Playbook 05 – Quais tipos de nickel existem?

A posição de nickel

Até poucas temporadas atrás, a posição “nickelback” era referida para descrever um especialista ou um “sub-pacote” – um terceiro cornerback ou safety que só entrou no jogo em, digamos, terceiras descidas longas ou situações óbvias de passe – para marcar os WRs mais rápidos. Agora, os cornerbacks do nickel não são mais a quinta força da secundária – eles são uma posição crucial. E os atributos necessários para desempenhar esse papel não são os mesmos de um CB que joga no outside (externo).

Playbook 01 – Papéis na formação de Punt

Playbook 02 – Técnicas de Cobertura de passe

Playbook 03 – Dissecando a Soft-Sky: a alternativa da cover 3

Playbook 04 – Tre Flowers, o aluno aplicado das técnicas da secundária de Seattle

Trabalho de pés, seus quadris, sua velocidade de mudança de direção: tudo o que precisa para se encaixar, porque você tem muito mais espaço para cobrir. Considerando que os cornerbacks “externos” podem utilizar a linha lateral como leverage para espremer os WRs adversários, os nickelbacks cobrindo o meio do campo devem confiar no reconhecimento de conceitos de rotas e na rapidez para defender os WRs. Você tem que jogar tanto em um release interno quanto externo.

Um nickel deve cobrir, mas é preciso ter uma boa capacidade de tackle. Dentro dos números (hash marks,as marcações de jardas do campo), ele terá que fazer mais tackles em campo “aberto”. Não apenas conter ou forçar o adversário para sideline… mas, frequentemente, bater de frente contra running backs, onde haverá uma diferença física considerável.

E isso não é apenas contra a corrida. Para times que jogam em zona, se eles jogarem a bola numa rota curta para o corredor ou jogarem um screen do lado de fora, é o nickel que tem a função de fazer o tackle no espaço. Se esse nickel for bloqueado ou não for muito confiável como um tackler, as jogadas serão direcionadas a ele. Por outro lado, um nickelback que pode tacklear, mas não pode ser confiável para cobrir as zonas, é basicamente um linebacker.

Tipos de nickel

Solo

 

Nesse papel o nickel é responsável por defender o flat no jogo aéreo e fechar a ponta da linha defensiva no jogo corrido. Normalmente ele fica responsável por marcar a zona conhecida como  underneath que é a área 5-10 jardas atrás da linha defensiva. Se a defesa estiver usando cover 4 (quatro jogadores cobrindo o fundo) ele não precisa abrir os quadris porque as rotas longas serão cobertas por safeties ou corners, podendo ficar livre para ler o QB.

Special

 

No papel de special, que normalmente aparece em cover 6 (metade da secundária joga em cover 4 e a outra metade em cover 2), o nickel vai jogar em cobertura homem a homem ou jogando em cobertura pattern-matching que vai fazer com que ele tenha que cobrir o slot em rotas profundas. Para jogar nesse papel é necessário que o jogador seja inteligente e faça um processamento rápido de leitura dos padrões ofensivos.

O space-backer

Com o aumento de uso do spread offense (o time espalha os recebedores na linha de scrimmage, contando as vezes com 4 ou 5 recebedores), foi necessário que as defesas reagissem e a partir daí surgiu o spacebacker. Ele seria basicamente um linebacker menor (BBK poderia executar bem essa função)  que pode cobrir as zonas curtas mas sem perder os instintos rápidos e a capacidade de executar blitzes. 

spacebacker funciona muito bem, normalmente em esquemas como cover 4 ou cover 3 em que ele não precisa cobrir rotas longas contra WR explosivos. Ele pode ficar vulnerável nesse tipo de cobertura, mas em blitz ou em rotas curtas em que ele possa “voar” no espaço curto ele se dará muito bem. Alguns times preferem substituir o spacebacker  por um inside linebacker.

O big nickel

Um conceito bem utilizado, muitas vezes desempenhando um papel de terceiro safety em campo. A ideia é colocar em campo um cara multi-tarefa, ou seja, versatilidade é o que importa aqui. Estes jogadores tem que lidar com vários tipos de atribuições, seja marcar a zona underneath e ser parte da proteção contra o jogo corrido ou jogar em cobertura individual.

Entretanto, existe aquela máxima de quem faz tudo não faz nada bem, então alguns times podem querer apostar num papel mais específico, como o spacebacker por exemplo. Um jogador multifuncional é tudo o que um headcoach precisa em certas situações.

