Coby Bryant tem uma terceira temporada de redenção

Posted on by Alexandre Castro

Depois de ser draftado no quarto round e dois anos atuando como nickel corner, Coby Bryant teve sua função transformada em 2024 — e respondeu à altura. Convertido para a posição de safety, o defensor dos Seahawks encontrou uma nova identidade no sistema defensivo de Mike Macdonald, demonstrando inteligência, boa leitura de campo e instintos naturais para o jogo profundo.

Nesta análise, exploramos como Bryant se adaptou tecnicamente à nova função, quais foram seus principais recursos em campo e como sua temporada pode ser considerada um divisor de águas em sua carreira.

Transição de Nickel para Safety: leitura e posicionamento como diferencial

Bryant era um destaque em Cincy. Inclusive, ganhou o prêmio Jim Thorpe no ano que foi draftado. Vale salientar que seu companheiro de time, Ahmad Sauce Gardner, era a grande estrela e não ganhou o prêmio. Coby ganhou status de titular mas numa função que jamais havia jogado, nickel.

Foi uma temporada de altos e baixos, com fumbles forçados e tackles perdidos. No ano seguinte, os Seahawks draftam Devon Witherspoon e ele vira o novo nickel do time e Bryant é movido para backup. Perdido e sem chance ele começa a transição para safety na busca de se manter no elenco.

A principal mudança técnica envolveu:

  • Ângulo de ataque mais profundo
  • Leitura do QB e não mais exclusivamente do WR
  • Técnica de pedal e bail (recuo controlado) para manter visão ampla do campo
  • Transições de cobertura para preenchimento contra o jogo terrestre

Ao invés de reagir a rotas curtas no slot, Bryant passou a ter responsabilidade sobre o meio profundo ou o terço lateral do campo, dependendo da chamada. Sua transição foi fluida graças à sua inteligência tática — sempre jogando com os olhos no backfield sem perder o senso de profundidade.

🔍Números de impacto na temporada 2024

Dados da PFF para safeties com ao menos 100 snaps;

Jogos: 15

Snaps como Safety: 651

PFF Defense Grade: 72.8 (27º);

Grade de cobertura (PFF): 68 (32º);

Grade contra corrida (PFF): 79,5 (21º);

Pressões: 5 (24º);

Tackles totais: 62 (32º);

Run Stops: 15 (41º);

Jardas cedidas: 213 (64º);

Passes desviados: 3 (27º);

Intercepções: 3 (12º);

TDs cedidos em cobertura: 1 (21º)

🛡️Técnicas utilizadas por Coby Bryant como safety

1. Zone Eyes:

Utilizou leitura com olhos no QB, antecipando throws em rotas cruzadas e corner routes. Isso lhe rendeu 6 passes desviados e 3 interceptações em 2024 de acordo com Pro Football Reference.

2. Shuffle Bail:

Técnica onde ele recua lateralmente em zona para manter visão periférica. Essa movimentação evitou grandes jogadas em situações de 2ªdescidas longas, onde ele impediu diversas conexões profundas.

3. Trigger downhill:

Bryant se destacou ao reagir rapidamente para defender o jogo corrido, aplicando 28 tackles solo, dos quais 15 foram paradas defensivas (stops). Sua capacidade de reconhecer o “run-pass option” e atacar ângulos curtos foi essencial contra ataques baseados em outside zone.

Esse gatilho para disparar em direção ao campo adversário é bom e não apenas contra a corrida. Ele antecipa o screen e chega rapidamente na jogada. Uma pena que ainda assim foi first down.

Foram 8 tackles perdidos, algo que precisa ser melhorado para 2025 até por ser um problema antigo.

🧠Processamento e adaptação na nova posição

Se alguém puder me explicar o que ele tentou fazer aqui, agradeço.

Esse era um erro que ele cometia ainda como nickel. Não faz sentido essa postura off-coverage numa situação de conversão curta. Ele não tem a explosão de elite para cortar esse tipo de passe.

É um snap que exemplifica bem sua adaptação a nova posição. Os Bills estão num set de 3×1. Bryant fica muito tempo no lado em que tem apenas um recebedor. Isso impede que ele faça qualquer jogada no outro lado do campo e permite o avanço.

