Até qual nível Boye Mafe pode chegar?

Posted on by Alexandre Castro

A temporada de 2024 foi a confirmação de que Boye Mafe não é apenas uma promessa atlética — é um edge rusher em plena evolução técnica e mental. Após mostrar números incríveis em 2023, o defensor dos Seahawks se consolidou como um dos pilares da defesa sob o novo HC Mike Macdonald desempenhando mais papéis e funções mais complexas no esquema. Neste texto, analisamos os pontos fortes e fracos do jogo de Mafe, sua produção em 2024 e quanto ele pode valer na mesa de negociações.

📊Temporada 2024 em números

Pressões totais: 47 (31º);

Sacks: 6 (42º);

QB Hits: 5 (58º);

Run Stop: 19 (54º);

Defense Grade: 75.2 (30º);

Pass Rush Grade (PFF): 65.7 (73º);

Run Defense Grade (PFF): 77.8 (13º);

Snaps jogados: 607 (202 run defense, 344 pass rush e 61 coverage)

Esse é um pacote interessante dos Seahawks (falarei mais sobre isso num artigo sobre as tendências defensivas do time em 2024). São, em tese, 3 EDGEs em campo e apenas 1 DT. O time variou bastante esse DT, mas normalmente era Leo Williams. Um dos EDGEs normalmente era Derick Hall e havia uma alternância no outro EDGE. O ponto mais constante era Mafe de pé no gap A. A ideia era usar sua explosão vindo de pé contra os guards.

Mafe tem os olhos no QB e graças a um trabalho excpcional dos dois EDGEs, o QB tem que se mover do pocket. O EDGE consegue o sack e ataca a bola no momento certo, forçando o fumble que foi retornado para TD.

🛠️ Técnicas de Pass Rush mais usadas por Boye Mafe em 2024

🦬Bull Rush

Como funciona: Mafe usa sua força bruta e explosão para empurrar o offensive tackle diretamente em direção ao quarterback.

Execução: Boa base e uso de alavanca; consegue colapsar o pocket em passes longos.

Efetividade em 2024: Foi seu move mais confiável. Ele teve sucesso contra tackles que apresentam ângulo alto de pad level ou mãos lentas.

Limitação: Contra OLs com bom “anchor” (ancoragem), Mafe parava no contato.

💥 Rip Move

Como funciona: Ele ganha o ângulo externo e, na transição para o segundo passo, usa o braço interior para “rasgar” por baixo do contato do OT.

Execução: Ele combina velocidade com o rip, especialmente em 3rd downs.

Efetividade: Seu move secundário mais usado. Em jogadas longas (segundo e terceiro down), gerou pressões notáveis.

Limitação: Quando usado com má colocação de mãos ou contra tackles que conseguem “mirrorar” (espelhar), o rip falhava por falta de torque no contato.

💪 Speed-to-Power

Como funciona: Ele começa como se fosse usar o speed rush (velocidade pelo arco externo), mas converte a ameaça de velocidade em um contato forte no peito do bloqueador.

Execução: Usado com sucesso quando Mafe mistura timing e mão precisa no peito do OL.

Efetividade: Gera desconforto para o pocket e força o QB a subir ou sair lateralmente.

Limitação: Se Mafe não vence o primeiro passo, o move morre rápido — ele precisa melhorar o tempo de conversão da velocidade para o contato.

🌊 Swat/Dip

Como funciona: Move mais técnico, exige bater as mãos do OT (swat) e “mergulhar” sob o contato.

Execução: Pouco frequente, mas usado esporadicamente em 2024.

Efetividade: Em geral, pouco eficiente por falta de flexibilidade ideal e pad level inconsistente.

Limitação: A falta de naturalidade nos ângulos de tornozelo/quadril limita o sucesso dessa abordagem em comparação a pass rushers mais técnicos como Haason Reddick ou Brian Burns.

⬇️Erros técnicos cometidos em 2024

1. Pouca variação de moves

Problema: Mafe muitas vezes se limitou a bull rush e rip move, tornando-se previsível.

Impacto: Tackles adversários conseguiram se ajustar no decorrer das partidas.

Solução para 2025: Incorporar counters, como spin move, cross-chop, ou fake jab step + inside move para manter OLs em dúvida e ele tem potencial para tal.

⌚ Timing inconsistente no get-off

Problema: Sua explosão não era consistente no snap, principalmente quando alinhado em wide-9 ou em fronts desbalanceados.

Impacto: Perdia o passo inicial e, com isso, o controle da interação inicial.

Solução para 2025: Treinamento específico em reação de snap count e ajustes com cronômetro no treino (muito usado por DLs elite).

👐Mãos “atrasadas”

Problema: Em vários snaps, Mafe posicionava as mãos com atraso no primeiro contato.

Impacto: Isso permitia que tackles “prendessem” suas rush lanes rapidamente.

Solução: Treino de mãos com enfoque em timing e placement – especialmente drills com escudos de contato e trabalho de “strike zone”.

❌Finalização inconsistente

Problema: Mesmo criando pressão, Mafe teve dificuldade em transformar pressões em sacks (47 pressões, 6 sacks em 2024). Apesar dos sacks, houve jogadas em que ele gerou pressão limpa, mas não conseguiu finalizar, permitindo que o QB escapasse. Melhorar o uso do corpo para fechamento será chave para dar o próximo salto.

