Raio-X: A eficiência do ataque de Seattle na Redzone

Um ponto que vem chamando bastante a atenção do time, é o aproveitamento na redzone. Ano passado tínhamos 65% e esse ano temos 77% e somos líderes da NFL nesse quesito, juntamente com os Cowboys.

Como o trabalho na redzone mudou, de Darrell Bevell para Brian Schottenheimer

Um dos responsáveis por isso é Brian Schottenheimer. Vou arriscar e dizer isso logo no começo do texto arriscando que você pare de ler agora. Não faça isso, leiam os argumentos para isso. BS tem explorado uma diversidade de conceitos e finalmente usando o que ele tem de melhor a disposição. Inclusive começando a usar o jogo aéreo para ajudar a estabelecer o mantra de Carroll do jogo corrido.

Como demonstrado no link do texto anterior, as chamadas de Bevell principalmente nesses tipo de jogada eram bem previsíveis. Brian tem usado diferente formas de atacar os espaços e para estar lendo e estudando mais as defesas adversárias. E por diversas vezes tem deixado Seattle em matchups favoráveis.

Chris Carson – Touchdown – Bengals Week 01 – (1/1)

Primeira ida de Seattle a redzone, não poderia haver outra chamada que não fosse uma corrida. Mas brincadeiras e irritações a parte, essa chamada foi mais que correta aqui. Seattle veio com 3 recebedores para espalhar a defesa dos Bengals e com George Fant alinhando como sexto homem da OL. No segundo vídeo, dá para ver claramente o espaço que fica no meio da linha, o que meio que demonstra que o time estava esperando um passe de Wilson.

Graças ao belo trabalho de Fluker empurrando para um lado e Ifedi e Fant empurrando para o outro, um espaço ainda maior surgiu e Carson pode avançar tranquilo para seu primeiro TD na temporada.

Chris Carson – Touchdown – Bengals Week 01 – (2/2)

O time de Seattle alinha com dois recebedores de um lado (Vannett e Lockett) e dois do outro (Metcalf e Brown). No começo da jogada, o safety estava próximo do box, mas pouco antes do snap ele recua, dando a indicação de Cover 2, que é uma ótima opção para defender a redzone.

Os linebackers vem na blitz pelo meio deixando Carson “livre” para escapar pelo lado direto. Aí vem o detalhe da jogada: o posicionamento do CB daquele lado. Ele fica bem recuado de forma que ninguém marca o flat, a rota que Carson executa. Além disso a rota de Lockett ocupa o meio de dois defensores, deixando eles hesitantes.

Quando Carson recebe a bola ele tem um espaço para avançar devido o CB recuado e a rota de Lockett, mas o caminho para endzone não está livre. Ele precisa escapar de dois tackles antes de alcançar o TD. Essa jogada só terminou em pontuação pelo bom trabalho de Carson, ninguém conseguiu muita vantagem a e OL iria ceder aos avanços da pressão.

Eu tentaria um passe em Lockett, mas ele está de costa e não conseguiria ter nenhum avanço após a recepção. Em tese Carson teria espaço para avançar até mais ou menos a altura onde Lockett poderia receber esse passe. A questão é que ele está de frente e vindo em velocidade a PROBABILIDADE de avanço após a recepção era bem maior com Carson. Mas repito, não foi a melhor escolha aqui.

Apesar de soltar a bola rápido e se aproveitar da agressividade nesse passe curto, precisaríamos de uma jogada mais bem desenhada. Vale salientar que os TEs poderiam ser bem úteis aqui e nesse jogo basicamente passaram em branco.

Análise Cincinnati Bengals 20 x 21 Seattle Seahawks

Will Dissly – Touchdown – Steelers Week 02 – (3/3)

A identificação rápida da cobertura foi a solução de Brian Schottenheimer nesse lance. Aqui, Tyler Lockett se movimentou da direita para esquerda; Sendo assim, Seattle mudou sua formação de 3×1 para 2×2. Os Steelers estavam em nickel. O movimento pré-snap de Lockett foi seguido pelo Safety Terrell Edmunds. Isso disse a Wilson que a cobertura era de homem para homem. Dado o posicionamento de Sean Davis, provavelmente a defesa estaria em Cover 1.

Análise Seattle Seahawks 28 x 26 Pittsburgh Steelers

O Steelers posicionou Mark Barron para além do posicionamento de Dissly e TJ Watt correu em diagonal em direção ao QB. Dessa forma Dissly saiu da linha sem ninguém para atrapalhá-lo. Por trás da blitz, Pittsburgh estava realmente na cover 1. Isso foi esclarecido para Wilson pela rota percorrida flat por C.J. Prosise. Esse balanço agiu como uma cobertura mais clara do tráfego e identificou mais coberturas, forçando Edmunds a sair rapidamente, para evitar ser batido.

