Raio-X: Os problemas de terceira de descida do ataque de Seattle

Mesmo com a implosão da Legion Of Boom, algo permanecia como marca do time, o trabalho de Wilson. Esse ano mesmo antes da lesão o ataque não empolgou muito, se você retirar do recorte o jogo contra os Colts na semana 1. O time está entre os 12 piores ataques da NFL, e isso acontece muito pelo fato do time não conseguir converter terceiras descidas, e com isso não se manter em campo.

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Já falamos que ainda há esperança matemática de se classificar, mas isso se passa por acertar esse ponto para o ataque aparecer. A gente viu a defesa ter certa evolução durante o ano, mas existe bem mais talento no ataque, do que na defesa. O setor defensivo chegou ao seu teto, o ataque mal atingiu seu piso.

Para a temporada, Seattle ocupa o 30º lugar na liga em terceiro downs na porcentagem de conversão, movendo as correntes em apenas 32,4% de suas oportunidades. Apenas Detroit e Jacksonville, que ganharam dois jogos combinados, foram piores, o que não é um grande referencial.

Vamos aos fatores!

O problema da terceira descida começa na primeira e na segunda…

Seattle é uma das equipes que enfrenta as terceiras descidas mais longas. Mais de 60% das terceiras descidas fora para 7 jardas ou mais, colocando uma pressão no ataque. As coisas eram melhores na era Brian Schottenheimer, mas se colocar em terceiras longas é um problema há um tempo no time. Em 2020, 53% das terceiras descidas foram longas e em 2019, 58%.

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Qual o grande problema de terceiras longas? Você fica previsível. Normalmente você não vai correr nessas situações (se você quiser converter), deixando a defesa preparada para o passe. Isso acaba colocando mais peso na OL que não tem sido confiável, e depois de alguns anos com certa melhora, vem para seu pior desempenho nos últimos tempos, mas isso falaremos mais a frente.

Enfrentando de quatro a seis jardas para converter as coisas também não são tão boas. Os Seahawks tem uma taxa de conversão tenebrosa de pouco mais de 20% com Wilson como QB.  Comparativamente, Seattle converteu terceiros downs com quatro a seis jardas para ganhar 47% das vezes em 2020, 42,2% em 2019 e 48,1% em 2018, o que significa que todas as três temporadas com Brian Schottenheimer como OC, o time foi pelo menos 20% melhor do que tem sido esse ano.

Erros de execução

Isso aqui diz muito sobre o ano de Seattle. Estamos com problemas no ataque e na defesa, mas também tem uma pitada de fase ruim pesada complicando nossa vida. Como se resolve isso? Trabalho e treino. Os jogadores não parecem ter capacidade para superar essa adversidade e tem errado coisas simples.

Russell Wilson estava pronto para voltar?

Tomando como exemplo só o jogo (mais uma derrota) contra os Cardinals, vamos para alguns lances que causaram problemas na terceira descida. Will Dissly não é o TE mais atlético da liga, mas sempre foi um recebedor confiável quando foi alvo. Na carreira, ele tem 4 drops, dos quais 2 vieram nesse jogo.

DeeJay Dallas recebeu um passe nesse mesmo num screen bem desenhado e quase com certeza chegaria bem próximo a linha de primeira descida, no mínimo, uma vez que os bloqueios foram bons. Porém o RB que tinha o jogo aéreo uma de suas forças na college, acabou dropando.

E por falar em screens, eu não me lembro de um time executando tão mal a jogada em muito tempo. Seattle com Wilson nunca foi conhecido por ter grandes resultados nesse tipo de jogada, mas nos anos com Schotty, principalmente em 2020, chamou com mais frequência e teve melhores resultados. O time traz Waldron que vem dos Rams que executa muito bem o conceito e piora absurdamente nisso.

Nesse ponto, por mais que tenha citado, eu eximo um pouco da culpa do OC. Muitos screens de Seattle dado errado porque a linha ofensiva não parece saber o que fazer e tem chegado atrasado nos bloqueios. Interessante é que outros jogadores envolvidos no bloqueio, como WR e TE nessas jogadas tem feito um trabalho bem melhor do que os OL.

Terceira longa com essa OL, é suicídio

Interessante que falamos da OL nos dois pontos anteriores. Não é para menos, foi o argumento que Wilson levantou quando pediu para para ser trocado. Nenhum QB foi sacado mais nas últimas 10 temporadas, já que os defensores adversários o atingiram 167 vezes na terceira descida. Isso é 15 a mais do que o quarterback do Falcons Matt Ryan, que está a um distante segundo lugar atrás dele.

