Semana 1 – Prévia – Seattle Seahawks x Denver Broncos

Chegou o dia!!

Depois de 8 meses, estamos de volta ao Lumen Field, em horário nobre, numa das narrarivas mais absurdas da história da NFL. No último jogo dos Seahawks contra o Arizona Cardinals no dia 09 de janeiro, vimos Russell Wilson em campo; 8 meses depois Russell Wilson também estará em campo, porém do outro lado vestindo laranja e azul. Justamente os Broncos que foram rivais dos Seahawks que por tanto tempo na época de AFC West, o adversário da vez que fomos campões Super Bowl. Para você que gosta de história, sugiro você ler sobre a história do confronto no texto da semana passada.

Se tem algo que é difícil fazer é escrever uma prévia na primeira semana, ainda mais com times totalmente renovados. Mas vamos tentar focar nos pontos de evolução de cada time e o que vimos na semana passada para levantar alguns pontos para ficarmos de olho no confronto que acontecerá hoje mais tarde com transmissão in loco da ESPN Brasil com Ari Aguiar e Antony Curti.

Como parar Russell Wilson?

Deveria ser muito fácil para alguém que assistiu Russell Wilson jogar a carreira inteira dizer como pará-lo. A resposta óbvia seria dizer que é posicionar 2 safeties no fundo do campo e está tudo resolvido. De fato, Wilson começou a ter números desastrosos em jogos que os times postaram 2 safeties no fundo do campo e com discutivelmente a melhor dupla de safeties da NFL (a mais cara com certeza) é uma tarefa fácil. Porém isso não adianta por si só, primeiramente porque ele não está mais jogando com Brian Schottenheimer e Pete Carroll que sempre insistiam em corridas com avanços curtos e uma paulada no fundo do campo.

Agora Wilson joga com Nathaniel Hackett que veio da arvore de Matt LaFleur e foi quem ajudou a tornar o ataque dos Packers entre os mais dinâmicos da liga e levar o Aaron Rodgers por 2 anos como MVP. Guidado por um ataque com muito screen, equilíbrio entre jogo corrido e aéreo, e bolas saindo rápido da mão do QB. De fato, postar sim os safeties mais longes do box é uma forma de conter algumas das bolas no fundo do campo, mas só isso não será necessário.

Primeiro que os recebedores dos Broncos são muito bons! A começar pelos WRs que jogam nas pontas: Courtland Sutton e Jerry Jeudy são duas armas absurdas correndo rotas. Em especial Jeudy tem cortes muito refinados, o que faz ele se desvencilhar de tackles e conseguir jardas após a recepção. Ano passado, Jeudy teve uma média de 4,9 jardas pós a recepção/recepção, em comparação, nosso melhor WR (com mais de 50 alvos) nesse quesito foi DK, com 4,5. Courtland Sutton é outro WR menos falado na liga do que deveria com uma excelente velocidade e mãos confiáveis e certamente será o jogador a que Russell Wilson vai procurar na hora de soltar o braço.

Jogador Time Alvos Recepções Jardas TD Primeiras decidas Jardas depois da recepção Tackles Quebrados Drop
D.K. Metcalf SEA 129 75 967 12 48 4,4 8 4
Tyler Lockett SEA 107 73 1175 8 41 3,8 2 0
Jerry Jeudy DEN 56 38 467 0 22 4,9 0 1
Courtland Sutton DEN 98 58 776 2 35 2,3 1 3

A difícil missão de parar esses recebedores será de dois estreantes em Seattle. Mike Jackson e o novato Tariq Woolen. Sidney Jones teve uma concussão durante a semana e ainda é incógnita.

Tariq Woolen foi um dos destaques atléticos entre as escolhas do Draft e donos de uma das melhores marcas no 40 yards dash. Porém velocidade pura não quer dizer velocidade de jogo. Woolen é muito cru em muitos aspectos de jogo e para se tornar um CB de qualidade na liga ainda precisará evoluir nesses pontos. Mike Jackson foi um jogador que se destacou na pre-season e acabou por conquistar seu espaço graças ao seu trabalho. Porém também é um jogador sem um passado com grandes lances para se apoiar ao defender sua titularidade.

Como sabemos cobrir o fundo do campo com 2 safeties é uma das principais armas para se parar Wilson, mas existe uma questão muito importante antes de usar uma cover 2 com dois safeties isolados. Atualmente existem 2 linebackers de ofício em Seattle: Jordyn Brooks e Cody Barton. O outro jogador que se aproxima de um linebacker em Seattle é Nick Belore, que é em essência um special teamer e já fez suas vezes também de fullback. Em que em toda carreira, apenas em duas temporadas atuou em mais 10% dos snaps defensivos como linebacker: em 2016 e 2017.

Carreira Ataque Defesa Times especiais
Temporada Team Snaps % Snaps % Snaps %
2012 Jets 0 0% 5 1% 336 72%
2013 Jets 0 0% 2 0% 334 70%
2014 Jets 0 0% 7 1% 314 67%
2015 49ers 0 0% 7 1% 384 86%
2016 49ers 0 0% 692 67% 205 48%
2017 Lions 13 2% 106 12% 308 79%
2018 Lions 118 13% 0 0% 238 63%
2019 Seahawks 29 3% 0 0% 267 67%
2020 Seahawks 35 3% 0 0% 293 65%
2021 Seahawks 19 2% 0 0% 318 68%

Alinhamento de snaps de Nick Belore

Como linebacker titular confiável, os Seahawks têm apenas Jordyn Brooks que vem de uma temporada de destaque. Barton ainda não conseguiu mostrar qualidades suficientes para se postar como um linebacker titular. Uma solução tampão para suprir essa carência é jogar com 3 safeties e colocar Jamal Adams mais próximo do box, até porque os Broncos têm Javonte Williams, que em 2021 conseguiu 903 juntamente com o veterano Melvin Gordon, somaram para 1821 jardas corridas, sendo a dupla de running backs com a melhor produção da temporada passada.

