Como o trabalho na redzone mudou, de Darrell Bevell para Brian Schottenheimer

Eu sei, a imagem de capa do post dói, mas é para ficar bem gravado na mente, a mudança. Bevell sempre foi criticado por suas escolhas na redzone (últimas 20 jardas do campo), inclusive esse lance do SB.

Sobre isso vamos começar, em minha opinião tentar um passe ali com o cronômetro rodando não foi a pior das opções. Sim, sim, tínhamos Beast Mode, doido para entrar na endzone, mas um passe errado ali poderia parar o relógio e dar mais duas descidas para correr e entrar de vez. Eu discordo frontalmente DESSA jogada, não do conceito de passar a bola. Colocar a bola na mão de Lockette ali, nunca seria a opção correta, Kearse e Baldwin eram alvos bem mais seguros. Ademais essa jogada era “manjada”, existem alguns vídeos do time dos Patriots, se preparando para defender exatamente essa jogada. Um risco demais um passe no meio da confusão, teria sido melhor um passe para linha lateral.

Existem vários números de média de Lynch na redzone e eles não eram bons aquele ano.  E inclusive naquele mesmo jogo, Lynch não conseguiu êxito e o time teve que puntear duas vezes.  Além disso, se ele corre e não consegue, ficaria óbvio uma corrida, sendo assim o passe era inesperado. Então, querendo ou não ele tinha certa razão, mas claro que nunca vai ser perdoado e deixar de ser responsabilizado por esse erro.

Outra grande falha de Bevell era não usar bem suas melhores armas. Isso lhe fez balançar no cargo, algumas temporadas antes de sair de fato. O time gastou muita coisa investindo em Graham e ele simplesmente não usava bem um dos melhores TEs da época.

Justamente no último ano de contrato dos dois, que ele veio utilizar bem o TE.

Ainda assim, ele não conseguia extrair o melhor de um TE. Ele isolava Graham em um lado da linha onde basicamente nenhum CB ia conseguir vencer no confronto físico. Era tipo ficar dando hadouken o tempo todo no Street Fighter. Sem muita criatividade, mas efetivo. Muito pouco para um coordenador que já venceu um SB.

Nas poucas chamadas diferentes do time, ele não conseguia chamar corridas, e pouco aproveitava Baldwin em situações de marcação individual. Essa combinação Wilson -> Baldwin numa marcação individual era fatal.

Doug Baldwin, o recebedor que mudou a arte do route running, vai deixar saudades!

Brian Schottenheimer, usava bem mais o jogo corrido, então para comparação usaremos apenas jogadas aéreas.

Aqui ele usa o TE, fazendo o real papel de TE, e isso porque eles nem tem o mesmo nível de Graham.

O versátil Jacob Hollister pode fazer muito mais do que imaginam

Qual potencial Will Dissly pode atingir?

Esse lance até lembra aquele da vitória sensacional contra os Texans (chamada de Bevell na época).

Também usava bem mais conceitos que Bevell, criando espaços para os nossos WRs. No conceito spacing, temos 3 recebedores no mesmo lado da formação correm rotas Hitch ou Sitck, Flat Spot. Tentando fazer um esticamento horizontal entre os defensores nas zonas Underneath (zona curta atrás dos DLs), esse conceito pode ser efetivo tanto contra as coberturas Cover 2 e Cover 3 quanto contra marcação homem-a-homem. A chave para esse conceito funcionar é o posicionamento entre as rotas Hitch Spot, onde os recebedores tentarão achar espaços entre as zonas e virar para receber o passe do QB.

Conceito smash, muito bem utilizado para trazer de volta Dickson para NFL. O conceito Smash é um dos mais famosos no futebol americano. É um conceito de relativamente fácil leitura para o QB. Ele precisa ler o CB do lado do conceito: se o CB fizer A, ele faz B. Se fizer B, ele faz A. Não tem mistério. Em geral esse conceito é composto por um WR fazendo uma rota curta (hitch, curl, stop) e um slot receiver fazendo uma rota intermediária (em geral corner)

O objetivo é causar um alargamento vertical, ou seja, esticar o espaço entre cornerback e safety, no caso. Mas a chave dessa jogada é o CB. Se o CB comprar a rota curta, libera a rota intermediária às suas costas. Se ele comprar a intermediária ou hesitar, libera a rota curta na sua frente.

Esse padrão de passe é chamado “Cover 2 beater”, ou seja, ele é feito para atacar a fraqueza da Cover 2 (buraco entre a flat e a deep half). Ele também pode ser usado para vencer marcações individuais, dependendo do cushion do CB (distância do CB para a linha de scrimmage) ou da qualidade da rota do slot receiver.

Conceito de RPO aqui, usando bastante criatividade. Run/Pass Option é um conceito derivado da read option, que consiste numa leitura de um jogador (normalmente um defensive end) e partir daí o QB decide se vai entregar a bola ao corredor ou se ficará ele com a bola para executar a corrida. O RPO dá uma opção a mais, o QB faz a leitura de um LB/DB e existe a possibilidade de também fazer o passe.

Perceba que na jogada, no lado em que Vannett está, existem dois DBs, um em tese marcando ele e um marcando Lockett. O DB marcando Lockett o segue mostrando uma marcação individual e o que está a frente de Vanett morde a isca da corrida. Dessa forma, Vannett fica com espaço para fazer a recepção com tranquilidade.

Marcação individual e Baldwin, sendo Baldwin. O cruzamento das rotas, faz a marcação se complicar e deixar o eterno 89 livre. Aqui foi usado conceito Slant-Flat. Isso é feito com o recebedor #1 (primeiro recebedor de uma formação contando a partir da sideline) correndo uma rota Slant e o recebedor #2 correndo uma rota Flat no mesmo lado da formação. Contra marcação homem-a-homem, a combinação funciona bem contra um alinhamento Press porque a rota Flat pode criar um ‘rub‘, atrapalhando a marcação se colocando no caminho do  o CB marcando a rota Slant.

Slant-Flat também é efetivo contra uma cobertura Cover 3 pois tem a mesma leitura para o QB que a combinação Flat-Curl contra o Curl-Flat defender do Cover 3.Se o Curl-Flat defender tentar marcar a rota Slant, o QB lança pra rota Flat. Se ele defender a rota Flat, o QB lança pra rota Slant.

Nas próximas semanas traremos mais análises do playbook de BS. Ele é mais complexo do que imaginam (inclusive eu) olhando os jogos da temporada passada (é o que temos para fazer no período sem NFL) a gente consegue perceber esses conceitos. Inclusive, Lincoln Riley esteve reunido com o time no começo dos preparativos, seria bom pegar algumas jogadas do excelente playbook ofensivo de Oklahoma

O esquema ofensivo e de ataque na redzone de Schottenheimer ainda é estranho para os torcedores dos Seahawks, devido aos anos de trabalho de Bevell. No geral, Schottenheimer está chamando as jogadas com os pontos fortes de sua equipe em mente e ajudando seu passador a superar as dificuldades.

Não é moda elogiar o que muitos fãs do Seahawks parecem ter decidido ser o bode expiatório para qualquer luta ofensiva, mas Schottenheimer merece elogios e muito mais pelo que é um ataque em evolução inteligente.

Go Hakws!

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