A temporada de Olu Oluwatimi parecia fadada a terminar como um backup. Porém, a surpreendente aposentadoria de Connor Williams durante a temporada, deu ao ex-jogador de Michigan a titularidade. Oluwatimi foi sólido, mas não o suficiente para acalmar os corações dos torcedores que basicamente desde a saída de Max Unger, sonham em ter alguma solidez na posição.
Em 2025, Olu começa com status de titular, diferente do ano passado quando disputava vaga com Nick Harris que chegou ao time na FA. Ele não é uma unanimidade entre a base de fãs, mas seria capaz de estabilizar a função de center em Seattle?
📊 Estatísticas e ranking entre os centers
Durante a temporada de 2024, Oluwatimi atuou em 12 jogos pelo Seattle Seahawks, começando como titular nos últimos oito . Entre os centers da NFL (64 jogadores com volume significativo), ele registrou:
- Overall PFF grade: 64.2 — ocupando a 24ª posição
- Pass‑block grade: 54.8 (52º entre os 64)
- Run‑block grade: 65.8 (25º entre os 64)
- Penalidades: 2 (23º entre os 64);
- Permitido 0 sacks e apenas 8 pressões totais (3 hits e 5 apressamentos);
🦶 Pass Sets: tipos utilizados por Oluwatimi
Ao longo da temporada, Oluwatimi alternou entre diferentes tipos de pass sets, dependendo do esquema e da pressão do adversário:
1. Short-Set
Olu Oluwatimi, C, #51
Short set pic.twitter.com/z8x24Bns4w
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) July 2, 2025
Quando usado: contra defensive tackles alinhados em 0-tech ou 1-tech.
Como funciona: Olu avança rapidamente após o snap para iniciar contato quase imediato com o rusher, tentando reduzir o espaço e tempo de reação do adversário.
Efetividade: Funciona bem quando o rusher tenta vencer pelo bull-rush, pois Olu consegue ancorar rápido. Porém, deixa vulnerável a stunts e desvios laterais.
Olu Oluwatimi, C, #51
Short Set Taking Its Toll pic.twitter.com/e2PhibTPSl
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Ele tentou o contato mais rápido e perdeu num spin move. O hit cedido foi na jogada fundamental contra os Vikings e que terminou numa interceptação de Geno Smith.
2. Vertical Set
Quando usado: em situações de 3rd down longos ou contra rushers mais explosivos que atacam gap-A ou gap-B.
Como funciona: Olu recua com dois passos controlados antes de engajar, ganhando tempo para ler blitzes ou movimentos internos.
Efetividade: Permitindo visão de campo, protege bem contra trocas de design, mas exige mais de seu “anchor” — onde ele às vezes perde equilíbrio ao enfrentar rushers de baixa pad level.
3. Jump Set
Quando usado: esporadicamente em RPOs e jogadas de ritmo acelerado.
Como funciona: envolve um avanço imediato com um “punch” direto, tentando quebrar o tempo do rusher com agressividade.
Efetividade: Mostrou flashes nessa técnica — bom contra rushers menos técnicos, mas arriscado contra pass rushers experientes.
⚓ Anchor: base, distribuição de peso e absorção de potência
O “anchor” é a capacidade do OL de absorver a força de um bull-rush sem recuar de forma comprometedora. Oluwatimi mostra boas fundações nessa área, com espaço para refino:
1. Base larga e joelhos flexionados:
Olu tem uma base naturalmente boa: pés afastados na largura do quadril, joelhos dobrados e quadris baixos. Isso cria um centro de gravidade estável.
Essa postura é fundamental para sua capacidade de sustentar o bloqueio após o punch inicial, principalmente contra nose tackles mais fortes.
2. Distribuição de peso e “drop anchor”
Ao sentir o bull-rush, ele imediatamente transfere o peso para os calcanhares, plantando os pés e jogando os quadris para trás. Essa técnica de “drop anchor” é efetiva em jogadas de short set.
Sua maior vulnerabilidade está em situações de vertical set, onde recua demais antes de ancorar e às vezes é empurrado 1 a 2 jardas para dentro do pocket antes de estabilizar.
3. Recuperação pós-contato:
Olu Oluwatimi, C, #51
Good anchor pic.twitter.com/4ftmXJs0ql
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Olu se mostra resiliente mesmo quando perde o controle inicial: seu equilíbrio e força de core permitem recuperar a ancoragem após o impacto, contanto que não perca o contato de mãos. Isso se traduziu, em 2024, em zero sacks permitidos, mesmo com algumas pressões geradas em plays longas.
✋ Posicionamento de Mãos: controle, precisão e impacto
Oluwatimi apresenta uma abordagem tradicional no uso das mãos, com foco em controle de peito e estabilização pós-contato. Seu estilo segue os princípios de técnica que priorizam:
1. Mãos internas, cotovelos justos:
Olu busca acertar o “peito do adversário” com as palmas voltadas para dentro, o que lhe permite maximizar alavancagem e manter a legalidade do contato.
Em jogadas em que ele vence a disputa de mão logo após o snap, seu bloqueio se sustenta com consistência por 3+ segundos — tempo valioso para o QB no pocket.
2. Punch com torque:
Olu Oluwatimi, C, #51
Redirecting the DL pic.twitter.com/QrsAAmQemK
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Seu punch inicial não é explosivo, mas é técnico. Ele usa mais precisão do que violência, o que o ajuda contra rushers que tentam ganhar na força bruta.
Porém, em situações de velocidade (speed-to-power), Olu às vezes entrega as mãos cedo demais, o que permite que defensores usem swipes, clubs ou arm-overs para neutralizar seu controle.