Nessa temporada teremos um comando de defesa renovado com Clint Hurtt que assume o posto que foi do contestado Ken Norton Jr. Hurtt foi coordenador de linha defensiva nos anos de KNJ e que trouxe também para apoiá-lo o ex-coordenador defensivo dos Bears para ser seu assistente. Essa união trouxe mudanças importantes na defesa, que deixa de ter uma base 4-3 para uma base 3-4. Apesar de que NFL de hoje em dia isso não fazer tanta diferença, a postura da defesa vai mudar e existe todo um novo conceito para aprender e desenvolver juntamente com quem atuou com KNJ. Pensando nisso, no meio da troca de Russell Wilson, veio também Shelby Harris e que juntamente com a Darrell Taylor e o calouro Boye Mafe, serão os jogadores responsáveis por fazer Russell Wilson se sentir incomodado no pocket. O desafio está em superar a boa linha de proteção à Russell Wilson, comandada pelos eficientes Garrett Bolles e Billy Turner nas pontas.

Geno Smith, o novo Rich Gannon?

Essa pergunta soa muito tola, porém essa foi a comparação o que ouvimos na coletiva da última quinta-feira em Seattle. Carroll disse que Smith está no melhor que ele jamais esteve e comparou a carreira dele com a de Rich Gannon. Para quem não conhece, Gannon começou a carreira em 1987 como QB backup dos Vikings onde se tornou titular em 1990 e teve uma passagem com pouco destaque e na sequência passou por Washington, Kansas City e por fim, em 1999 chegou ao então Oakland Raiders. Nos Raiders Gannon, juntamente com Jon Gruden como Head Coach se desenvolveu ao apogeu de sua carreira em 2002 quando foi MVP.

Geno Smith por outro lado escolhido na segunda rodada do draft de 2013, o que na visão de muitos analistas foi muito alto. Na época, o recém-chegado de West Virginia foi colocado para assumir um pobre ataque dos Jets. Em 2015, depois de uma lesão, foi posto no banco e Ryan Fitzpatrick que assumiu o time o liderou o time a 10 vitóris e quase chegar nos Playoffs. Em 2017 foi dispensado dos Jets e assinou com os Giants por uma temporada, em 18 mais uma temporada com os Chargers até que em 19 veio parar nos Seahawks para ser reserva de Russell Wilson. Na última temporada, depois de uma lesão na mão de Wilson, foi colocado como titular e na medida do possível, nas 4 partidas que atuou não teve um mal desempenho com quase 70% dos passes completados e apenas uma interceptação.

É fato que não dá para prever o que vai acontecer na temporada, mas em Seattle é o lugar onde essa transformação de Geno em Gannon, com perdão do trocadilho, é possível. Eu não tenho confiança em Geno Smith e confesso que preferiria ver Drew Lock como QB titular, mas pensando na possibilidade da evolução de um QB veterano o lugar ideal é onde há um bom elenco no entorno, como era o elenco dos Raiders na época de Rich Gannon.

Hoje ataque ao redor de Smith é cercado de bons talentos. Primeiramente a dupla Metcalf e Lockett que é uma das mais eficientes na liga. Noah Fant que veio no meio da troca por Russell Wilson é um excelente tight end e como muitos argumentam, o tight end é o melhor amigo do QB ruim. Por fim, o jogo corrido com Penny na versão das últimas 6 semanas da temporada de 21 e Ken Walker pode ser bem produtivo. E em relação ao ano passado, quando foi jogado na fogueira para assumir o lugar de Russell Wilson, Smith terá um plano de jogo mais bem pensado para suas limitações e com um coordenador ofensivo mais maduro, o que pode fazer com que essa evolução aconteça.

O primeiro desafio de Smith é contra uma defesa extremamente bem construída. Apesar de Vic Fangio não estar mais lá, a base da defesa foi feita por ele e conta com jogadores de muita qualidade. Na secundária o time conta com nomes de peso. Justin Simmons é um dos grandes safeties da liga juntamente com Patrick Surtain que vem para o segundo ano se consolidando como um dos excelentes nomes no futuro da posição. Juntamente a esses nomes, a pressão pelas pontas conta com Bradley Chubb virá com Randy Gregory que faz sua estreia depois de anos sendo uma importante peça linha do Dallas Cowboys.

A segunda-feira 12, é a nova a sexta-feira 13?

Muitos estão dando esse jogo como perdido, porém não acredito que o favoritismo é como se fosse um cupcake game (termo para aqueles jogos de início de temporada do College Football que grandes programas universitários jogam contra pequenos programas e geralmente é um massacre).

A gente critica muito o Pete Carroll e ele tem cometido inúmeros erros nos últimos anos, mas se tem uma característica que ele é bom, é na hora de motivar um time. Parafraseando Ari Aguiar, se o Pete Carroll quisesse me vender um Marea seria bem provável que ele conseguiria, então pode ter certeza de que muitos jogadores ali vão entrar com “sangue nos zoio”. Somado a isso, jogar no Lumen Field, com a torcida mordida com o teatro criado por Russell Wilson para sair de Seattle, os Broncos estreando um head coach novo e todo a carga emocional será um desafio enorme para os Broncos.

Vamos juntos torcer e acompanhar os conteúdos do Rapinas do Mar nessa temporada. A gente só tem esperado o pior, mas começar o ano com uma vitória contra um rival pode trazer a confiança necessária para uma reviravolta no time e quem sabe até surpreender com vitórias.

Go Hawks!!!

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