Habemus linha ofensiva, o que mudou em Seattle?

O Pro Football Focus, classificou a OL de Seattle como a melhor entre as linhas ofensivas da semana 3 até a 6 na proteção ao passe, permitindo 13 pressões em 106 snaps de passe. Dessas 13 pressões 7 foram sacks, 1 de Lee/Lawerence, 1 Jaylon Smith, 1 de Haason Reddick, 1 de Donald, 1 de Suh e 1 de Ardey Key. Perceba que tirando Key, que mesmo assim era visto entre os melhores no pass rusher de sua classe, esse jogadores são Pro Bowlers ou escolhas de primeira e segunda rodada.

Vale lembrar que nas duas primeiras semanas, o time permitiu DOZE sacks contra Miller e Mack, até grandes linhas ofensivas sofreriam contra esses jogadores, imagine a de Seattle que sempre foi vista como uma das piores?

Sendo assim, o que aconteceu para essa mudança?

Duane Brown

Brown é sem dúvidas um dos grandes tackles da liga. Chegou para Seattle na metade da temporada, pra trocar o pneu com o carro andando de uma linha cheia de falhas. Ainda assim, é obvio que foi um GRANDE salto de qualidade em relação a Rees Odhiambo, mas ele ainda poderia ser melhor.

E podemos ver isso nesse ano, toda a pré-temporada para estar junto com os outros jogadores da linha, bem como passar sua experiência para eles, e até propor ajustes faz com que seu nível e de toda linha aumentem. Seattle só tem a ganhar com Brown jogando a temporada completa.

D.J. Fluker

Fluker é uma pequena criança de 1.96m e mais de 150kg. Veio para o time num valor baixíssimo para melhorar o jogo corrido, e vem cumprindo o que prometeu. Ele é um guerreiro nas trincheiras, tem muita força no espaço curto, e vem abrindo caminho para os corredores. Vejam o que ele fez com ninguém mais, ninguém menos que Suh:

Oh my goodness. Watch DJ Fluker (RG) with the savage pancake of Suh on this touchdown. pic.twitter.com/OleSTLNNrQ

— Geoff Schwartz (@geoffschwartz) October 7, 2018

Fluker tem uma amostra pequena, atuou somente em 4 jogos contra Cowboys, Cardinals, Rams e Raiders. Entretanto os números melhoraram consideravelmente:

• Sem Fluker: 38 carregadas para 138 jardas e 3.6 jardas por carregada;
• Com Fluker: 141 carregadas para 630 jardas e 4.5 jardas por carregada;

Quase uma jarda a mais por tentativa, com o número de carregadas mais que triplicando. Deixando Seattle no top 10 em jardas corridas e liderando a NFL no período da semana 3-6. Mesmo no jogo corrido, sua maior força, Fluker tem alguns problemas para chegar ao segundo nível em disparo curto.

Na proteção ao passe, que foi uma pedra no seu passado nos Giants existe o seguinte ponto: na hora em que Fluker estiver engajado no adversário, é impossível passar por ele o grande problema é quando enfrenta jogadores ágeis que conseguem impedir e combater as mãos de Fluker, ou conseguir “driblá-lo” antes mesmo que ele faça contato.

Outro ponto que pode ser facilmente percebido é o quanto ele ajudou o jogo de Ifedi, que joga sempre com medo de fazer alguma besteira. A comunicação entre eles acontece em quase todos os snaps inclusive fazendo com que estejam preparados para os stunts(quando os jogadores de linha invertem, o que está na frente do guard vai pra cima do tackle e vice-versa, dificultando o contato). Ifedi parece ter mais confiança para cuidar mais da parte externa, sabendo que se o adversário vier para dentro vai ter que passar por Fluker.

