Nesse post iremos falar da defesa a corrida. Algo que vem dando dor de cabeça a Seattle, há algum tempo.
Quais fatores definem um front e como ajudam na corrida?
Basicamente os pontos são:
- O alinhamento do jogadores da linha defensiva;
- O alinhamento dos linebackers ;
- Qual técnica de gap, cada jogador da linha defensiva usará (1-gap ou 2-gap)?
Existem uma infinidade de fronts. Já que não temos todo tempo do mundo para isso, vamos falar apenas de 4: Okie, Over, Under e Bear.
Okie Front
Nesse tipo de front, os guards não tem ninguém a sua frente. Temos um nose tackle, alinhando como 0-tech e dois 4-tech.
Créditos para o Site Play Action FA.
Todos os jogadores da linha de defensiva usam a técnica de 2-gap, dessa forma, os linebackers não tem responsabilidade direta em defender um gap. Para esse front os DLs precisam ser grandes e fortes pra dominar o bloqueio do jogador da OL e realizar a técnica 2-gap.
Esse tipo de front também costuma usar de muitos Slants e Stunts entre os DEs e os LBs. Isso acontece para que os guards fiquem atentos e não atacam diretamente os LBs, já que não terão jogadores à sua frente. O grande problema é a falta de jogadores que possam usar essa técnica o tempo todo e se manterem descansados.
De toda forma esse front está caindo em desuso, com as formações Spread e chamadas de Read Option.
Over Front
Nesse tipo de front, teremos o center e o guard do lado forte da formação (lado que tem o tight end cobertos), e por consequência o guard do lado fraco da formação fica sem ninguém a sua frente.
Assim, o lado forte da formação vai estar mais protegido. Isso acontece porque teremos um jogador alinhando na defesa do gap B, que normalmente é para onde se destinam as corridas. Como os ataques costumam correr pelo lado forte da formação por ter mais bloqueadores, o front Over é um dos tipos de front mais comuns e usados por defesas que preferem usar a técnica 1-gap.
Under Front
É o contrário do Over. Nesse caso teremos coberto o guard do lado fraco da formação. Em Seattle o nome desse Front é FRISCO.
https://twitter.com/i/status/1189623352186560513
Com isso, a defesa fica em um alinhamento favorável contra uma corrida pelo lado fraco da formação. O linebacker SAM vem para próximo da linha de scrimmage para defender o gap D. O alinhamento Under favorece bastante o DT e o DE alinhados no lado fraco da formação, pois, nesse alinhamento é muito difícil para o ataque fazer um combo block contra um deles ou dedicar mais de um jogador da OL para bloquear contra o pass rush deles.
https://twitter.com/i/status/1189623549176221701
“Família” Bear
https://twitter.com/alexcastrofilho/status/1273822998756122625
Em um front da “família” Bear, o center e os dois guards estão cobertos.
Com os jogadores do interior da OL cobertos, esse front é muito forte contra corridas entre os OTs, pois ocupa os gaps internos e livra os linebackers atrás da linha de serem diretamente bloqueados pelos guards e pelo center.
No entanto, com muitos times adotando o jogo de corrida por zona e corrida fora dos offensive tackles, hoje esse tipo de front é usado de forma situacional. Normalmente isso é mais usado em situações de Redzone ou próximas a linha de gol.
Variação de Pete Carroll
https://twitter.com/alexcastrofilho/status/1273823170387156993
Nesse caso, Carroll mescla conceitos de 3-4 numa defesa 4-3. Ele adiciona ao NT e o LE obrigações de 2-gap. O WILL e MIKE linebackers vão ficar, nesse caso, com mais liberdade para fazer jogadas decisivas com base em seus instintos lendo o quarterback e o desenvolvimento daquela chamada específica. Quando você tem dois LBs, extremamente instintivos como Wagner e Wright, é um encaixe perfeito.
https://twitter.com/cortesrapinas/status/1240802357274906625
Isso dá ao time mais condições até mesmo de ser mais criativo no seu playbook no aspecto da cobertura aérea e seus disfarces, podendo mexer no alinhamento dos seus linebackers com mais tranquilidade, além de ajudar a defesa de corrida.
https://twitter.com/i/status/1204207703167569921
Para Seattle, liberar os linebackers de uma responsabilidade direta no combate a corrida, pode ser uma boa ideia.
Pirate contra a corrida
Pirate é a chamada de Pete Carroll adicionou a sua cover 3 tradicional. Ela é chamada a partir de um Over Front, que em Seattle é chamado de “Boston“. Parte sempre do lado do 3-tech. Enquanto isso, os jogadores do segundo nível correm na direção oposta, tentando se aproveita do espaço gerado pelos DLs.
https://twitter.com/i/status/1189624485290348544
A variação disso, se chama Pirate stunt, que consiste em não atacar o gap imediatamente a sua frente, mas sim o mais interior. Então, se você é o DE e está do lado de fora do OT, ao invés de ir atacar esse espaço (entre o OT e TE), você vai para o gap de dentro (entre o OT e OG). Isso também partindo do lado do 3-tech.
https://twitter.com/i/status/1204744660817784832
Percebam que Green alinha no ombro de fora do OT, mas ao invés de atacar esse gap, ele vem para dentro, assim como Al Woods.
Fist contra a corrida
Essa é a chamada de linha defensiva “Fist” de Seattle. É essencialmente uma chamada automática da formação Boston. Acontece da seguinte forma: o jogador da 5-tech se move para dentro se tornando um 4-tech, alinhando exatamente à frente do tackle. Aliado a isso, o SAM linebacker vem para linha de scrimmage, esse alinhamento do LB, ele adicionam o nome de “Cheat Stone”. Se o guard fizer o pull, o nose tackle não avança no espaço a sua frente, e segue o puller. Isso se deve ao alinhamento mais próximo do defensive end do lado fraco, e requer que a 4-tech jogue numa leitura 2-gap.
https://twitter.com/i/status/1249826745848602631
Aqui não existe o pull, e vemos L.J. Collier fazendo talvez a única boa jogada dele no ano. Faz o trabalho de 2-gap, e consegue chegar no corredor.
https://twitter.com/i/status/1174018549003771904
Al Woods faz um excelente trabalho aqui, percebe que o guard fez o pull e não ataca diretamente o espaço a frente. Detalhe, se você for extremamente atlético a ponto de conseguir chegar lá no outro lado, ok, siga o caminho. Mas como não é assim, Woods, faz a leitura correta. Isso lhe deixaria em desvantagem ao RB. Ele se move lateralmente e consegue fazer o tackle.
Tan-Zero-Tan
https://twitter.com/alexcastrofilho/status/1204400122660040706
São atribuições para os LBs de marcarem os espaços internos entre os jogadores de linha defensiva. Quem marca o espaço entre os DTs, chamamos de Zero, de Zero Tech. Quem cobra o lado de fora de cada tackle, chamamos de Tan.
https://twitter.com/i/status/1204743752629272577
No lance acima, Bobby Wagner cobre o gap entre o DT e o DE.
Comet Bail
Essa técnica é para quando o time marca em zona e não há WR do lado da formação. No caso o CB fica de olho no TE, que está colado na linha ofensiva, formando a “Nub Formation“. A técnica consiste em atacar agressivamente (papel conhecido como hammer) a corrida jogando o corredor para dentro da linha ou ao menos fazer com que o RB tenha que pegar um caminho mais longo, caso tente ir pela lateral.
https://twitter.com/i/status/1204745291473334272
Texto adaptado de:
https://www.si.com/nfl/seahawks/news/seahawks-de-rasheem-green-emerges-as-elite-run-defender
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