Devon Witherspoon: O Pilar da Nova Defesa de Macdonald?

Em sua segunda temporada, Witherspoon reafirmou sua posição como coração e alma da secundária dos Seahawks. Com Mike Macdonald no comando, ele foi peça fundamental em transformar o estilo defensivo de Seattle: agressivo, versátil e físico .

Se 2023 foi a explosão de Devon Witherspoon na NFL, 2024 foi a confirmação de que o cornerback dos Seahawks não é só um playmaker momentâneo — é uma peça central de uma defesa moderna e versátil, com capacidade para alinhar em diferentes funções e impactar o jogo de formas variadas. Com Mike Macdonald assumindo o sistema defensivo, Witherspoon foi utilizado como corner externo, slot e até safety rotacional em formações disfarçadas, o que colocou sua inteligência e técnica em constante evidência.

Neste texto, analisamos os pontos fortes e limitações técnicas do camisa 21, sua performance em 2024.

📊 Dados e Avaliação – PFF

Nota geral 76.1 — 20º entre 222 CBs
Pass rush grade 78.3 — 14º melhor
Run defense grade 90.0 — 3º melhor entre CBs
Tackles solo 80 — 1º entre CBs
Pressures totais 8 — 6º entre CBs
Paradas em corrida 39 — 1º entre CBs

Witherspoon foi top 10 entre todos os cornerbacks da NFL segundo a PFF, e liderou os Seahawks em stops defensivos em terceiras descidas. Seu impacto vai além da estatística — ele muda o comportamento dos QBs adversários.

♟️Versatilidade de Alinhamentos


Com Mike Macdonald, Witherspoon foi o coringa da defesa. Alinhou:

  • 53% como slot corner;
  • 28% como boundary corner (externo);
  • 14% como safety em rotações disfarçadas;
  • 5% como blitzer em pacotes Nickel/Big Dime

Sua capacidade de disfarçar coberturas e atacar em blitzes sem comprometer o sistema fez dele o defensor mais versátil da unidade.

Normalmente as blitzes de nickel vem do EDGE.  Mike Macdonald chama uma blitz com o Mug Front (dois LBs nos A gaps) e isso acaba deixando o center contra dois jogadores, a pressão chega o Sam Darnold basicamente joga a bola fora.

Ele não conseguiu números expressivos de sack ou interceptações, mas, por vezes, ele criou jogadas. Por isso que veio o termo “force multplier”. Nessa jogada, se ele não consegue pressionar Brock Purdy, ele provavelmente teria 3 alvos nas costas da defesa dos Seahawks. Apressado, o QB não conseguiu completar o passe.

🛡️ Defesa Corrida

Sua presença no front da defesa foi impressionante:

Dito por PFF como o CB com mais tackles solo (80) e SI destacou que Spoon foi o CB mais presente no suporte à corrida, com tackle médio de 3,8% dos snaps.

Spoon é um tormento para os esquemas de bloqueio. É rápido para tentar escapar dos TEs e OLs e consegue ser físico para tacklear RBs mais pesados, como Javonte Williams nesse lance, em campo aberto no 1v1.

Rapidamente identifica a jogada, e parte para o backfield onde consegue mais um TFL.

Às vezes o preço é cobrado. Ele se prepara para defender a corrida e o segundo que ele leva para perceber que seria um passe, parece uma eternidade, dando o espaço para o TE marcar o TD.

🔨 Mentalidade Agressiva

Devon Witherspoon, CB, #21

Todos sabem que Spoon é um CB um pouco undersized. Mas, sua mentalidade é similar a de um cara grande tal qual Kam Chancellor.


Ele processa bem a jogada, tenta desferir um tackle agressivo contra o RB, perde o tackle contra um belo stiff-arm. A análise da jogada poderia terminar por aí, mas não com Spoon. Depois do erro Spoon não desacelera, pelo contrário, ele continua batalhando e toma bom ângulo para evitar um estrago ainda maior.

Boye Mafe perde um TFL aparentemente fácil. A defesa de Seattle erra tackles e ângulos e o RB tem um caminho livre a sua frente. Spoon que alinhava do outro lado consegue chegar e fazer o tackle. Vale lembrar que nesse jogo fomos para o OT e os Pats tinham a vantagem nesse momento. Um TD aqui e o resultado poderia ter sido uma derrota.

Talvez nenhuma jogada expresse melhor o que é Spoon e sua temporada como foi essa. A pick six de Coby Bryant foi fantástica, mas ela só acontece por conta do CB. Os Cardinals estão numa 4th&1 e tem James Conner no backfield para tentar converter. Talvez, correr pelo meio fosse realmente a melhor solução aqui.

Contudo, Kyler Murray fica com a bola. Spoon tinha vindo de forma agressiva para tentar ajudar a parar Conner, no que seria uma situação favorável ao ataque dos Cards. Ele percebe que Murray ficou com a bola e consegue mudar rápido de direção, impedindo que o QB corresse para o first down. Mas, ele ainda faz mais.

Ele pressiona KM que lança um passe ruim, sendo interceptado. Ao seu melhor estilo, ele provoca o adversário, percebe que precisa ajudar nos bloqueios, se sacrifica contra um cara bem maior que ele e, após conseguir o bloqueio, provoca novamente.

🎯Coverage

Se ele consegue a interceptação aqui seria uma das jogadas do ano. Ele acompanha seu recebedor e passa ele para o safety, volta os olhos para o QB e muda de direção para desviar o passe.

