Charles Cross vai se estabelecer como um LT de elite?

Posted on by Alexandre Castro

Após duas temporadas promissoras, Charles Cross consolidou-se em 2024 como um dos pilares da linha ofensiva dos Seahawks. O left tackle, escolhido na 9ª posição do Draft de 2022, deu um salto técnico notável, especialmente em proteção ao passe, demonstrando evolução tanto em eficiência quanto em regularidade.

Chegando ao final do seu contrato de calouro ele já mostrou o suficiente para acreditar que pode se tornar elite?

🔮Renovação

Alcançar uma extensão nesta offseason pode representar uma economia de teto salarial ainda maior do que exercer a opção do quinto ano, enquanto esperar mais um ano até que Cross esteja no último ano de seu contrato pode queimar mais teto salarial do que a equipe economizou ao exercer a opção.

Com sua performance em 2024, Charles Cross fortalece seu argumento para uma futura extensão contratual entre os Seahawks e o jogador. Dado o mercado recente de offensive tackles — onde nomes como Penei Sewell (5 anos, $112M) e Jordan Mailata (3 anos, $66M) assinaram extensões — é razoável projetar que Cross possa buscar algo na faixa de $22–25 milhões anuais, tornando-se um dos LTs mais bem pagos da NFL.

Se você acha um valor caro, tenham em mente esses valores “absurdos”:

  • Walker Little, Jacksonville Jaguars (26): US$ 40,5M, US$ 13,5 milhões por ano;
  • Jaylon Moore, Kansas City Chiefs (27): US$ 30M, US$ 15 milhões por ano;
  • Alaric Jackson, Los Angeles Rams (27): US$ 57,75M, US$ 19,25 milhões por ano;
  • Dan Moore Jr, Tennessee Titans (27): 4 anos, US$ 82M, US$ 20,5 milhões por ano;
  • Andrew Thomas, New York Giants (26): 5 anos, US$ 117,5M, US$ 23,5 milhões por ano;
  • Christian Darrisaw, Minnesota Vikings (26): 4 anos, US$ 104M, US$ 26 milhões por ano;

🧩 Estatísticas e desempenho (PFF)

Overall Grade: 82.5 — 10º entre 140 tackles da NFL .

Pass Block Grade: 81.3 (15º da liga) .

Run Block Grade: 77.9 (16º da liga) .

Snaps jogados: 1.094 (7º entre 140 tackles), 724 snaps como pass-blocker (2º) .

Penalidades: 8 (110º/140)

Sacks permitidos: 6 (120º/140)

Pressures permitidas: 47 .

Esses números mostram um salto claro: passou de avaliações medianas em 2022/23 para estar no top 10 em 2024 .

Classificado entre os 101 melhores jogadores pela PFF (posição nº 89), o único OL do Seattle reconhecido este ano .

No começo da temporada, destacou-se como o melhor OT da liga nas primeiras semanas, com zero pressões permitidas e nota 90.2 da PFF . Em semana 1, adversários como Denver não conseguiram pressioná-lo, e ele obteve nota 96.1 em run blocking .

🛠 Proteção ao Passe: Cross se destaca entre a elite

Em 2024, Charles Cross cedeu apenas 23 pressões totais, incluindo 4 sacks, ao longo de 17 jogos como titular. Seu pass-blocking efficiency foi de 96,9%, de acordo com dados da PFF, o que o colocou no top 10 da liga entre os LTs com pelo menos 500 snaps de passe.

Comparando com nomes de elite:

Jogador (LT) Pressões Cedidas Sacks Cedidos Efficiency (PFF)

Trent Williams (SF) 16 3 97,4%
Andrew Thomas (NYG) 21 5 96,8%
Charles Cross (SEA) 23 4 96,9%
Laremy Tunsil (HOU) 29 6 96,1%
Rashawn Slater (LAC) 25 5 96,3%

Cross não apenas manteve consistência, como demonstrou maturidade ao enfrentar os principais edge rushers da liga. Contra nomes como Micah Parsons, Nick Bosa e Aidan Hutchinson, teve desempenho sólido, permitindo no máximo 3 pressões em qualquer um desses jogos — nenhuma resultando em sack.

Em termos de proteção ao passe, Cross demonstrou maior consistência em 2024. Sua capacidade de se posicionar de forma rápida após o snap e o uso das mãos foram aspectos que evoluíram, especialmente no trabalho contra bull rushers. Cross passou a utilizar melhor seu “independent hand usage“, alternando as mãos ao invés de comprometer ambas de forma simultânea, o que lhe deu mais margem para reagir a movimentos secundários de edge rushers.