Impacto: Perda de jogadas explosivas, escapadas de QBs móveis.

Solução: Trabalhar o “closing burst” e técnicas de finalização (swipe + dive, balanceamento do corpo ao redor do pocket).


Isso não era apenas em jogadas de passe, mas em de corridas também. Não sei se ele achou que o tackle estava garantido e deixou passar, mas esse erro poderia ter custado o jogo.

📐Uso de ângulos muito largos

Problema: Em alguns snaps, especialmente quando alinhado em 7 ou 9-tech, Mafe exagerava no arco externo.

Impacto: Isso criava rush lane muito longa e permitia ao QB escalar o pocket.

Solução: Encurtar o arco em pass rush, usando melhor a alavanca e hand placement ao invés de só confiar na velocidade.

Perceba que ele é basicamente deixado sem bloqueio, um erro da OL dos Cardinals. Por outro lado, os Seahawks tiraram todas as opções de passe curto. Murray segura a bola e Mafe faz o sack. O ângulo poderia ser melhor.

📈 Capacidade de Evolução em 2025

Mafe demonstrou melhoria considerável entre 2022 e 2024, especialmente na defesa contra o jogo corrido e na consistência de snaps. Com Mike Macdonald, que já desenvolveu edge rushers técnicos como Odafe Oweh e Jadeveon Clowney, Mafe está em um sistema ideal para:

  • Expandir seu leque de moves.
  • Trabalhar técnica de mãos e ângulos.
  • Evoluir no uso de counters e transições mid-rush.

Com base em sua curva de aprendizado e o novo staff técnico, é totalmente viável que ele salte de edge sólido para um edge rusher top 20 da NFL em 2025.

Algo que ele fez bem foi mesclar sua ameaça pelo gap externo para criar espaço em inside moves. O ângulo ainda pode melhorar, mas excelente desenvolvimento.

Novamente vence por dentro e mostra boa capacidade de closing speed para chegar no QB que tentava improvisar com as pernas depois de escapar da blitz de Devon Witherspoon.

1. Melhor uso das mãos:

Um avanço claro foi a técnica manual. Mafe incorporou com mais frequência o swipe-rip, o long arm bull e, ocasionalmente, o ghost move, conseguindo colapsar o pocket sem depender apenas da velocidade.

2. Disciplina contra o jogo terrestre:

Mafe também se mostrou um defensor mais completo, mantendo integridade de gap em runs outside e com 32 tackles contra a corrida, dos quais 11 foram tackles for loss. Sua postura baixa e força de ancoragem evoluíram visivelmente.

Bom ângulo e sela o edge. Ele absorve o bloqueio duplo, não de forma física, mas faz com que o RB tenha que fazer o corte e vai direto para os braços de um defensor dos Seahawks.

Ele ataca o gap interno, mas percebe o toss. Se reposiciona e deixa uma mão livre. Com isso, CMC tem que desacelerar e pensar no que fazer. Isso dá tempo para o time chegar e fazer o tackle. Excelente trabalho de equipe.

Boa antecipação do que os Broncos iriam fazer. O time de Denver iria bloqueá-lo com um TE e um OL adicional, mas Mafe escapa e faz o tackle no backfield.


Hall acha que vai ser substituído, Mafe o reposiciona. O EDGE não mantém apenas seu gap, mas fica com a mão de dentro livre e faz o tackle imediato.

3. Inteligência situacional:

Com Mike Macdonald, Mafe foi usado em stunts, zonas simuladas e até recuando ocasionalmente para cobrir flats e  como no lance acima, uma banana route.

Os Seahawks chamam seu pacote defensivo com Mafe jogando por dentro. Ao invés de ir na pressão ele faz o drop na cobertura. Talvez o posicionamento não seja dos melhores, mas ele lê muito bem os olhos do QB e desvia o passe.

💸Projeção de valor de renovação: entre produção e projeção

Com três temporadas na liga, Mafe deve entrar na conversa de extensão ainda antes de 2025. O mercado de edge rushers médios a bons foi redefinido por alguns acordos recentes:

Josh Uche (NE): 3 anos, $36M ($12M/ano);

Alex Highsmith (PIT): 4 anos, $68M ($17M/ano);

Samson Ebukam (IND): 3 anos, $24M ($8M/ano);

Montez Sweat (CHI): 4 anos, $98M ($24.5M/ano);

Mafe deve buscar algo entre $16M e $18M anuais, dependendo de como projetarem sua curva de crescimento. Se os Seahawks acreditarem que ele pode se tornar um edge rusher top-10 com consistência, uma extensão similar à de Highsmith seria justificada. Caso queiram esperar mais um ano de produção, correm o risco de ver esse valor inflar no mercado aberto.

✍️Conclusão: peça fundamental em ascensão


A temporada de 2024 foi um passo positivo para Boye Mafe, que mostrou crescimento em várias áreas enquanto ainda tem espaço para melhorias. Com um futuro promissor pela frente, ele poderá se tornar uma das principais referências na posição se continuar nesse ritmo. A expectativa em torno de sua renovação é alta, e a próxima temporada será crucial para solidificar seu status na liga.A temporada de 2024 foi um marco na carreira de Boye Mafe, o edge rusher do Seattle Seahawks. Após uma campanha de evolução constante, Mafe demonstrou um progresso significativo em várias áreas do seu jogo, que merece destaque.

Forever a 12s!

No comments yet

Deixe um comentário