O terceiro corner

Com esquemas como o cover 3 e “special“, a defesa pode confiar nas habilidades de cobertura de marcação individual de seu nickel para liberar seus safeties e linebackers para combaterem a corrida enquanto o slot é defendido pelo nickel. Dito isso, é impossível remover o nickel de todas as responsabilidades contra corrida, então ele não pode ser apenas um cornerback, ele precisa entender e lidar com os ajustes de corrida. Quando se pode confiar em que este jogador fará o tackle contra a corrida, joga com uma ótima cobertura individual e executa bem a blitz, ele é indiscutivelmente a melhor opção que as equipes para preencher o papel de nickel.

Os cornerbacks físicos muitas vezes permitem maior versatilidade nos esquemas de cobertura e são frequentemente rápidos e antecipatórios o suficiente para tornar o jogo de passe rápido um negócio arriscado para ataques que não querem lançar interceptações. Eles também são geralmente muito mais rápidos em reagir às jogadas de  do que o spacebacker  ou o big nickel, graças à rapidez superior, embora eles não sejam tão punitivos aos atacantes ou tão bons em assumir bloqueios.

A situação atual de nickel em Seattle

Com a saída de Coleman, esse papel ficou vago na equipe de Seattle. O time trouxe Jamar Taylor na free agency, tinha no elenco Kalan Reed,  draftou Ugo Amadi e renovou com King. Akeem King entrou na NFL, mas teve apenas 5 jogos pelos Falcons em 2015 e só na última temporada jogando por Seattle. Ou seja, apesar de uns 3 anos de liga, ele tem pouquissíma experiência.

Ugo Amadi, o canivete suíço da defesa de Seattle

Jamar Taylor, um dos candidatos a vaga de Coleman

Quem assumirá a vaga de nickel deixada por Coleman?

Ao renovar  o contrato, todos assumiram que ele seria o que lideraria a disputa por essa vaga. Eu discordo bastante disso, mas vamos analisar como seria esse encaixe. Levo em consideração como pontos mais importantes de se avaliar num nickel: capacidade de tackle, mudança de direção, blitz, cobertura e processamento de jogo.

Não me lembrava e tentei procurar nos jogos lances em que King tenha falhado em dar tackles. Não encontrei, e nas poucas participações que teve, foi bastante efetivo ao conseguir tacklear. Ponto para ele nesse quesito!

Esse lance (apesar da raiva que causa) é bastante interessante de se analisar. Ele joga basicamente como um nickel, e como não há nenhum recebedor ali, ele fica responsável por marcar o TE em caso de jogo aéreo ou de forçar o corredor para dentro, selando o edge em caso de jogo corrido. Entretanto quando a jogada se desenrola, nem ele cumpre seu papel, nem Griffin, o resultado: grande avanço para Zeke. O nickel tem mais responsabilidade no jogo corrido que um CB que joga na lateral, então ele precisa evoluir nesse ponto, para ontem!

Outro papel importante para o nickel é a execução de blitz. Coleman era sensacional nesse ponto. King teve algumas oportunidades de mostrar seu desempenho nesse tipo de jogada, mas acredito que foi mais mérito do pacote bandit (teremos um playbook especial para analisar esse tipo de jogada) chamado por Ken Norton, do que da velocidade do jogador. No lance contra os Vikings, ele quase consegue o sack, porque o guard subestimou a sua velocidade e preferiu ir num bloqueio duplo contra Reed.

Questão super importante, já que não é exigido apenas para nickel, mas para qualquer posição, principalmente defensiva. A capacidade de processamento mental, ele dá uma “dormida” no lance, cai na armadilha do play action  e deixa Fitz livre para correr e marcar o TD.

Esse atributo aqui é fundamental para um nickel, porque ele tem que cobrir um parte maior do campo horizontalmente falando. E King demonstra certa dificuldade de mudar de direção rapidamente, e um instante, pode ser o suficiente para a separação fatal.

Tenho certeza que foi nesse jogo aqui que King conseguiu sua vaga no elenco para esse ano (por hora). Ele passou o jogo marcando individualmente o TE Travis Kelceele fez um bom trabalho, quase que anulando uma das principais armas do ataque dos Chiefs.

Resumindo, se fosse Seattle procuraria uma outra opção, mas ele é um jogador útil e que já tem dois anos (um no time de treino e um no time principal) aprendendo o esquema de Seattle e PC valoriza muito isso.

Go Hawks!

 

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