Os Seahawks tem tentado testar a fé de seus torcedores ao máximo. Como falamos em alguns textos e neste podcast, o caminho de Seattle para os playoffs não dependia (matematicamente) desse jogo. O grande problema era o fator moral, e as coisas saíram ainda pior do que o esperado. O time não só perdeu, mas ainda sofreu seu primeiro shutout (jogo em que o time perde de zero) da era Russell Wilson.
Seattle Seahawks 0 x 17 Green Bay Packers
Isso aumentou ainda mais a importância dessa partida. Além de fugir de um 3-6 e tentar sair da LANTERNA da divisão, é um confronto direto dentro da divisão. Não que iremos precisar numa disputa direta contra os Cardinals, mas quanto mais vitórias dentro da NFC, melhor para outros possíveis candidatos pela vaga 3 do Wild Card, que hoje é basicamente nossa única esperança.
Vamos lá!
Como defender Kyler Murray?
Murray perdeu as últimas duas semanas com uma torção no tornozelo e Kliff Kingsbury e o próprio QB indicaram no início desta semana que Murray tem “uma chance” de jogar no domingo. De forma que eu acho muito difícil não ser Murray, depois do sacode que levaram contra os Panthers e até o reserva de Murray, o carrasco de Seattle Colt McCoy também ter se lesionado.
Análise Seattle Seahawks 12 x 17 New York Giants
Murray está liderando a NFL em porcentagem de passes completos por uma margem saudável, auxiliado por seus recebedores, que têm o segundo menor número de passes dropados na NFL. Ele mudou seu jogo significativamente. Ele refreou amplamente suas tentativas de corridas em 2021. Até agora, neste ano, ele só tem 147 jardas corridas em oito jogos. Para efeito de comparação, ele ganhou mais jardas corridas apenas nos primeiros dois jogos da temporada passada.
Este ano, ao ser blitz, ele tem uma classificação de 142 QB, 27 first downs, sete touchdowns, apenas uma interceptação e só foi sacado sete vezes. Para efeito de comparação, na última temporada, quando sofreu uma blitz, sua classificação no QB era de apenas 88, com apenas cinco touchdowns em toda a temporada.
Tomando como exemplo o jogo contra os Packers, os Seahawks não confiaram no seu pass rush e preferiram dropar mais jogadores na marcação do que enviar blitz. Isso parece ter dado certo e o time conseguiu segurar o zero no placar dos Packers durante 3 quartos.
A linha ofensiva precisa acordar!
Quando você tem um QB voltando de lesão e uma de suas piores unidades é a linha ofensiva, é algo bem complicado. Além de não passar confiança alguma no jogo corrido, quando a questão é proteger seu QB, as coisas ficam piores ainda.
Raio-X: Os problemas da linha ofensiva de Seattle
O desempenho ruim era tão sabidamente conhecido que os Packers não se deram o trabalho de mandar blitz para RW. Eis alguns números do Next Gen Stats:
- Taxa de box leve (6 ou menos defensores): 97% [maior número da liga esta temporada];
- Taxa de Blitz: 19%
Os Packers conseguiram obter pressão sem blitz, gerando 13 pressões e 3 sacks com quatro ou menos pass rushers (taxa de pressão de 37,1%).
Russell Wilson sem alinhar contra blitz
- 15/32, 145 jardas, 2 INT (-8,8% CPOE);
- -20,8 EPA (menor dos últimos seis anos);
O que esses números indicam?
Os Packers abriram as portas par ao jogo corrido, e não corremos. E conseguiu pressão sem expor sua secundária que estava com Stokes voltando de lesão e sem Alexander. Mesmo alinha 5×4 a linha ofensiva não conseguiu segurar os jogadores cedendo 3 sacks inclusive.
Duane Brown não está no seu melhor ano e saiu da última partida com uma lesão no quadril. Até o momento sua participação é incerta. Vale lembrar que Jamarco Jones foi titular como LT, ele foi OBLITERADO por Chandler Jones. O time perdeu JJ Watt para temporada, mas ainda tem um front forte que deve botar bastante pressão em Wilson e deve se atentar ao que os Packers fizeram para tentar a sorte contra Seattle.
Russell Wilson precisa voltar à sua origem
Seattle é um time que sempre foi conhecido por “pegar no tranco”. O time sempre começava devagar, e em novembro começava a jogar num nível bem acima do antes visto. Nos últimos anos, pelo menos os últimos dois, não vimos essa grande mudança, principalmente no ataque.
Nos dois anos Wilson começou como um sério candidato para MVP e terminou da forma que sabemos que terminou. Se os Seahawks querem sonhar com pós temporada, Wilson vai precisar “ligar esse modo” para conseguirmos chegar lá.
O grande problema é que hoje a gente não sabe quem é o Wilson que vai entrar em campo. Assistindo a última partida, ouso a dizer que não vimos NENHUM, repito, NENHUM passe do QB com o selo de qualidade Wilson. Se você dissesse que era qualquer outro QB mediano lançando aquelas bolas seria fácil de acreditar.
Russell Wilson estava pronto para voltar?
Eu penso que seja bem difícil ver o mesmo Wilson do último jogo, e que o QB vai ter uma exibição melhor. O quanto melhor? Não saberia dizer. Vai ser o suficiente para vencer os Cardinals? Sei menos ainda.
Um ponto importante é que os Seahawks mudaram TODAS as suas formações para shotgun para ter menos impacto no dedo de Wilson. Isso mostra que o QB não estava pronto para voltar. Se nesse jogo, tivermos alguns lances under center, será um bom indicativo.
Ainda sobre plano de jogo, acho que Waldron deu opções de passe curto para Wilson, mas o QB preferiu arriscar em passes longos para mostrar que já estava recuperado. Os Packers pararam o ataque em profundidade dos Seahawks, permitindo apenas 2 conclusões em 15 tentativas em mais de 10 jardas aéreas. Russell Wilson não conseguiu completar nenhum de seus 7 passes dessa categoria, foi seu pior desempenho na era do Next Gen stats, que gerou essa stat.
Dos 4 passes para mais de 15 jardas que Wilson mandou tivemos:
- Uma interferência defensiva;
- Uma interceptação;
- Dois passes incompletos que deveriam ter sido interceptados;
Obviamente o plano de jogo deveria ter tido mais corridas, para preservar Wilson. Mas independente disso, o QB precisa aceitar que ainda está em recuperação que é melhor ganhar com “gol de barriga” mas ganhar, do que tentar mostrar a todos que ele é elite e perder.
Go Hawks!