Olu Oluwatimi, C, #51
Missing block due late hands pic.twitter.com/THAeOkjgJT
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Porém, se ele perde o timing desse contato inicial, ele não tem capacidade atlética para se recuperar.
3. Reposicionamento de mãos (“re-fit”)
Olu Oluwatimi, C, #51
Recovery pic.twitter.com/TWGFRcey12
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Quando perde no primeiro contato, Olu tem mostrado capacidade de reposicionar as mãos — especialmente no jogo corrido, quando reencaixa para selar o defensor.
Olu Oluwatimi, C, #51
Repositioning your hands to maintain anchoring pic.twitter.com/LPQq0rFn62
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Ele faz o contato muito do lado de fora e permite que o DL chegue no seu frame. Olu corrige isso e reposiciona as mãos por dentro para controlar o snap.
🧠 Cérebro na Linha: O Processing e o Football IQ de Oluwatimi
Um dos pilares do jogo de um center na NFL é a capacidade mental — e Olu Oluwatimi tem se destacado de maneira promissora nesse aspecto em 2024.
Olu Oluwatimi, C, #51
Adjusting the RG in real time pic.twitter.com/vtuK0ImiXi
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É sempre bom lembrar que ele tem muitos snaps no college, jogando por Air Force, Virginia e Michigan. Nesse lance, Christian Haynes não percebe o stunt vindo dos blitzers e deixaria o gap aberto facilmente e o RB teria dois para bloquear na jogada. Olu, além de fazer sua parte, redireciona e ajusta o RG para manter a integridade do pocket.
🔄 Reconhecimento de fronts e blitzes
Olu Oluwatimi, C, #51
Adjusting OL before the snap, processing the defender dropping and looking for work. pic.twitter.com/ZlgSZdr5qS
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Olu demonstrou boa leitura pré-snap ao identificar disfarces de blitz e ajustar chamadas de proteção, um papel crucial para a posição. Em formações com over fronts ou linhas híbridas (ex: 5-man fronts com edge recuando), ele foi capaz de redirecionar o slide da OL e organizar a proteção com rapidez.
Olu Oluwatimi, C, #51
Ready for the stunt pic.twitter.com/PHEkqq6MSU
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Contra equipes como Rams e 49ers, que abusam de sim pressures e trocas tardias, Olu reagiu bem na maioria das vezes, inclusive realocando o guard com point calls ajustadas.
🎓 Velocidade de processamento pós-snap
Após o snap, sua capacidade de identificar stunts internos, twists e DLs trocando gaps foi razoavelmente eficiente, ainda que não perfeita:
Em jogadas de looping stunt, mostrou visão lateral para acompanhar o segundo rusher, mesmo que nem sempre tenha conseguido bloquear com sucesso.
Em protections com RB auxiliando no blitz pickup, Olu coordenou bem as responsabilidades, permitindo que o quarterback mantivesse um pocket limpo em terceiras descidas cruciais.
🏃Capacidade Atlética
Olu Oluwatimi, C, #51
Lack of explosion on reach block pic.twitter.com/Lq6zPNCeDT
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O reach bloqueio é chave para o esquema de zona e extremamente difícil de executar. O OL precisa chegar no ombro externo do DL e isso requer explosão na saída do snap. Falta isso a Olu aqui.
Olu Oluwatimi, C, #51
Puller pic.twitter.com/DNi4wAFK8d
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Apesar de não ser sua maior qualidade, ele ainda pode executar bons bloqueios no segundo nível.
Olu Oluwatimi, C, #51
Climbing to next level pic.twitter.com/NfIRA6Q2h5
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Nenhum bloqueio executado, mas excelente ocupando o espaço e tentando ajudar downfield.
🧱 Run game
Engajamento e força inicial (initial punch): seu run-blocking é seu ponto forte, com boa explosão nos primeiros 2–3 passos; esse punch inicial abriu espaço para o RB ganhar vantagem.
Olu Oluwatimi, C, #51
Awesome double-team pic.twitter.com/FU7MaiZgcc
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Movimento pós-engajamento: eficaz em double-teams e com movimentos laterais discretos ao “pull”; cria vantagem em jogadas internas.
Olu Oluwatimi, C, #51
Key block for this FB dive pic.twitter.com/YPiURTDkRB
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Algo que faltou para a OL de Seattle (há um bom tempo) é a imposição física. Aqui, numa situação de quarta descida, Olu não move o defensor várias jardas, mas, consegue ser efetivo criando o espaço necessário para Zach Charbonnet conseguir converter.
🔭 Projeção para 2025
Oluwatimi tem boa vantagem entre os nomes no elenco de Seattle. O time teve chances de trazer nomes mais impactantes na FA e no Draft, e não o fez. Isso implicaria em duas visões, ou um “descaso” com a função, ou uma confiança em Olu.
Jalen Sundell teve alguns snaps como titular, graças a seu grande potencial atlético. Ainda se cogita a possível transição de Christian Haynes para a função de center. Confesso que pelo que foi reportado, essa “transição” parece ter sido bem tímida. Mais como um salvaguarda do que realmente um projeto para o futuro.
✍️ Conclusão
A não ser que Seattle traga algum veterano via FA ou troca, acredito que a vaga seja de Olu. Sundell oferece uma capacidade atlética que Olu não tem, mas a ex-escolha de quinta rodada traz para o time muita experiência como center, que resulta num excelente football IQ, processamento de blitzes e stunts e acho que esse deve ser o diferencial para ele conquistar a vaga. Ademais, Olu teve um bom salto de desempenho no jogo corrido da temporada de novato para seu segundo ano, mesmo sem ser um grande atleta.
Forever a 12s!