Essa com certeza foi a escolha que mais causou estranheza em todo o Draft. Robbie Ouzts era um jogador projetado para ser UDFA, não foi um grande testador no Combine, diferente da maioria das escolhas. Mesmo sendo uma escolha bem no final da quinta rodada, ainda foi cedo para um projeto de FB.
Quem é Robbie Ouzts?
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Ouzts é de Rock Hill e cresceu tendo como seu jogador favorito, Brad Hoover, FB dos Panthers. Inclusive, foi por conta dele que escolheu o número 45 durante seu tempo em Alabama. Jogou no High School como híbrido de FB e TE e jogou nesse mesmo papel quando escolheu ir para Alabama como um prospecto de 3 estrelas.
Histórico dos Seahawks com Fullbacks
Os Seahawks têm excelentes fullbacks na sua história. John L. Williams (1986 – 1993) foi o primeiro deles, ajudando a abrir os caminhos para Curt Warner e conseguindo dois Pro Bowls pelos Seahawks. ajudou a bloquear Curt Warner no final da década de 1980 e, em seguida, conquistou dois Pro Bowls pelos Seahawks em 1990 e 1991 antes de terminar sua carreira pelos Steelers. Durante seus dez anos de NFL, Williams jogou em 149 jogos da temporada regular, foi titular em 135 deles e teve 1.245 corridas para 5.005 jardas e dezoito touchdowns corridos, e 546 recepções para 4.656 jardas e dezenove touchdowns recebidos.
Depois de Williams, veio Mack Strong (1993-2007) um UDFA vindo de Georgia (um dos meus jogadores favoritos do time quando jogava o Madden 07). Ele jogou nada menos que quatorze anos na NFL, todos com Seattle abrindo espaço para RBs icônicos como Chris Warren, Ricky Waters e Shaun Alexander. Strong foi ao Pro Bowl em 2005 e 2006, além de All-Pro First Team em 2005, ano em que Shaun Alexander venceu o prêmio de MVP. Strong foi cinco vezes (2001, 2002, 2004, 2005, 2006) vencedor do prêmio Steve Largent (é dado anualmente pelo Seattle Seahawks ao jogador da equipe que melhor exemplificam o espírito, a dedicação e a integridade), o maior número de vezes que um Seahawk ganhou a homenagem. Terminou sua carreira com 1,456 jardas recebidas para 10 TDs e 909 jardas corridas com 5 TDs terrestres. Ademais, ele detinha o recorde de corrida mais longa na história dos Seahawks em playoffs, 32 jardas contra os Redskins no Divisional Round de 2005. Posteriormente esse record foi batido, também contra os Saints pelo Beastquake de 67 jardas de Marshawn Lynch. Devido a uma hérnia de disco na vértebra do pescoço Strong teve que se aposentar.
Nos anos seguintes a posição foi ocupada por Leonard Weaver, Justin Griffith sem grandes destaque. Então, os Seahawks contrataram Michael Robinson (2010-2013) após ser cortado do San Francisco 49ers. Robinson era um faz tudo em Penn State, jogando de recebedor, corredor e QB. Foi selecionado no quarto round de 2006 e virou o RB2 atrás de Frank Gore. Robinson foi movido para fullback após lesão de Zak Keasey e foi já nessa função que ele chegou em Seattle. Foi Pro Bowl em 2011, um líder para a equipe, e co-capitão de times especiais em 2011 e 2012. Em 2013, ele fez sua última partida profissional, justamente no Super Bowl contra os Broncos.
Outros fullbacks notáveis e mais recentes dos Seahawks incluem Derrick Coleman (2012-2015), Will Tukuafu (2014-2016), Marcel Reece (2016), Tre Madden (2017-2018) e Nick Bellore (2019-2023). Faz muito tempo que os Seahawks não usam um pure fullback. Recentemente Dareke Young (WR) já foi utilizado, Byron Murphy (DT) e Brady Russell (TE antes de fazer a mudança para FB).
Eis todos os pure fullbacks draftados pelos Seahawks:
- John L. Williams, primeira rodada de 1986, pick 15;
- Heath Evans, terceira rodada de 2001, pick 82;
- Chris Davis, quinta rodada de 2003, pick 165;
- David Kirtman, quinta rodada de 2006, pick 163;
- Owen Schmitt, quinta rodada de 2008, pick 163
- Robbie Ouzts, quinta rodada de 2025, pick 175
Como ele pode se encaixar no esquema?
Como dito acima, os Seahawks não utilizavam muito o FB nos esquemas antigos. Isso deve mudar com o novo Coordenador Ofensivo. Adam Prentice que visitou Seattle pouco antes do Draft teve 275 snaps pelos Saints no ano passado nessa função. Essa é uma pequena amostra da utilização de fullbacks por parte de Klint Kubiak. Some a isso 65 snaps de Taysom Hill no backfield.
