Se tem uma coluna que todo começo de ano eu me pergunto em que altura irei escrever é essa. Eu tinha esperanças de quem sabe só escrevê-la em Fevereiro, mas o destino não quis assim. Escrevo aqui exatamente pós nossa derrota, para que possa deixar aqui toda a emoção e você torcedor também possa se sentir representado.
Verdades inconvenientes que ninguém quer ler sobre o fim da temporada
Verdades inconvenientes que ninguém quer ler sobre o fim da temporada [2]
Aqui não é uma caça as bruxas, mas até em projetos que dão certo, é possível achar defeitos, imagine num projeto que terminou numa derrota para um QB sem dedo.
Análise Los Angeles Rams 30 x 20 Seattle Seahawks
Vamos lá!
Em busca do equilíbrio!
A única regra sobre a NFL é que não há regras, não há receita mágica. Times que só passam não se sustentam. Times que só correm não vão longe. Times que não conseguem passar, não vão virar jogos. Times que não sabem correr, não vão controlar relógio. A real mágica é olhar determinadas situações e analisar o que pode ser usado.
Em Seattle, não existe equilíbrio, ou é 8 ou 80. Fomos de temporada correndo demais para uma temporada sem saber usar o jogo corrido. Um não existe sem o outro, um vai abrir espaço para o outro. Até acertarmos nessa fórmula…. vamos sofrer bastante.
Linha Ofensiva não pode mais ser ignorada
Russell Wilson foi sacado 47 vezes, foi pressionado 173 vezes, numa taxa de 26.3%, sofreu 66 apressamentos e 60 pancadas. Desde que chegou em Seattle, nunca lhe foi dado uma OL de qualidade. Muito se confiou na capacidade de Wilson de escapar, mas a cada ano que passa, por mais que ele cuide e invista no seu corpo, vai ficando mais arriscado.
https://twitter.com/blogseahawksbr/status/1348665524453072897
Floyd sacou Wilson 7 vezes, mas não na carreira, foi nesse ano. Esse é um grande exemplo de como a vida do QB foi difícil. Os números ainda ficaram mascados pelas escapadas do QB e o uso de TEs na proteção. Isso foi um FATOR para o insucesso do time, o QB tem muita culpa no nosso fracasso, mas não dá para negar que a vida dele foi muito atrapalhada.
A receita do Russ Cook azedou
Toda a torcida pedia e finalmente a comissão técnica atendeu, deixou Wilson lançar bem mais. Esse não foi o erro. Lembra do que falei mais acima sobre o equilíbrio? Justamente, é sério que foram inocentes ao achar que as defesas adversárias não veriam os tapes e se ajustariam?
Era óbvio que a receita não ia funcionar os 16 jogos. Aí que entra a vida de quem trabalha nisso, era começar a mesclar conceitos e não deixar o time unidimensional. Nós saímos de um time que era visto como um que só corria, para um time que só passava. Mas a grande questão é que só passava EM PROFUNDIDADE sem nenhuma combinação com ameaças intermediárias. É como se a grosso modo as defesas adversárias fizessem apenas a verificação se era corrida ou passe. Se fosse passe já estaria manjado que seria um dos longos e era cuidar do fundo do campo.
Onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração…
É um fato que Russell Wilson não ter recebido sequer um voto em toda sua carreira na NFL para MVP é uma das maiores injustiças do esporte. De alguma forma ele acordou e começou a buscar a todo custo isso, nessa temporada. Wilson sempre foi visto como um cara de equipe e esse ano surpreendentemente foi cobrar do OC por um jogo mais aéreo, entrando na onda do Let Russ Cook.
Mas para mim esse não foi o grande problema. O problema foi ele ter colocado seus desejos a frente dos do time, coisa que ele nunca havia feito antes. Na sua busca desenfreada ele forçou muitos passes profundos que acabaram dando a ele o maior número de interceptações da carreira. Se ele mantém o bom nível do começo do ano, ele inevitavelmente seria o MVP e quebraria muitos records, mas ele colocou na cabeça que precisava de mais.
Quando esse plano não deu certo, ele entrou em colapso e caiu ainda mais de rendimento, parecendo Daniel Jones ou Mitchell Trubisky em alguns jogos. Isso custou jogos importantes, e fez com que ele voltasse a um estágio de passes conservadores no final da temporada. Além disso, em alguns momentos pareceu bastante que ele estava mais focado em coisas fora do âmbito do futebol, do que de dentro.
Todo mundo erra, todo mundo cai, o que nos faz diferente um dos outros é a forma como levantamos. Espero que Wilson aprenda com seus erros, e venha para um 2021 forte.
Não há espaço para corporativismo
Pete Carroll é conhecido por não tecer comentários e críticas a seus jogadores e coordenadores. Bom, se ele quer fazer valer o seu contrato, ele tem que mudar isso. Toda a comissão precisa ser reformulado, TODA.
Mike Solari é muito bem quisto, mas não consegue resolver problemas. Tem seus méritos de montar uma OL forte que levou os 49ers a disputa do SB, conseguiu ajudar bastante a evolução de Ifedi, mas parou por aí. O time tem problemas com blitz e stunts na semana 1 e terminou com exatamente os mesmos problemas. Damien Lewis era um cara cru que pode se desenvolver bem, mas o novato que estreou na semana 1, é muito semelhante ao que terminou o ano. Coordenadores precisam desenvolver seus jogadores. Só a título de curiosidade, contra os Packers e contra os Rams, nossas últimas jogadas ofensivas, terminaram em sacks. Até a identidade impositiva da OL no jogo corrido foi se perdendo durante a temporada.
Ken Norton Jr conseguiu construir uma defesa forte na segunda metade da temporada, mas com quanto tempo de atraso e a que custo isso?