Os Lions atacam com uma ameaça em três níveis: rota curta, intermediária e longa. Spoon não pode morder rapidamente nenhuma delas. Ele permanece paciente contra a Sail, lê os olhos do QB, fica em posição de defender a jogada e vai fazer o tackle.

Spoon cobre a zona curl e mantém os olhos no QB. Apenas no momento que o passe é lançado ele sai de sua zona para fazer o tackle. Um conceito chamado CoF, Curl over Flat.

Excelente compreensão da jogada. Ele cobre seu WR, mas mantem os olhos no ataque. Percebe a rota cruzando o campo de George Kittle, passa seu recebedor para o safety e desce para desferir um forte tackle contra um jogar muito mais pesado que ele.

Uma de suas técnicas preferidas é a “catch-man” que usa para leitura de quadris do recebedor. Normalmente é usado em off-coverage, mas ele emprega alguns de seus princípios aqui e consegue desviar o passe.

A técnica “catch man” no futebol americano é uma estratégia defensiva em que um defensive back (DB) realiza uma cobertura off-man, permitindo que o recebedor se aproxime dele antes de se envolver e interromper a rota. É uma técnica usada para “pegar” o recebedor conforme ele se aproxima, em vez de pressioná-lo agressivamente na linha de scrimmage. É frequentemente usada quando a defesa está jogando em cobertura off-man e quer evitar ser batida em profundidade. Também pode ser eficaz contra recebedores que são conhecidos por seus releases rápidos ou underneath routes. Por isso, além de agressividade no contato, ele exige um bom conhecimento de padrões ofensivos e rotas.

Aqui está um detalhamento da técnica:

1. Posicionamento Inicial:

O DB normalmente se alinha a alguns metros do recebedor, não em posição de press, mas em off coverage. Isso permite que o DB leia o movimento inicial do recebedor e reaja de acordo.

2. “Pegando” o Recebedor:

O objetivo é atacar o quadril do recebedor que esteja mais próximo do DB, mantendo o leverage e o controle. O DB usará as mãos para interromper o timing e a trajetória do recebedor, “pegando” o recebedor conforme ele se move.

Esse foi um “conceito” muito usado por Mike Macdonald na defesa. A secundária corre para defender a linha de primeira descida e no front-seven ele cria uma pressão criativa. O QB não tem saída a não ser achar um passe rápido e curto. Spoon está atento e voa para fazer o tackle.

Os Rams estão numa 3rd&3. Eles tentam conectar com Cooper Kupp (agora jogador de Seattle) numa rota rápida cruzando o campo. A ideia é criar congestionamento e impedir que algum defensor chegue a tempo. Spoon consegue defender com maestria.

Os Seahawks mandam cinco na pressão, tem um 1 safety no fundo do campo e o resto do time marca de forma individual. CMC no slot executa uma pivot/whip route, mas Spoon está com ele. Brock Purdy ao sentir a pressão, ainda assim passa no que ele acha que seria seu checkdown. Devon Witherspoon ataca a bola que fica pendurada e cai no colo do NT Johnathan Hankins para sua primeira interceptação da carreira.

🔍 O Que Ainda Pode Melhorar

Ainda sem interceptações em 2024, menor produção em turnovers, e o rating permitido subiu ligeiramente .

A unidade secundária cedeu algumas jogadas longas — sabotadas pela boa cobertura, ainda que não perfeita .

1. Penalidades e agressividade exagerada:


Algumas vezes, a sua qualidade pode se tornar um defeito. O que faz Spoon um jogador diferenciado, é sua mentalidade agressiva, mas, em alguns momentos ela vai cobrar seu preço. Aqui, ele tenta fazer a jogada arrancando a bola do RB, mas acaba perdendo o tackle.

Sua agressividade pode ser um problema. Witherspoon cedeu 6 penalidades em 2024 (4 por illegal contact ou holding), principalmente quando alinhado como outside corner.

Além disso, principalmente no começo do ano, Spoon cometeu algumas faltas totalmente desnecessárias, como essa do lance acima.

2. Double Moves:

Quando atua na boundary mostra vulnerabilidade a double moves, especialmente contra recebedores velozes. Ele tende a morder o primeiro corte e confia demais na recuperação. Isso custou 2 touchdowns em bolas profundas durante a temporada.

3. Pad level em blitzes fora de timing:

Em algumas jogadas, seus blitzes chegaram com atraso ou sem ângulo definido, o que o deixou exposto no backfield ou causou desajuste na rotação da cobertura.

✅ Conclusão

Devon Witherspoon consolidou-se como o espinha dorsal da defesa de Mike Macdonald. Ele trouxe fisicalidade, energia, versatilidade, habilidade em blitz e domínio contra o jogo corrido. Apesar de faltar um pouco na estatística de turnovers, foi sem dúvidas o melhor cornerback do Seahawks, único no Pro Bowl e peça-chave de uma defesa que começa a ganhar identidade em Seattle.

Devon Witherspoon em 2024 não foi apenas um excelente cornerback — ele foi uma ferramenta tática de elite. Com agressividade natural, técnica refinada e inteligência acima da média, ele se tornou a espinha dorsal da defesa de Seattle. Se corrigir excessos de contato e refinar sua disciplina em marcação fora do slot, pode se tornar um All-Pro regular.

Os Seahawks têm em mãos um dos jogadores defensivos mais completos da NFL moderna — e isso custará caro em breve. Mas ao que tudo indica, valerá cada centavo.

Forever a 12s!

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