Verdades inconvenientes que ninguém quer ler sobre o fim da temporada

seahawks brasil estádio

Com a eliminação a caça às bruxas começa, e a mistura da raiva e frustração acabam trazendo julgamentos incorretos. Então aqui vão algumas verdades que ninguém quer ler…

Estabelecer o jogo corrido nunca foi o problema

Muita gente acha que investir no jogo corrido é um pensamento atrasado. Apesar da NFL estar evoluindo e o jogo corrido estar ficando um pouco mais de lado, voltar a estabelecer o jogo corrido foi importante e fundamental para nós esse ano. Saímos de um ano péssimo em que tudo ficou nas costas de Wilson, para ser o time número um no jogo corrido. O que essa mudança ocasionou? Diminuímos a quantidade de sacks em Wilson em relação ao ano passado (mantendo ele mais longe da morte eminente), e essa abordagem encaixou bem com os jogadores que tínhamos a disposição. Fluker e Sweezy vieram da free agency e tinham como principal força o jogo corrido, além disso, Ifedi foi um jogador que apareceu muito mais esse ano, quando sua capacidade física foi mais utilizada em detrimento do seu processamento de jogo, e dessa forma saiu de um jogador que só tinha partidas ruins para um jogador que teve seus bons momentos esse ano.

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Outro ponto importante é a questão cultural, Seattle já teve ótimos corredores, principalmente em temporadas que obteve sucesso. Essa foi uma boa receita, que fez com que o time terminasse com a diferença de turnovers tão grande, por evitar perder a bola com frequência. Foi uma temporada boa sim, foi essa abordagem tão criticada que nos levou para as 10 vitórias. Contra os Panthers o jogo corrido também não entrou, o que a comissão fez? Mudou a abordagem, e com ajustes permitiu Wilson a soltar o braço, e foi assim que conseguimos a vitória. Digo e repito, o investimento no jogo corrido não é e nem foi um erro, o desequilíbrio entre o jogo corrido e jogo aéreo tendo um QB elite, além da falta de ajustes sim.

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Russell Wilson não é só vítima

Wilson é um grande QB, o maior da história da franquia, inclusive o único a ter um SB. Muita gente levanta a questão de não ter um coordenador ofensivo que eleve o seu jogo ao máximo. Isso é uma verdade, mas um líder tem que lutar pela vitória e aparecer nos momentos de adversidade, é isso que o diferencia dos outros jogadores. Ao ver que as chamadas estavam sendo TOTALMENTE equivocadas, ele poderia ter chamado a responsabilidade  para si e mudado no huddle as jogadas para achar seus companheiros no fundo do campo. Principalmente nos últimos drives da partida, que é quando ele normalmente aparece e brilha. Ao invés disso, ficou apático apenas seguindo as chamadas dos coordenadores.

Sim, Seattle precisa de um coordenador melhor e mais criativo, mas se Wilson quiser subir de patamar, tem que se mostrar um líder melhor e assumir a responsabilidade nos momentos difíceis, isso não é fácil, mas ser um jogador que marca a história também não é. Talento não falta a ele, nem ao seu redor.

Times especiais são mais importantes do que você imagina

Brian Schneider com os times especiais tem feito ano ruim depois de ano ruim. Foi contratado em 2010 no começo da era Carroll e fez um bom trabalho até 2013. Steven Hauschka, Jon Ryan sendo Jon Ryan,  a cobertura de punt de 2013 era espetacular e Red Bryant bloqueando chutes, além de Leon Washington e Golden Tate como retornadores. De 2010 até 2013 a unidade terminou em 2º, 16º, 3º e 5º.

Infelizmente esses dias de glória chegaram ao fim. Esse ano terminamos em 24º e poderíamos ser muito pior se não fosse o All Pro Michael Dickson. Ano passado o time terminou em 20º e em 2016 fomos o 15º. Em 2015 fomos o terceiro, muito devido a grande temporada de calouro Tyler Lockett, em 2014 fomos 19º. 4 anos ruins em 5 e na derrota contra Dallas tivemos mais um PÉSSIMO desempenho. Tirando um bom retorno de Lockett e o punt espetacular de Dickson com uma cobertura feita por Thorpe melhor ainda, o desempenho foi uma negação. Em contrapartida cederam um retorno de 90 jardas que foi anulado por uma falta e um retorno de 53 jardas que deixou os Cowboys em posição de pontuar, não fosse a interceptação de Wright.