Por que precisar passar metade da temporada para ajustar Jamal Adams entre coberturas e blitzes? Por que insistir tanto um CB que já teve bons momentos, mas que passava por uma temporada terrível ao invés de preservá-lo e ir recuperando-o?
Nossas duas últimas primeiras rodadas foram escolhas defensivas e nossas próximas duas, foram gastas em Jamal Adams. Era mais que obrigação da defesa estar jogando a esse nível e durante o ano pudesse evoluir ainda mais. Passamos vergonha no começo do ano com os piores números da história. DA HISTÓRIA. Em qualquer outra franquia séria (sendo assim se exclui os Jets) ele teria sido demitido depois do jogo contra os Bills. Se Carroll tinha alguma questão de gratidão com ele, está mais que paga, agora é hora de ir embora.
Brian Schottenheimer, eu sempre o defendi, e a evolução dele continuou acontecendo. Porém depois da primeira metade, não houveram ajustes de sua parte. Não foi em um jogo, não foi em uma derrota, foram em quase 10 jogos seguidos em que mesmo nas vitórias o ataque não conseguia engrenar, mesmo quando você tem Wilson, Metcalf, Lockett e cia.
Se você tem WRs que possuem características COMPLEMENTARES, por que não as explorar? Se você tem um Lockett, que é um excelente slot e corredor de rotas cruzadas, um DK explosivo em rotas longas e outros WRs que variam entre essas características.. por que não combiná-las?
O fato de ter corrido em todas as primeiras descidas contra os Chargers (2018) e ter corrido em shotgun no último wildcard em todas as terceiras descidas, foi a gota d’agua. As eliminações contra Cowboys em 2018 e contra os Rams nessa temporada ficam muito na conta dele.
Quero entender ainda o Seattle ter draftado um TE no início do terceiro dia em 2019, ter trazido Olsen por um preço salgado, manter Hollister no elenco e ainda trazer Willson para completar o elenco de 5 TEs com Dissly e NÃO USÁ-LOS DE FORMA EFETIVA. É mais ou menos você comprar ninho, morango, caramelo e avelã para rechear um bolo e no final de tudo você deixar seu bolo apenas com o trigo.
Ok, você pode até indagar em relação aos bloqueios que eles faziam como sexto homem da linha ofensiva, entretanto foi muito pouco. O jogo dos TEs era/é uma arma para defesa que esperam sempre big plays. Inaceitável.
Torço muito para ele, para que ele seja levado como HC e leve a comissão técnica com ele para onde quer que vá, e que seja bem longe de Seattle.
Quem não arrisca, não petisca…
Vocês sempre brincaram comigo sobre o fato de Brandon Shell ter ido bem. Mas o jogo dos Rams foi uma prova do que eu tanto falo. Alguns jogadores você consegue espremer e tirar o seu melhor, mas não a nível de dar uma confiança extrema. Não estou falando que Shell foi culpado de algo sozinho, só estou usando como exemplo. Você não pode querer o desempenho de Jack Conklin e querer trazer Brandon Shell e Cedric Ogbuehi.
Se quer chegar longe, tem que parar de se gabar por não fazer grandes movimentos arriscados e fazer movimentos necessários. Adianta de nada gastar 20M em 4 jogadores ruins, ao invés de não pagar 18M num cara que realmente vai resolver seu problema. Tem que acabar o corporativismo aqui também. Iupati já deu. Simmons também. Projeto Olsen não deu certo. Desapega Schneider e dá uma OL decente para o time, que está devendo há tempos.
Offseason precisa ser cirúrgica
É como se precisássemos de um rebuild mas não temos material para isso. Escolha de primeira rodada, só em 2023. Nesse próximo processo, temos apenas 4 escolhas e apenas 1 nos dois primeiros dias. É a hora que o GM precisa fazer seu trabalho e fazer muito com pouco. Sem grandes invenções no draft e ir nos melhores nomes disponíveis.
As mágicas das trocas de Schneider! – Parte 1
Também o dinheiro precisa ser melhor empregado. Espero que Seattle nem cogite dar um contrato caro para Griffin, ele não fez por onde. Por mais que não goste de dar uma salário caro para RBs, faria muito mais sentido investir mais em Carson, que é o dono do jogo corrido, do que em Griffin que não terminou jogando o ano como CB1. E isso porque os concorrentes eram Flowers e o sem joelho Dunbar.
As mágicas das trocas de Schneider! Parte 2
O time fez a renovação de Reed sair bem mais cara do que merecia, por mais que ele tenha jogado bem esse ano, ainda não vale o investimento. O time não pode repetir isso e se dar ao luxo de perder um jogador bom e efetivo como um Poona Ford da vida. Pocic que por mais que tenha terminado o ano em baixa, foi um achado e deve ser barato para um center, além de ainda ser jovem. Faz valer teu emprego JS.
Vamos em frente, teremos muito conteúdo e cobertura completa de free agency e draft!
Go Hawks!
Me parece que o “let russ cook” veio mais por conta de uma pressão externa do que um plano de jogo pensado desde o inicio, mostrando um playbook que não aparenta ter sido montado p isso.
O playbook do Schottenheimer parece ser montado pra correr muito com a bola, visando forçar o adversário lotar o box e deixar o Wilson em situação de lançar uma deep ball, sendo assim as chamadas de passe seriam visando a bola em profundidade do Wilson, digo isso pq quase toda chamada de passe era visando uma bola longa, fazendo com que o Wilson segure muito a bola e exponha os defeitos da OL, explorando muito pouco os tight ends e passes curtos (como vcs do BSBR smp frisaram).
O que vcs acham??
perfeita análise. Mesmo com QB talentoso, WRs talentosos, ficou previsível.
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