Prestem atenção nessa sequência, mostra a evolução e capacidade de aprender de Bryant. É impossível achar um jogador que não comete erros, então, procure um que saiba se recuperar e aprender com as falhas. Os Seahawks fazem algumas mudanças de posicionamento e terminam com Spoon e Bryant no fundo do campo. O safety está marcando individualmente o recebedor Michael Wilson. Ele tenta antecipar uma rota crosser, que não acontece e dá espaço para ser batido em profundidade.

No mesmo jogo, temos uma situação similar. Ele lê os olhos do QB, que foi apressado por Derick Hall. Percebam que Ernest Jones e Julian Love cobrem a mesma zona, no que poderia se tornar uma busted coverage. Com o QB lançando a bola, Bryant toma bom ângulo para cortar a linha de passe e fazer a interceptação.

Seattle está numa situação de mano a mano novamente e ele mostra evolução. Os Seahawks tem três defensores para três recebedores no playside, em teoria. Spoon é enviado na blitz e apressa Brock Purdy que lança no checkdown para Jauan Jennings. O WR é marcado por Bryant, que dessa vez é mais cauteloso, espera o corte para disparar e tentar chegar no tackle. Ele erra no primeiro momento, mas sua mentalidade lutadora o mantém na jogada e ele impede a conversão, numa jogada que foi fundamental para a vitória dos Seahawks.

Essa jogada já apareceu em vários artigos aqui do site mostrando pontos de vistas diferentes. Finalmente chegamos no criador da pick six. Tem um detalhe importante na jogada que passa despercebido, mas que na minha visão mostra a evolução de Bryant.

Quando ele percebe que Murray está com a bola, ele não se desespera. Perceba que ele dá alguns passos para trás, buscando um melhor posicionamento. Isso é mentalidade de safety. O safety não precisa fazer uma grande jogada todo snap, ele precisa ser a última linha defesa do time, a diferença entre um first down e um TD.

Depois de se ajustar para um posicionamento melhor, ele mantém Murray sob sua mira. Vê o passe pendurado e ataca a bola, correndo para uma pick six.

PS: Dêem pontos de estilo para esse cara pela comemoração fantástica.

⬆️Potencial

Excelente posicionamento como centerfield. Ele mantém os olhos no QB e faz boa transição na mudança de direção para atacar a bola. Por um detalhe não foi interceptação. Esse range não fica muito atrás de Quandre Diggs e Julian Love, e é fundamental para manter Bryant no fundo do campo, onde acho que ele acaba sendo mais protegido a mudanças de direção em espaço curto, como acontecia no slot.

Ele muda de direção no momento do passe de Matt Stafford. Ele não chega para desviar o passe, mas com chance para desferir um big hit, totalmente legal. Ainda bem que retiraram a falta pouco tempo depois.

Witherspoon perde na linha de scrimmage no combate físico contra o TE. Isso deixa o CB atrás um ou dois passos e seria suficiente para Josh Allen conseguir o TD. Bryant percebe que precisa ajudar, acompanha o adversário e ataca a bola no momento certo. Nem atrasado para permitir o TD, nem cedo demais que poderia gerar uma penalidade.

💰Renovação

Algumas renovações e contratos recentes:

Julian Love: 3 anos, 33M;

Amani Hooker: 3 anos, 30M

Jeremy Chinn: 2 anos, 16.25M;

Darnell Savage: 3 anos, 21.75M;

Donovan Wilson: 3 anos, 21M;

Brandon Jones: 3 anos, 20M;

Elijah Molden: 3 anos, 18.75M;

Acho que tendo como base os valores dos contratos acima, Coby Bryant deve estar procurando algo entre 6-8 milhões por ano. Minha projeção é 3 anos e 19.5M.

Conclusão: um novo Coby Bryant, mesma mentalidade competitiva

A transição de Coby Bryant para safety em 2024 não foi apenas um ajuste de posição — foi uma reinvenção. Ele manteve o espírito combativo e a inteligência que o destacaram como nickel corner, mas agora com uma visão mais ampla e responsabilidade maior. O resultado foi uma temporada sólida, confiável e promissora, em que se mostrou peça versátil para múltiplas formações defensivas.

Se continuar evoluindo tecnicamente como demonstrou em 2024, Bryant pode se estabelecer como um safety titular de longo prazo e até brigar por maior reconhecimento. Para os Seahawks, ele se tornou um destaque silencioso, porém vital, em uma defesa em transição sob nova filosofia.

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