O retorno sólido de Abe Lucas a linha ofensiva dos Seahawks

A temporada de 2024 marcou o retorno de Abe Lucas à rotação titular mais frequente da linha ofensiva dos Seahawks após um 2023 prejudicado por lesões. Atuando como right tackle, Lucas se destacou por sua combinação de técnica sólida, agressividade controlada e boa consciência espacial, sendo peça fundamental para o desempenho do ataque terrestre e para a proteção do quarterback.

Seu potencial é incontestável, o problema é que ele chega ao seu último ano de contrato com lesões em todos os três primeiros anos. Ele mostrou muito esforço durante a offseason, treinando muito para voltar bem em 2025. Será o suficiente? Quanto custará sua renovação?

📊 Estatísticas de 2024

Na temporada de 2024, Lucas retornou de lesão para participar de 7 jogos, com 406 snaps, depois de jogar 273 em 2023 e 975 em 2022. Seu desempenho avaliado pelo PFF, para OTs com pelo menos 100 snaps (104 OTs qualificados), foi:

  • Overall Grade: 61.9 (65º entre 104 tackles);
  • Pass Block Grade: 65.7 (59º/104);
  • Run Block Grade: 62.8 (58º/104);
  • 4 sacks (31º pior);
  • 2 hits (59º pior);
  • 18 pressões totais (52º);
  • 6 penalidades (48º pior);

🏃Bloqueio no Jogo Corrido: potência e mobilidade lateral

 

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Um bloqueio muito bom e técnico. Ele não bloqueia um edge, mas sim um DT. Então, a ideia não é mover esse cara muitas jardas para trás, mas, criar o ângulo para a corrida do RB. Lucas faz isso de forma excelente, percebam como usa as mãos por dentro e de cima para baixo, ganhando a batalha do leverage e controlando o adversário.

 

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Essa é uma Dart Run. Trata-se de uma corrida de esquema de gap que funciona de forma semelhante a Power, exceto que é o tackle que faz o pull ao invés do guard. Lucas tem mobilidade para chegar no LB (uma vez que seu primeiro alvo na DL já foi neutralizado) e ainda toma um excelente ângulo para criar o gap para seu RB.

 

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É um OT extremamente atlético e com boa saída do snap. Ademais processa rápido a jogada. Ele ajuda a empurrar o defensor para o TE e já tem os olhos no LB. Lucas o bloqueia e cria o gap para o RB.

 

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Raramente perde um bloqueio no segundo nível por falta de capacidade atlética. Aqui ele faz o pull, processa bem a jogada, atrasa o DT e mantém uma mão livre para impedir alguma investida do LB (#7).

 

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Com certeza esse foi um dos pontos que mais me surpreendeu em Lucas. Ele veio de WSU, onde poucas corridas eram chamadas. Um esquema similar ao que Charles Cross jogou (ambos com influência do lendário Mike Leach) em Mississippi St. Porém, Lucas, diferente de Cross, mostrou que poderia ser dominante no run game. Ele começa o double-team com Sataoa Laumea no DT e tem força para empurrá-lo várias jardas para trás, sem perder o controle.

 

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Ele é mais que capaz de executar reach blocks, que requerem explosão e mobilidade. São fundamentais no esquema de Wide Zone que deve ser implementado por Klint Kubiak e John Benton.

🔒 Pass Protection

 

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Normalmente vemos como ângulo mais aberto o wide-9 para o posicionamento do edge. Percebam aqui que Leonard Floyd está alinha para além do wide-9 (que seria no ombro externo de AJ Barner). Isso requer um recuo diferente de Lucas, que se adapta depois do primeiro kick-slide e tem velocidade para impedir a investida do EDGE.

 

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Normalmente, os OTs usam três tipos de pass set: Vertical, Jump and 45-degree. Lucas começa a jogada no movimento de um 45-degree, isso muda o plano do pass rusher que vem atacar com força. Então, Lucas muda para um jump set indo para cima do defensor e fazendo ele perder o timing. Snap extremamente técnico.

 

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Excelente trabalho de pés para se manter a frente de um dos EDGEs mais atléticos e explosivos da liga. Simplesmente não entra em pânico e se mantém paciente.

 

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Outro snap contra Bosa, outro snap de paciência e calma. Percebam que no começo do snap Bosa levanta a mão, com o intuito de forçar um movimento de Lucas. O OT não cai na armadilha, continua esperando e apesar do bom power move, ele consegue estabelecer a ancoragem.