Dissly encarou Bush (um linebacker). Os Steelers provavelmente gostaram desse cenário, dado que Bush correu 4,43 40 a 234 libras. No entanto, Bush também tem 5’11 enquanto Dissly tem 6’4″ e 265 libras trazendo uma certa diferença física.

Wilson lançou uma bela bola para Dissly, longe do safety Davis e por cima de Bush. Dissly conseguiu criar separação e tinha espaço a sua frente. Ele recebeu a bola no ponto mais alto, de forma perfeita. Sensacional para quem era DT alguns anos atrás.

Will Dissly – Touchdown – Steelers Week 02 – (4/4)

O movimento pré-snap de Lockett disse a Wilson que a cobertura era zona, já que o CB Steven Nelson não o seguiu pelo campo. Como resultado, Lockett “retornou” de volta à posição inicial. Pittsburgh estava em nickel. Munido da informação que era uma defesa em zona, Wilson provavelmente estava pensando em Dissly como sua primeira leitura. No entanto, pouco antes do snap, Wilson fez bem em detectar o blitz de nickel de Mike Hilton.

Após o snap, o Steelers jogou regras de 3 no meio e 3 no fundo (3-deep, 3-under) que tiveram seus jogadores da zona underneath, incorporando técnicas de “hot defenders”(faremos um post explicando isso).O design da jogada de Schotty, 4 verticals, realmente mexeu com Pittsburgh aqui. Chris Carson, no flat tornou-se o jogador “Hot 2” para Edmunds. Como resultado, Edmunds desocupou o espaço Seam e foi com tudo para cima de Carson, tentando antecipar o lance.

Dissly novamente teve zero contato na linha e uma liberação gratuita para a rota Seam. Bush, como defensor do “Hot 3”, provavelmente pensou que estava correndo para o fundo do campo. No entanto, o fato de Edmunds ser atraído por Carson no flat significava que Bush foi encarregado de marcar Dissly.

Dissly teve a vantagem inicial e leverage, Wilson lançou para ele no Seam. Bush não chegou nem perto de fazer uma jogada, pois tudo aconteceu rápido demais e a pequena confusão criada entre Bush/Edmunds desorganizou a defesa. Novamente, o passe de Wilson foi no back shoulder, longe de Davis, o safety que cobria o meio do campo.

Mais uma vez, Dissly mostrou habilidades impressionantes na bola. Desta vez, ele optou por uma recepção mais baixa. Ele então absorveu o contato de Davis para marcar seu segundo TD.

Tyler Lockett – Touchdown – Saints Week 03 – (5/5)

Wilson faz um pequeno ajuste no começo da jogada. É possível identificar uma Cover 2, que como foi dito anteriormente é bom para defender o espaço curto. Seattle decidiu atacar usando o conceito smash (na verdade é um fake smash). 3 recebedores de um lado e 1 do outro. Quando um time ataca com esses 3 chamamos de “trips”, modo que sempre causa dores de cabeça aos coordenadores defensivos.

Player of the week: Tyler Lockett

Um dos modos de defender é fazer com que o LB atrapalhe a rota, já que ele não terá tanta velocidade para acompanhar recebedores rápidos e o safety e o CB do lado da jogada pegarem as rotas verticais. Esse modo de defesa se chama Stress.

Brown e Lockett saem para executar suas rotas, simulando um smash. Só que aí vem a mágica de BS, Brown ao invés da corner executa uma post puxando o defensor. Lockett por sua vez ao executar a hitch ele não para e vai para corner livre, livre. Além do conceito, a vantagem física WR x LB permite o TD.

Moore, fica parado com o CB como mero figurante. Caso o CB que está com ele fosse cobrir o fundo o passe viria para Brown ou para Moore explorar o espaço.

Russell Wilson – Touchdown – Saints Week 03 – (6/6)

Nesse lance a formação demonstrava uma corrida. Dessa forma, BS chama uma jogada que deveríamos utilizar mais: zone read. Wilson não precisa ficar correndo com a bola o tempo inteiro, mas muitas vezes a defesa fica esperando a corrida de Carson (nesse caso era Prosise) pelo meio.

Análise New Orleans Saints 33 x 27 Seattle Seahawks

Wilson fica com a bola, um vez que a defesa foi proteger o meio da linha e o QB sai com a bola pela lateral. Mas Lattimore não avança totalmente e graças a ele Wilson teria que passar por mais um jogador para chegar ao TD. Wilson não só sabe correr, nem é um RB, mas na hora que precisa carregar a bola, ele fica tranquilo. Fintas e uma disputa física com o CB e Wilson chega a endzone. 

Destaque para o SENSACIONAL bloqueio de Dissly , que foi um dos responsáveis por essa jogada dar certo.

