta final da temporada.

Forever a 12s!

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