Raio-X: Os problemas da linha ofensiva de Seattle

Este ano, mesmo com três jogos perdidos devido a lesão, Wilson já foi sacado 20 vezes, empatando em sétimo lugar na NFL. Mais da metade desses sacks foram em terceiras descidas (8 foram em terceiras descidas para mais de sete jardas), porque ele precisa de tempo para as rotas se desenvolverem mas a Ol foi incapaz de fornecer isso a seu QB. Wilson foi sacado pelo menos 3 vezes por jogo, com exceção do jogo contra os Rams, que ele saiu no meio e contra os Vikings, em que foi duas vezes.

O nome da nossa OL é Duane Brown. Era nossa confiança, vinha de uma temporada incrível, mas isso só durou até a semana 2. Brown já cedeu 7 sacks, o segundo tackle da liga que mais cedeu atrás apenas de Liam Eichenberg, e na sua carreira ele só foi pior nos dois primeiros anos de sua carreira, 2008 e 2009 com 11 e 7 sacks respectivamente.

Quando seu melhor jogador tem um desempenho assim, é sinal que as coisas não estão boas. Temos momentos bons dos jogadores da linha, mas nenhum dos cinco (ou seis se você contar o Fuller) passa confiança hoje de você pensar que vai dominar no snap. E isso tanto para o jogo aéreo, mas também para o jogo corrido.

Wilson não tem números de Wilson em 2021

De todos os QBs com pelo menos 30 tentativas de passe em situações de terceira descida, Wilson está em último lugar com uma taxa de conclusão  de passe de 35,1%, quase 10% atrás do próximo mais baixo, que é o novato dos Jaguars, Trevor Lawrence, completando 44%. Ele está classificado em 30º em jardas por tentativa (5,9), 35º em conversões de terceiras descidas (10) e 29º em rating (62,7).

E os números dele eram ainda piores. Ele ainda ficou em último lugar entre os QBs, com pelo menos 20 tentativas de passe em situações de terceira descida com uma taxa de conclusão de 34,8%, e se não fosse por um touchdown de 68 jardas para Freddie Swain contra a cobertura perdida na Semana 2 contra os Titans, seus números de jardas seriam ainda pior.

Isso não é um pedido de saída ou troca de Russell Wilson, apenas trazendo que esse ano tem sido tão atípico para Seattle que até o melhor jogador da história da franquia está tão mal assim. Inclua uma queda de desempenho dele, insistência em jogadas mais longas, mesmo quando o desenho da jogada lhe dá passe mais curtos, linha ofensiva e um coordenador ofensivo no seu primeiro ano no meio de toda essa tempestade.

As decisões de Wilson não tem sido as melhores…

Poucas equipes têm uma dupla de recebedores melhores do que DK Metcalf e Tyler Lockett, que tiveram mais 1.000 jardas em 2020. Mas por alguma razão, Wilson e os Seahawks não tem conseguido colocar a bola nas mãos dos seus melhores jogadores. Em momentos decisivos, você nem pensa, se tiver de arriscar que seja para esses caras.

Este foi especialmente o caso do Lockett, que só foi alvo três vezes por Wilson em 37 tentativas de passe, com sua única recepção sendo uma recepção de touchdown de 23 jardas contra os Colts na abertura da temporada. Embora Metcalf tenha quatro vezes mais alvos, ele pegou apenas três desses passes para 63 jardas, duas primeiras descidas e nenhum touchdown.

Para colocar ainda mais esses números em perspectiva, Wilson procurou Swain nove vezes, mais do que Lockett e o tight end Gerald Everett JUNTOS. O resultado não tem sido bom, já que ele tem 87 jardas e 68 vieram do TD já falado sobre os Titans. Tirando essa jogada, ele pegou apenas dois de oito alvos para 19 jardas.

Uma jogada que resume bem isso também foi quando numa terceira descida ele moveu Swain de um lado para o outro da formação deixando um lado com Swain e Hart e do outro Everett e Lockett. Wilson não olhou em nenhum momento par ao lado com os jogadores mais experientes. Tentou um passe rápido para Hart e quase foi interceptado porque a defesa disfarçou bem a cobertura saindo de uma cover 3 antes do snap para uma cover 2. O QB não processou isso e ainda arriscou a bola num WR não confiável, que só recebeu um passe de Wilson no ano para 21 jardas em dois passes dos 9 alvos que teve (as outras 17 que ele tem no ano vieram de passes de Geno Smith).

Há uma série de fatores em jogo quando se trata dessa distribuição longe da ideal e da falta de toques gerais para Metcalf, Lockett e Everett. A falta de precisão de Wilson teve um papel importante, principalmente devido à sua baixa taxa de acerto, com de 25% para Metcalf, rotas que demoram para ser desenvolvidas e que normalmente são corridas pelo ex-jogador de Ole Miss.

Esse texto foi baseado e adaptado de:

https://www.si.com/nfl/seahawks/gm-report/analysis-whats-behind-seahawks-chronic-third-down-troubles

Go Hawks!

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