Russell Wilson – Touchdown – Saints Week 03 – (7/7)

Jogada improvisada aqui. O time alinha sem ninguém no backfield com Prosise de WR (FAÇAM MAIS ISSO!!!!). O time dos Saints deixa todo mundo marcando em zona, e ao que parece dividiu o fundo do campo entre safeties e CBs, aparentando uma cover 4.  Não gosto desse tipo de chamada dado essa distância.

Playbook 02 – Técnicas de Cobertura de passe

As rotas dos recebedores do outro lado da jogada, prendem os CBs e os LBs deixando os receivers “encaixotados”. Sem opções Wilson segura a bola e tenta ver Prosise. E é essa rota que faz a mágica da jogada. O LB “escolta” Prosise até a próxima zona, que nesse caso da do a distância não era muito necessário. Esses dois passos que ele dá em direção ao meio do campo, são suficientes para abrir espaço para que Wilson marque o TD.

Tyler Lockett – Turnover on Downs – Saints Week 03 (7/8)

Muita gente fala que ele não tem um bom release. Discordo totalmente. Claro que ele não é um Baldwin, mas está longe de ser ruim nesse atributo. Ele bate o CB logo no primeiro passo e fica com um corredor livre. Detalhe: ele espera para ver onde Wilson vai lançar, a melhor jogada aqui seria um passe lá no canto da endzone. No entanto, como a pressão chegou ele teve que se virar e Lockett faz o ajuste da rota mais angulada, quase fazendo uma recepção de única mão. Coisa de detalhe.

Will Dissly – Touchdown – Saints Week 03 – (8/9)

Nesse lance aqui, basicamente talento de Wilson.  A combinação das rotas  não criou espaços na endzone, mas o QB soltou um torpedo num espaço mínimo que o TE conseguiu receber mesmo com a pancada forte.

DK Metcalf – Field Goal – Cardinals Week 04 (8/10)

Marcação individual por parte dos Cardinals. Quando o time sabe disse os recebedores tem que estar sedentos por ganharem separação o quanto antes, porque principalmente na redzone a probabilidade de conseguirem o TD é enorme. A movimentação do RB pré jogada, mostra essa marcação individual.

DK Metcalf, boom ou bust?

O passe de Wilson poderia ter sido um pouco mais no canto, mas com a diferença de tamanho, DK precisava criar uma separação e usar seu corpo e extensão dos braço para fugir de Murphy. Claro que falta agilidade para ele, mas ele poderia ter conseguido isso, puramente na fisicalidade, que ele tem. Ele evoluiu muito nos primeiros jogos e esse foi o primeiro jogo ruim que teve. Ele como arma na redzone deveria ser TD automático, isso porque as defesas vão começar a prestar cada vez mais atenção em Dissly.

Will Dissly – Touchdown – Cardinals Week 04 (9/11)

Linda chamada de Schottenheimer! Aliado a uma pequena confusão na defesa dos Cards, conquistamos esse TD. O LB que marcaria Dissly ficou preocupado com o passe para o RB no flat e acabou cedendo um avanço sem contatos.

A rota de Brown leva com ele o CB Byron Murphy por um milésimo para o meio do campo, deixando o TE livre para receber a bola, sem problemas. Uma bela execução de rota wheel de Dissly (mostrando excelente repertório) e buscando a bola no fundo do campo.. Dado o posicionamento da defesa, o TD era bem provável aqui, seja para Dissly, Carson ou Brown.

Russell Wilson – Field Goal – Cardinals Week 04 (9/12)

Outra jogada bem desenhada. Faltou leitura de Wilson aqui, que foi pressionado devido ao trabalho usual de Ifedi (ou o não trabalho). Carson havia saído livre no flat e recebendo o passe de frente poderia conseguir avançar para endzone, principalmente porque seu marcado havia caído no meio do trafego de rotas. Tirando isso, o passe em si, foi bem arriscado e poderia ter gerado uma interceptação.

O passe para Dissly deveria ter sido lá no canto da endzone. O TE recebeu pressão ao sair da linha, mas mesmo assim conseguiu chegar com boa velocidade, inclusive com o passe nas suas costas ajudou a impedir a INT.

Moore poderia ter feito uma rota melhor trazendo Murphy mais perto da linha e dando mais espaço as suas costas, simulando uma espécie de smash, leitura curta/leitura longa. O field goal aqui foi um lucro para nós.

C.J. Prosise – Touchdown – Cardinals Week 04 (10/13)

Com o jogo perto do fim a questão era correr com a bola realmente. Vale salientar que aqui já tínhamos tido um TD invalidado por uma segurada de Dissly. Que nessa jogada se recuperou e abriu o espaço para Prosise correr. O RB que tinha tido algumas corridas negativas, foi paciente e ágil. Esperou os bloqueios se desenvolverem e quando viu o gap atacou o espaço de modo fatal.

 

É isso, torcida! Go Hawks!

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