Raio-X – Desabafo

Foram exatos 245 dias entre o dia 8 de Janeiro de 2023 e 10 de setembro de 2023, ou melhor, entre a semana 18 da ultima temporada e a semana 1. Foi bastante tempo, mas se por algum motivo alguém tiver dormido todo esse período e acordado apenas no domingo, não estranhará nada. Isso porque o mesmo Seattle Seahawks que venceu pifiamente o acabado Los Angeles Rams, entrou em campo para um replay do jogo contra o rival. Só que dessa vez era o começo da temporada, o rival tinha o QB titular e um cara chamado Aaron Donald na defesa. A sensação que eu tive foi que não parecíamos um time de NFL. Esse Raio-X será um grande desabafo. Vamos respirar e começar.

Pós Jogo Los Angeles Rams 30 x 13 Seattle Seahawks [Week 01 2023]

Batendo a cabeça contra a parede

Foi difícil controlar os nervos e a dor de cabeça que foi ver esse jogo, e a cada passe completo que o Rams conectavam no meio do campo era pior ainda. É um sentimento agoniante, um eterno flashback das últimas cinco temporadas. Umas das definições da loucura é esperar resultados diferentes de um mesmo experimento com as mesmas condicionais. Bom, entra ano e saí ano o mesmo esquema defensivo de Pete Carroll e seus discípulos, apresenta a mesmas falhas, que já foram apontadas aqui nessa mesma coluna, rotas cruzadas e as chamadas Softzone, aquelas marcações em zona que são dignas de aplausos da OMS prezando por isolamento social.

Todos podem ver, eu vejo, você vê, seu amigo que vai assistir o jogo pela primeira vez consegue ver, até seu animal de estimação tem a mesma percepção, não é possível que nossa comissão técnica não tenha percebido ainda. E considerando que ela assim como todos enxergou esse defeito, podemos concluir que o grupo é apenas incompetente, e não faz a mínima ideia de como consertar isso. Eu poderia até levar em conta toda aquela conversa que é a semana 1, o primeiro jogo dos titulares em muito tempo e blá, blá, blá. Mas não foi um problema que surgiu do dia pra noite, é algo que nos assombra a quase meia década.

Execuções Ruins, chamadas piores.

Quero sempre deixar claro que o maior culpado pela humilhação de ontem à tarde é o senhor Pete Carroll, mas eu não poso deixar de reservar um espaço especial para criticar as atuações patéticas dos dois responsáveis por escolher as jogadas a serem executadas pelo ataque e pela a defesa respectivamente, Shane Waldron e Clint Hurtt.

Clint Hurtt merece mais um ano como DC?

Podemos confiar em Shane Waldron?

https://twitter.com/LordReebs/status/1701217072447885670

https://twitter.com/mattyfbrown/status/1701027631683272747?t=I_D7gkzw1hpnY4vBOkiQOg&s=19

Os números acima assustam e muito. Eu não consegui achar uma fonte de dados viável, mas eu tenho quase certeza que foi o menor número de jardas conquistadas pelos Seahawks contras os Rams desde do jogo de 1979, quando terminamos a partida com -7 jardas, o grande responsável por isso, o comandante ofensivo.

Durante a maior parte do jogo, Kenneth Walker teve bastante sucesso correndo com a bola. Ele foi de fato o único jogador que parecia estar em uma temporada nova. Em dado momento da partida o OC simplesmente esqueceu que o time estava correndo bem com a bola. No segundo tempo, com o adversário a frente do placar aí que isso mesmo se tornou inviável. Um bom coordenador deve se adaptar ao jogo, Waldron não fez isso.

https://twitter.com/AquilesWill21/status/1701416436248248599?t=gpXIVKe8wDfgyXpE5AIhzg&s=19

O que falar então de Clint Hurtt, além de tudo que foi dito no primeiro bloco, quis destacar a jogada acima. É uma terceira pra quatro, ou seja, pouca jardas para o frist down. Hurtt decide entrar com uma formação dime, isto é com SEIS jogadores de secundária, é quase que ele avisando para Sean McVay que é para correr. O resultado não poderia ser diferente. Tenebroso.

Estamos em 2023, alguém precisa avisar isso.

Para entender os movimentos de Pete Carroll e seu esquema defensivo, é preciso voltar bastante do tempo. Em seus tempos de juventude, o hoje idoso, jogou na posição de safety na Universidade do Pacifico. Quando decidiu por ser treinador, sua carreira começou justamente como coordenador de secundária na Universidade Estadual de Iowa. Seu primeiro trabalho na NFL, ainda na década de 80 foi no Buffalo Bills como técnico de defensive backs. No nosso título de Super Bowl, o que entrou para a história foi a Legion of Boom, a melhor secundária de todos os tempos.

O ponto que eu quero chegar é: Pete Carroll ama os defensive backs, está no seu DNA, por isso que ele trocou duas escolhas de primeira rodada por Jamal Adams, por isso que ele escolheu Devon Witherspoon na quinta escolha geral. Por essa eterna tentativa de recriar o meio que ele atingiu grandes sucessos em sua carreia, uma secundaria de elite e uma rotação no Pass rush.

O grande problema é que o tempo passou, já fazem 10 anos de 2013, e com uma liga cada vez mais aérea, criou-se a necessidade de pressionar o quarterback mais vezes e com isso os apressadores de passe ganham cada vez mais destaque. Basta olhar para os salários dos jogadores. Segundo o spotrac, entre os 20 defensores mais bem pagos da liga, 1 é de secundária, todos os outros 19 atuam na linha defensiva.

Novos tempos pedem novas vontades, é melhor o Pete Carroll e John Schneider se adaptarem, caso contrario afundam e o pior é que levam a gente junto.

Forever a 12s!

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