O técnico Mike Macdonald diz que Ouzts competirá com Brady Russell pela vaga de fullback — e que Russell não é um cara que cede espaço para ninguém. De acordo com a PFF, em 2024, Brady Russell teve 33 snaps no ataque, dos quais 18 foram no backfield como fullback. Nesta offeseason ele fez a mudança de TE para FB.
Robbie Ouzts, TE, #45
Short yardage again pic.twitter.com/6e0BV59w7Q
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) May 9, 2025
Alabama não tem problemas de deixar Ouzts bloqueando o defensive end aqui. O outro TE faz um double-team com o LT e Robbie fica no 1v1.
Robbie Ouzts, TE, #45
Physical pic.twitter.com/HxBI01P9dV
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Usado como puller, ele finaliza seu bloqueio com o defensor no chão.
Robbie Ouzts, TE, #45
Blocking in motion pic.twitter.com/UuvREJg6HB
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) May 9, 2025
Como puller novamente, mas ele mostra um boa leitura percebendo que não vai precisar bloquear o EDGE do lado oposto, mas passa para o próximo alvo e joga o LB no chão.
Ver no Threads
Na pura definição de um bloqueador em zona. Percebe que não precisa ajudar no double-team e avança para o próximo nível.
Ver no Threads
Alabama o posiciona aberto e o traz em motion para o lado oposto. Diferente das corridas internas, ele serve como lead-blocker para Jalen Milroe. Novamente mostrando boa visão de campo e velocidade.
Robbie Ouzts, TE, #45
Used in split-zone pic.twitter.com/Ib8V2DKH8S
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) May 9, 2025
Essa era uma das formas em que ele era mais utilizado, bloqueador em split-zone. Esse tipo de corrida exige que um bloqueador do lado oposto, um TE, FB, ou H-Back venha bloquear um defensor (normalmente um EDGE) que é deixado propositalmente sem bloqueio.
Robbie Ouzts, TE, #45
Receiving TD pic.twitter.com/LsBFTxSPOD
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) May 9, 2025
Ele registrou 16 recepções em 21 alvos para 192 jardas e 3 TDs. Usado bastante em situações de checkdown, consegue achar espaços entre as zonas.
Alguns pontos são importantes de se ressaltar. O primeiro é que os snaps de Ouzts como FB propriamente dito foram pouquíssimos, então, ele terá que se adaptar a nova função. Ele não tem uma corrida sequer registrada nos seus anos em Alabama. Ademais, ele teve 537 snaps nos times especiais, inclusive precisou fazer dois retornos de chutes. Esse trabalho nos times especiais deve ajudá-lo a ficar no time, porém também brigará com Brady Russell nessa questão.
Veredito
Robbie Ouzts, TE, #45
Seahawks Draft Picks Meeting.
Ouzts blocking Nick Emmanwori for Jalen Milroe run. pic.twitter.com/MoHFgbSVEm
— Alexandre Castro (@alexcastrofilho) May 9, 2025
Mesmo tendo sido escolhido com a penúltima escolha do quinto round, ainda acho muito cedo para um FB. Ouzts era projetado como um jogador UDFA, Seattle além da escolha de sexto round tinha três escolhas de sétima rodada que poderiam ser investidas nele.
Entre a escolha dele (175) e a próxima escolha de Seattle, Bryce Cabeldue (192), alguns nomes interessantes foram escolhidos como:
- Tyler Baron, EDGE;
- Dorian Strong, CB;
- Ollie Gordon, RB;
- JJ Pegues, DT/FB (com mais TDs que Ouzts);
- Jaylen Reed, S;
- Myles Hinton, OT;
Eu não estou argumentando que esses jogadores serão steals do Draft. Porém, todos acrescentariam mais valor do que Ouzts como FB. E, novamente repito, os Seahawks tinham três escolhas de sétimo round para assegurar a sua escolha, caso não quisessem arriscar ir entre os UDFAs. Outro exemplo é que CJ Dippre, parceiro de Ouzts em Alabama, que estava na sua frente no depth chart, era o 12º TE do Board de Dane Brugler e ficou entre os UDFAs.
Por fim, Jalin Conyer, de Texas Tech, um TE que fazia de tudo foi UDFA. Ele tinha experiência correndo com a bola, lançando, jogando tal qual um Taysom Hill. Tinha números melhores e uma expectativa maior, acabou indo para os Dolphins após o Draft.
Ainda que no esquema de Klint Kubiak vamos ter mais snaps com FB, acho que foi um investimento mais alto do que deveria.
Forever a 12s!