Só em dezembro a unidade cedeu um retorno de chute para TD, dois punts bloqueados, permitiu vários grandes avanços em retornos e teve 3 chutes após o TD perdidos. Apesar do trabalho ruim de Seabass ele teve vários chutes na eminência de serem bloqueados devido ao PÉSSIMO trabalho de proteção. Falando nele… sobre o chute de 57 jardas (que possivelmente foi o último de sua carreira), era um chute difícil, então xingá-lo por errar não é justo, maaaas você também não quer um kicker que só acerte na linha de 20, é preciso de “milagres” como um chute de 62 jardas do kicker de Dallas nessa temporada. Além disso os erros dele na temporada toda, colocaram sobre ele essa pressão. Ninguém tinha a sensação de FG automático, mesmo em distância curta, mesmo ele tendo dado 3 chutes para vitórias no ano.

Quer aprender sobre quais erros um time de especialistas pode cometer? Assista especificamente o segundo jogo contra Arizona. Nele foi possível ver todos os erros possíveis da unidade cometer. Péssima disciplina em marcar suas lanes e péssimos ângulos de tackles nos retornos, falha de proteção no primeiro punt bloqueado onde Hill não conseguiu segurar o jogador adversário, no segundo punt bloqueado, Arizona mandou a pressão pelo meio, e deixaram dois jogadores para Griffin bloquear, resultado? Punt bloqueado pra TD.

2017 não foi o suficiente para demití-lo? As evidências de 2018 são mais que suficientes.

Tivemos jogadores muito valorizados e pouco decisivos…

Frank Clark sem dúvidas é o nosso melhor pass rusher, a única arma que nós tínhamos. Em alguns momentos que precisamos dele, ele “sumiu“. Faltou ser clutch. Por vezes nosso pass rush simplesmente sumia, e ele deveria liderar isso esse ano, com as saídas de Arvil e Bennett. Assim como faltou presença em Wilson, como citamos acima, em alguns momentos faltou Clark brilhar. Não sei se sentiu a responsabilidade de ser O PRINCIPAL JOGADOR DA DL, ou se as questões contratuais atrapalharam em algum momento. Só que esse ponto não é para dizer que Clark é um jogador ruim, ou é um grande culpado, muito pelo contrário, e seus 13 sacks falam por si só, os Seahawks tem que renovar com ele o quanto antes, ou até colocar a frachise tag nele se for preciso. Esse ponto é para denotar que ele deveria aparecer mais, não no jogo contra Dallas especificamente, mas em jogos durante a temporada.

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Por exemplo: Reed foi um jogador muito mais regular, sempre aparecendo não teve o mesmo alarde que seu companheiro. Reed merecia estar cotado mais acima do que foi, como disse na análise do jogo contra Dallas, tem números melhores que Fletcher Cox, que pela mídia, foi mais falado. Talvez pela posição de edge ser mais valorizada Clark tenha recebido mais méritos, só que Reed bateu números que há tempos não eram atingidos por um DT, chegando próximo ao inatingível Cortez Kennedy.

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Outro jogador que atingiu os holofotes foi D.J. Fluker, que foi um dos pilares da reconstrução da linha ofensiva, como falamos anteriormente, mas só jogou 10 partidas esse ano e só teve disponível para 9 no último ano com os Giants. Ele “reviveu” sua carreira aqui, mas é fator importante se manter saudável, e isso deverá ser levado em conta na renovação, que falaremos mais detalhadamente em outro post. Nessa decisão por exemplo, faltou aparecer, foi apático como o resto da unidade nessa última partida, só apareceu infelizmente, com a falta cometida.

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Não foi só o coordenador ofensivo que cometeu erros…

Brian Schottenheimer está levando todas as críticas pela derrota, ele é UM dos culpados mas não é o ÚNICO. O coordenador de times especiais já foi abordado mais acima. Então aqui vamos começar pelo coordenador DEFENSIVO. Faltou ajustes no lado defensivo da bola. Griffin estava sendo amplamente exposto, principalmente em marcações de zona flat onde ele simplesmente não sabia o que tava fazendo.

Vou abrir um parêntese para falarmos dele. Teve uma boa temporada ano passado, começou esse ano bem e desde a primeira partida contra os Rams, começou ladeira a baixo seu desempenho, que só veio melhorar na partida contra os Vikings. No próprio jogo contra Dallas começou muito bem e terminou do mesmo jeito das suas partidas do meio do ano. Errando leituras e tackles, chegando atrasado e as vezes até parecendo desconcentrado e descompromissado. Além disso ele aumentou de peso da temporada passada para essa e certamente isso não lhe fez bem, hoje ele parece gordo. Sentiu a pressão da mudança de lado (que realmente não é fácil), e de substituir um dos maiores CBs da franquia. Uma temporada boa, uma ruim, ano que vem poderá decidir o rumo que a carreira do CB irá tomar.