O trabalho de mãos era o melhor atributo de Cross vindo do College. Ele não mostrou essa característica com consistência no primeiro ano, mas foi evoluindo no passar dos jogos.

Esse é um exemplo dele mostrando essa qualidade durante seu tempo como Mississppi State.

Esse snap é bem impressionante. Cross erra o primeiro contato, com o defensor mostrando as mãos e recolhendo rapidamente. Isso poderia resultar em perda de equilíbri, mas ele consegue se manter a frente de do EDGE e proteger o QB.

Ele se destacou especialmente contra speed rushers com menor poder de ancoragem, conseguindo manter boa profundidade e ângulo em seu kick slide. Sua base mais controlada reduziu o número de vezes em que era batido por dentro – uma vulnerabilidade notável em 2022 e parcialmente em 2023.

Sua ancoragem também falha pontualmente contra bull rushers que alinham com ângulo reduzido e ganham leverage baixo.

Uma maneira que ele aprendeu a lidar com defensores mais fortes é com esse contato de leverage. Ele posiciona bem as mãos e tenta empurrar o defensor para cima diminuindo o contato com o chão. Se ele conseguir fazer isso com consistência pode ser excelente para ele no futuro, uma vez que lidar com esses movimentos de força é claramente seu maior defeito.

Pés “colados” após o primeiro contato: Isso o deixa vulnerável a counters rápidos.

Mãos atrasadas em situações de quick set: Por vezes, ele espera demais o contato, permitindo que o defensor dite o ritmo.

Inclinação para frente contra rushers mais explosivos: Quando tenta compensar a força com agressividade, acaba perdendo equilíbrio e sendo punido por swim moves ou arm-overs. Quando enfrenta rushers com bom hand swiping e inside counter moves, ele tende a abrir demais o quadril, perdendo a capacidade de reagir lateralmente com explosão.

⚙️Bloqueio Terrestre: Boa base, mas ainda com margem para crescer

No jogo corrido, Charles Cross apresentou evolução, mas seu impacto ainda é inferior ao de outros OTs de elite. Segundo a PFF, seu run-block grade foi de 68,5, número que o coloca na metade superior da liga, mas distante dos líderes da posição.

Jogador (LT) Run Block Grade (PFF)

Trent Williams (SF) 90,2
Christian Darrisaw (MIN) 83,7
Charles Cross (SEA) 68,5
Jordan Mailata (PHI) 74,3
Kolton Miller (LV) 71,9

Cross continuou sendo mais eficaz em esquemas de zone blocking, onde sua mobilidade é posta em destaque. Ele consegue chegar ao segundo nível com eficiência, usando bom ângulo e leveza de pés para se reposicionar e selar linebackers fora da jogada. Sua técnica de reach block também evoluiu, conseguindo manter o controle de ombro e quadril do defensor com maior frequência.

Habilidade atlética, controlado e com bons ângulos para chegar ao próximo nível.

Ele precisa ser mais usado em espaço aberto.

Snap que mostra grande evolução de Cross. Ainda há muito trabalho para fazer, mas ele faz um bloqueio chave para permitir que o pull de Laumea funcione.

Novamente, um bloqueio chave. Ele não consegue empurrar o defensor várias jardas para trás, mas consegue se colocar entre ele e o corredor abrindo o gap para a corrida funcionar.

O desempenho de Cross em esquemas de gap/power deixou a desejar. Sua dificuldade está em gerar push vertical em bloqueios de drive, especialmente contra DLs com base mais baixa e torque superior. Ele também mostrou limitações técnicas em “down blocks”, com falhas na ancoragem e na manutenção do contato prolongado. Contra defensive ends com bom uso de mãos, ele frequentemente cede espaço após o primeiro contato, comprometendo o fluxo da jogada.

✅Veredito

Charles Cross deu um passo importante em sua terceira temporada na NFL. Com um jogo de proteção ao passe entre os melhores da liga e um desempenho sólido no jogo corrido, ele entra no grupo de tackles que oferecem segurança e confiabilidade ao ataque. Se continuar nessa trajetória, não apenas será a âncora da linha ofensiva de Seattle por anos, como também se consolidará como um dos nomes de elite da posição na liga.

Charles Cross teve um ano de transformação em 2024: entrou definitivamente no top 10 a nível tackle na NFL, assumiu o papel de referência técnica e mental na linha ofensiva, e ganhou reconhecimento interno e externo como peça chave. O trabalho com o coaching staff, aliado a ganhos físicos e mentais, projeta mais liderança e desempenho sustentável em 2025.

Forever a 12s!

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