✋ Posicionamento de mãos: firmeza, técnica e controle

 

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O posicionamento das mãos de Abraham Lucas é um dos aspectos mais refinados de seu jogo, especialmente em proteção ao passe. Veja como ele trabalha:

1. Mãos sempre internas e alinhadas ao peitoral

 

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Lucas é extremamente técnico ao manter as mãos dentro do pad do defensor, próximo ao esterno. Isso evita penalidades e garante maior controle da alavancagem. No lance acima ele tira totalmente o timing da tentativa de euro-step de Leonard Floyd. O contato é forte, agressivo, mas não descontrolado.

2. Técnica de “independent hands”

 

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Lucas é adepto da técnica moderna de usar as mãos de forma separada — um braço para medir distância (normalmente o externo) e manter o edge em cheque, o outro para o punch e controle. Isso reduz a vulnerabilidade a contramovimentos como o swipe e o spin. Essa abordagem ajuda especialmente contra rushers com moves rápidos (como rip ou club), já que ele consegue “atacar e reagir” em duas fases distintas do bloqueio.

3. 🌀 Vulnerável a bull rush + long arm moves

 

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Contra rushers com braços longos e long-arm technique, Lucas por vezes começa o pass set com os quadris um pouco altos demais, o que prejudica sua capacidade de ancorar com explosão. Alguns sacks e pressões permitem observar vulnerabilidade em ancoragem contra bull-rushes mais pesados.

4. 🕐 Timing inconsistente no punch

 

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Seu punch nem sempre é sincronizado com o momento em que o rusher entra em seu raio de ação. Quando dá o golpe muito cedo, o adversário pode desviar com swipe ou club move. Quando dá tarde, não consegue frear o ímpeto, como foi nesse caso. Depois de perder o primeiro contato e joga em desvantagem, forçando reposição de mãos e, às vezes, gerando pressão imediata.

🧱 Anchor: base, absorção de força e recuperação

A “âncora” (anchor) de um offensive tackle é a capacidade de absorver bull-rush e manter o pocket estável. Lucas demonstrou boa evolução nesse fundamento:

1. Base atlética e estável

Lucas combina pés rápidos com pernas fortes, gerando uma base ampla e equilibrada. Ele raramente se desequilibra após o punch, o que o torna difícil de mover em linha reta.

2. Centro de gravidade e torque no quadril

Para ancorar, Lucas joga o quadril para trás, flexiona os joelhos e transfere o peso para os calcanhares — uma técnica essencial para parar rushers potentes.

Essa ação é particularmente eficaz quando ele está em vertical set, pois cria tempo e espaço para absorver o impacto e reestabilizar o corpo.

3. Trabalho de pés na âncora

Lucas não apenas “trava” os pés — ele faz pequenos ajustes laterais para manter o posicionamento ideal durante o contato. Isso o ajuda a redirecionar rushers sem abrir o corpo.

É visível como ele evita “escorregar” ou cruzar os pés, algo comum em OLs menos experientes.

✍️Projeção para extensão em 2025

Eis alguns valores de RT para ter como base:

  • Austin Jackson, Miami: 12M por ano;
  • Mike McGlinchey, Broncos,  17.5M por ano;

Duvido muito que ele aceite algo menor do que os 12M e nem que consiga algo acima dos 18M, mesmo num mercado inflacionado de linha ofensiva. Talvez a maior questão seja no valor garantido, devido as suas repetidas lesões. É bom notar que Bernhard Raimann também estará elegível para renovação. Isso pode ditar o valor de Lucas, principalmente porque é bem provável que Seattle vá esperar mais do que os Colts para tomar uma decisão a respeito.

✅Conclusão: RT de confiança e potencial para elite

Abraham Lucas mostrou em 2024 um retorno sólido e técnico após lesão — com fundamentos refinados em pass protection, mobilidade no run game e inteligência situacional. Abe Lucas talvez não tenha o mesmo apelo midiático de outros tackles da liga, mas seu desempenho técnico em 2024 o coloca potencialmente entre os melhores right tackles da NFL. Ao aprimorar ancoragem e pad level no jogo terrestre, e se permanecer saudável (o ponto mais importante), estará bem posicionado para uma renovação de destaque em 2025, comparável a outros RTs valorizados da liga.

Com isso, Lucas pode se firmar como pilar da OL dos Seahawks e solicitar o contrato merecido para sustentar seu impacto por muitos anos.

Forever a 12s!

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