Isto posto, faltou a Ken Norton Jr tentar ajustar a defesa ou tentar dar uma sacudida no CB especificamente, ou até montar alguma saída para marcação dessa área. Além disso, não conseguiu corrigir algumas falhas no combate ao jogo corrido, e o time teve somente um sack na partida inteira. O time pareceu “descontrolado” certas horas, cometeu faltas desnecessárias em terceiras descidas e cedeu uma terceira para quatorze, numa corrida do QB. Como?!?! Como um front seven com Wagner (que justamente nessa jogada errou seu ÚNICO tackle no ano), Wright, Reed e Clark permitiu isso? Na hora que foi preciso, cochilou e pagamos caro ao sofrer aquele TD.

Agora sim vamos para Schotty. O coordenador já chegou cheio de rejeição ao clube (estilo Waldemar no Flamengo haha), até porque falha por falha Bevell também tinha as suas, só que ele pagou caro por demorar muito para envolver Graham(alto investimento: pick de primeiro round + ótimo center) no jogo ofensivo. Brian pode sofrer ou pode aprender com esse fim de temporada. Ninguém precisa saber ser cabeça dura, rever seus conceitos faz parte do esporte e faz parte da vida. Contra os Chargers perdemos o jogo porque insistimos em correr todas as primeiras descidas e segundas descidas longas. Quando fomos para ganhar o jogo, era tarde demais, assim como foi em Dallas. Como eu queria que o jogo contra os Panthers tivesse sido nessa preparação para o jogo, um ajuste, UM AJUSTE e poderíamos ter saído com a vitória. Como disse antes estabelecer o joggo corrido não é um problema, ele inclusive dá espaço para o play action jogada que Wilson executa tão bem. Não temos Blake Bortles, Case Keenum ou Sam Bradford de QB, temos um dos melhores da posição, então temos que usá-lo.

Pete Carroll não merece ser demitido…

Não sei quais dos pontos você mais discordou, não sei nem se a raiva deixou você chegar a esse ponto. Talvez esse seja o que lhe cause mais estranheza e revolta, entretanto é preciso ser cauteloso. Para início de conversa, vamos dar méritos a quem merece méritos. Carroll chegou e mudou a cara da franquia, construiu a Legion of Boom, não só a secundária, mas Bennett, Arvil, Clemons, Mebane, Wagner, Wright e Irvin. Muitos desses de rodadas finais do draft. Montou um 4-3 under e regido pela cover-3, criou uma defesa comparada a maior defesa da história do esporte, a famosa defesa dos Bears de 85.

Essa história de sucesso veio com um jogo corrido forte, então entenda o porquê dele tanto querer estabelecer isso no seu plano de jogo. Mas aí que mora o problema. PC é o melhor head coach de secundária da liga, sempre formando DBs do nada, vendo potencial onde ninguém via. Mas head coach é head coach, coordenador é coordenador. Por favor PC, pelo seu bem e do time, pare de interferir no planejamento e chamada das jogadas, deixe seus coordenadores trabalharem e chame para sua equipe, quem você confia e acredita que pode tirar o melhor da equipe.

Vale salientar que apesar da previsão 4-12 de muito críticos não parecer real, uma ida para a pós temporada também parecia improvável. Mesmo com ninguém admitindo isso, estamos em rebuild. Após perder, basicamente, todas as peças importantes da defesa, montamos uma unidade que teve seus destaques na temporada. Flowers o case de maior sucesso, um safety convertido, que jogou muito bem durante o ano. Jacob Martin chegou sem alarde e virou um jogador situacional importante. Poona Ford foi um dos melhores no combate ao jogo corrido, David Moore ressurgiu por um tempo. Então mérito e qualidade o técnico tem.

Se o ambiente no vestiário for bom, como em tese deveria ser, depois de PC cortar as ervas daninhas do elenco, vamos ser coerentes, respirar fundos e perceber que ele deve ser mantido e anos melhores virão. Outro ponto que afasta a possibilidade de demissão dele (além do contrato renovado, é claro) é que não há técnicos disponíveis que demonstrem potencial de fazer algo melhor que Carroll vem fazendo na equipe.

Quero agradecer a você que chegou até o fim desse duro diagnóstico e agradecer a você que nos acompanhou durante toda a temporada. Seguiremos fortes na offseason, começando na próxima sexta-feira.

Go Hawks!

 

 

 

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