Fim de temporada, sem mais. Foi uma tarde difícil de se digerir. Uma eliminação em playoffs sempre é dolorida, mas o fato de ser contra o maior rival, sendo um sacode histórico, piora muito a situação. Afinal o jogo na realidade foi 41×17 sendo os seis pontos a mais a nosso favor parte do garbage time. Revendo a partida para escrever a coluna que cada um dos quartos foi diferente entre sim e bem representativos, cada a um a sua maneira. Vamos analisa-los nesse Raio-X.
1º Quarto: A Raiva.
Não tem uma jogada boa aqui. Irvin não fecha o EDGE, Woolen defende o mesmo gap que Irvin, Neal tá machucado e não consegue chegar para o tackle e Diggs está fazendo o que fez o ano todo.
Nada. pic.twitter.com/T1u8hC8j1s
— Rapinas do Mar (Cortes) (@cortesrapinas) January 15, 2023
Não existiu nada novo sobre o sol. Tudo começou exatamente como nós esperávamos, o ataque adversário brilhantemente desenhado por Kyle Shanahan, é preciso reconhecer, dissecou por completo as muitas fraquezas do nosso ataque, em especial os Linebackers, grupo que já era fraco anteriormente, com o desfalque de Jordyn Brooks foi apenas a gota que faltava para os adversários usassem isso contra nós. Como explorar isso melhor no Jogo aéreo? Rotas no meio do campo, rotas que “quebrem” isto, é sejam direcionadas para o centro, e principalmente, uma deficiência que já havia sido apontada anteriormente aqui mesmo nessa coluna, as rotas cruzadas.
O plano ofensivo do rival explorou novamente a mesma jogada, eu já perdi a quantidade de vezes que tomamos um caminhão de jardas no mesmo tipo de jogada e se eu, um mero torcedor aqui no Brasil, percebeu isso, imagina-se que um técnico experiente como Pete Carroll também tenha percebido, e se considerarmos isso, percebemos bastante a incompetência do nosso treinador principal.
Já ataque não conseguiu avançar mais que oito jardas. Geno Smith segurando a bola demais, a linha ofensiva foi porosa. Não há nada para aproveitar, estava tudo ruim. Ruim de dar raiva.
2º Quarto: A Barganha.
Blitz, man coverage é TD automático no Madden pic.twitter.com/bCr1B79878
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Essa é a fase da derrota quando se procura um milagre. Algum fenômeno divino que nos vai salvar da gigantesca humilhação e por mais maluco que parece tudo isso aconteceu. Após tomar o Touchdown que deixou o placar em 10×00, observamos uma verdadeira MasterClass de Shane Waldron. Chamadas rápidas para rotas curtas, bons bloqueios da linha ofensiva levaram a um jogo terrestre muito mais fluido e incisivo, para se ter noção, Kenneth Walker teve a segunda melhor marca do ano em jardas corridas contra a defesa de San Francisco com 63, a maioria delas, adquiridas na campanha que resultou no nosso primeiro TD. O calouro ficou apenas atrás de Josh Jacobs que teve 68 na semana 17.
Com a defesa fazendo o mínimo que se espera e lembrando a saudosa época do “Bend but don’t break”, (Expressão utiliza para designar uma defesa que cede campo ao oponente, porém não permite touchdowns e força Field Goals.) conseguimos voltar pro jogo com força total, pelo menos era o que nós pobres iludidos achávamos.
A cereja no bolo desse quarto se deu nas campanhas seguintes. DK Metcalf queimou lindamente o adversário e usou a velocidade para virar o jogo. Vou dizer algo forte aqui: Nesse momento quem não achou que o Seattle Seahawks iria ganhar o jogo é maluco! Vou adivinhar os pensamentos que voaram a cabeça de todos:
Clássico é clássico;
Não tem jogo certo na NFL;
Nunca se pode descartar o Seahawks do jogo.
Eu sei, eu também pensei assim, e não vamos negar, foi um momento maravilhoso.
Tudo melhorou ainda mais quando aconteceu aquela falta totalmente burra a nosso favor e Jason Myers teve a chance e converteu o chute a nosso favor. 17×16 no intervalo. Tudo estava dando certo. Foram os melhores 13 minutos da minha vida.
3º Quarto: A Depressão.
Geno entregando a bola na redzone pela décima vez na temporada. pic.twitter.com/yuXVh47IWa
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Foi um tempo de intervalo muito esperançoso, obvio, estávamos vencendo…
Começa o segundo tempo de jogo!
Com o oponente começando com a bola, o vimos avançar aos pouco no campo, avançando e avançando, avançando um pouco mais até que…. Touchdown, sete pontos a mais no placar e ficamos em desvantagem mais uma vez. Natural, a defesa não ia conseguir segurar o jogo inteiro, bastava só Geno Smith liderar o ataque para a pontuação máxima mais uma vez, assim como tinha feito duas vezes no tempo anterior.
Pois bem, tudo estava perfeito, múltiplas conversões de terceira descida, passes intermediários achando espaços entre as zonas, uma linda recepção de DK segurando a bola enquanto ela pipocava, era tudo um flashback do quarto anterior, não havia nada a temer.
Bom, nós acertamos, foi realmente um flashback, mas foi uma lembrança do pesadelo. Quando Geno Smith sofre o fumble na redzone com o jogo 23×17, e ele é recuperado pelo time rival…..
Ah… Aquela semana dez contra o Tampa Bay Buccaneers, foi exatamente igual ao jogo na Alemanha. A partir da daquele momento nos veio aquela tristeza, o sentimento que significa o fim da esperança, o fim da nossa história de cinderela, o fim da nossa curta jornada nos playoffs da NFL em 2023.
4º Quarto: A Aceitação.
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Não existem mais palavras a serem ditas, tudo acabou. Doeu de ver o período derradeiro, desenrolou-se um grande atropelo, que nem merece ser descrito detalhadamente aqui. Com o momentum todo a seu favor os 49s aproveitaram, e como se diz no futebol da bola redonda: Mataram o jogo.
Esse é aquele momento é desligar a televisão, nunca mais entrar nas redes sociais, e só responder os amigos que torcem para outros times no dia seguinte, mas tudo isso faz parte do esporte, e em parte é a razão dele ser tão bom. Uma dia você aplica o chocolate, no outro estão te dando um banho de Kit Kat, ou qualquer chocolate da sua preferência.
Pra falar a verdade foi uma temporada muito divertida, não me empolgo com os Seahawks assim há anos, principalmente pelo fato que não tínhamos a menor responsabilidade de ser competitivos, muito menos de ir os playoffs como acabou acontecendo. Geno renasceu para a liga, mesmo não sendo perfeito.
DK e Tyler Lockett mais uma vez foram fantásticos, vimos o florescer da nossa maravilhosa classe de calouros com Tariq, Walker, Cross, Lucas, Mafe, etc. Guardo no coração essa temporada como a de 2018, quando também perdermos no Wild Card.
Foi incrível poder estar escrevendo está coluna com todos vocês, vem muito mais por aí, o nosso futuro é brilhante!
Se algum momento se sentir triste ou estiver com um gosto amargo na boca por causa da derrota, lembre-se, Seattle venceu o Denver Broncos de Russell Wilson na semana 1 por 17×16. Isso sempre me faz abrir um sorriso.
Let’s Ride!
[…] Raio-X: As fases da derrota. […]