Raio-X: Ninguém.

Quando terminou a partida, ou melhor, tortura e a nossa derrota contra o San Francisco 49ers por 36×24 foi confirmada, algumas perguntas ficaram no ar. Para onde iremos? Como vivemos? Será que voltaremos?

E por mais que esses questionamentos possam parecer clichês e batidos, alguns desses podem até fazer sentido. Mas no meio de uma confusão mental sobre tudo que possa envolver nossa relação de amor e ódio com o Seattle Seahawks, a indagação que mais me fez refletir durante os dias subsequentes: QUEM SOMOS?

Existe um mito da Grécia Antiga, muito bem relatado pelo poeta e historiador Homero que pode responder essa pergunta muito bem. O herói Ulisses, ao ser confrontado com o ciclope gigante Polifermo, consegue escapar da caverna do monstro e faz isso mentindo ao ser perguntado sobre o seu nome. Em vez de responder corretamente, ele responde apenas ninguém.

E por mais que seja triste de se admitir, depois de mais uma derrota seguida contra o nosso maior rival, talvez seja o momento que se admitir que a resposta sobre nós já foi dada 3 milênios atrás. Nesse Raio-X, vamos tentar explorar mais esse de ninguém.

Ninguém pensou?

https://x.com/KP_Show/status/1844783529848095079

Muitos consideram a função de chamar jogadas, tanto ofensivamente, como defensivamente, uma arte. É preciso ter um conceito por trás, um plano de jogo que deve ser bem trabalhado durante a semana. Mas também é necessário saber manipular bem o coordenador adversário e se ajustar a cada momento, a casa jogada é uma batalha mental pelos quarto quartos. Parte também dessa arte é sabermos 1,esconder as fraquezas da sua unidade, fazer ao contrário, atacar possíveis falhas do oponente.

Na quinta-feira vimos Ryan Grubb tentar fazer parte disso. Sabendo o quão mal nossa linha defensiva vem jogando, ele tentou usar os screens de maneira mais eficiente, como está na jogada acima. Connor Willams, Laken Tomilison e Christian Haynes permanecem em suas posições para na sequencia tenta avança pro segundo nível.

Só que no caminho tinha Fred Warner. Grubb não pode chamar uma jogada na direção do melhor Linebacker da liga, Geno tinha que localizar o jogador adversário e mudar o lado da jogada. E por último, Tomilison teria que ter dobrado o bloqueio. Houveram três chances e ninguém percebeu.

Ninguém aproveitou as chances.

Em primeiro lugar, jogamos muito mal. Não há como se argumentar ao contrário. Como o nosso próprio treinador, Mike Macdonald, costuma dizer nas suas entrevistas, fomos falhos em todas as três fases do jogo. E em todas as três foram oportunidades em contextos diferentes que gradativamente deixaram uma vitória que seria muito importante cada vez mais longe.

Special Teams: A unidade comandada por Jay Harbough, vem sendo deficitária a desde do começo da temporada. Desde na escolha e principalmente na insistência em Dee Willams como retornador principal de punts (Dwayne Eskridge foi injustiçado?), passando pela quantidade de faltas cometidas. Laviska Shenault pode ter se redimido depois, mas o fumble logo depois do time levar o primeiro touchdown, acaba com a moral de qualquer time.

Ataque: Geno Smith fez de longe, o pior jogo dele na temporada por uma boa margem. A linha ofensiva conseguiu o feito de continuar sendo péssima. Os recebedores continuaram dropando bolas. Poderia escolher algumas situações nas partida, mas todos sabemos qual foi a mais importante. 23×17 no terceiro quarto, ataque no campo pra virar o jogo. Primeira pra 18, a interceptação que acaba com o jogo.

Defesa: Vamos ser mais direto ao ponto. Primeira pra dez, 1:39 no relógio, três tempos pra pedir. Eu, você leitor, e o Lumen Field inteiro sabia que os 49ers iram correr com a bola. O resultado? Corrrida gigante para o rival e fim de jogo.

Todas as unidades do time tiveram chances, ninguém aproveitou.

Identidade.

Imagem

Quando pensamos em times vitoriosos, temos que considerar fatores muito maiores do que bom jogadores e uma boa comissão técnica. É necessário ter uma cultura, aspectos como mentalidade vencedora, capacidade de se reerguer depois de adversidades, estar sempre cem por cento focado na partida. Mas do que tudo isso, é preciso se implementar uma identidade. O quê o Seattle Seahawks faz bem? Quais são nossas jogadas mais efetivas? Como tentamos dominar partidas? Quais são os passos que devemos cumprir pra chegar nas vitórias?

Esses são exemplos de algumas perguntas que precisam de todo jeito serem respondidas até o final da temporada. Mais do que vitórias, penso que esse deve ser o objetivo da comissão técnica até o final do ano. Se não fomos ao playoffs, mas terminarmos a temporada com o caminho claro para o futuro, vou estar mais que satisfeito.

Em histórias fantásticas de heróis e monstros, pode ser uma alternativa boa não ser ninguém. Já na NFL uma ter uma identidade significa estar pelo menos 5 passos mais próximo do Vince Lombardi.

One Reply to “Raio-X: Ninguém.”

Deixe um comentário