Mike Solari

Bom…quem em sã consciência acreditaria que o treinador da linha ofensiva dos Giants do ano passado, iria conseguir melhorar a linha de Seattle? Eu realmente não acreditava, mas é preciso dar o mérito ao treinador, seu insucesso ano passado parece ter sido mais causado pela falta de talento do que pela sua incompetência (para quem reclama de Ifedi, saibam que tinha Flowers o zika das rasteiras de LT)

Ereck Flowers Appreciation Tweetpic.twitter.com/GjlgmWjYxl

— Antony Curti (@CurtiAntony) September 11, 2018

Para mim é claro o papel de um coordenador: é tirar o melhor dos seus jogadores nas suas características, e é isso que Solari vem fazendo. Ele não tem o melhor grupo da liga, mas vem sabendo usar o que tem e adaptando ao seu estilo.

Agora existe uma variedade de corridas, inside,power, counter, outside run, pulls, traps, screens acabou a fase de só tentar correr entre o guard e o tackle. Com a mudança de Sweezy (outro jogador barato) para o lado esquerdo ele ganhou um jogador ágil e técnico, justamente para fazer esses tipos de jogadas. Vale salientar que isso não quer dizer Pocic é um jogador ruim, ele tem bastante futuro, mas existe as dores de crescimento do segundo anista. Esse ano deve ser de bastante aprendizado, para que ele possa cumprir esse papel de Sweezy nas próximas temporadas, cabe a ele tentar evoluir junto com o técnico. No começo do ano, vimos ele fazendo algumas dessas jogadas e veio executando bem, mas faltava um pouco de experiência. Vale lembrar que Sweezy fez parte da linha que abriu espaço para o beast mode.

A melhora significativa de Ifedi também passa muito por Solari. Ifedi é um jogador que não tem tanta capacidade de leitura mas é muito físico e parecia que os treinadores não sabiam disso. Solari tem usado essa força para fazer com que o lado direito da linha, seja o caminho para as corridas. Vale lembrar que Ifedi treinou dois anos com Cable, e em menos de um ano, Solari está conseguindo fazê-lo evoluir. A melhora no jogo corrido é inegável, mas sua técnica na proteção ao passe ainda precisa melhorar bastante para que consiga bloquear corretamente grandes pass rushers, para evitar os desastres que vimos contra os Broncos e Bears.

Plano de jogo

As chamadas de Brian Schottenheimer, eram sofríveis no começo do ano, e deixavam Wilson sempre em situações clara de passe. Isso aumenta a pressão em cima da linha. Do final do jogo contra Chicago para cá, as chamadas estão muito melhores (apesar de algumas chamadas ruins contra Arizona). No começo do ano se falava muito em acreditar no jogo corrido, mas as jogadas não refletiam isso, quando começaram a apostar, proporcionaram espaço para Wilson lançar em profundidade e é aí que mora o perigo para os adversários.

Os Seahawks em 2012 terminaram em 32º em tentativas de passe, em 2013 foi o 31º, 2014 novamente 32º, em 2015 foi para 28º, para 18º em 2016 e 16º em 2017. Isso não quer dizer que quanto mais você passa, mais você perde, quer dizer que quando seu ataque deixa de ser unidimensional, as coisas começam a acontecer. Você cansa a defesa adversária e descansa a sua, ou seja, a engrenagem perfeita.

Para completar…

• Brown tem a sétima melhor nota entre os tackles de acordo com o PFF e é o 3º nos critérios da ESPN;
• Sweezy é o 31º guard entre os 64;
• Britt que é um dos pilares dessa linha, e é muito subestimado, tem nota 100 na proteção ao passe e é o melhor center;
• Fluker é o quinto entre os guards;
• E acredite se quiser Ifedi é o 15º entre os todos os tackles (segundo o PFF) e o terceiro RT na proteção ao passe segundo a ESPN;
• Ainda segundo a ESPN, a dupla Brown e Ifedi é a quinta melhor da liga.

Muito dessa produção individual, vem do encaixe do conjunto. Esse ano ainda iremos enfrentar grandes linhas defensivas, Rams (novamente), Chargers, Vikings por exemplo, vamos esperar que esse desempenho se mantenha!!

#GoHawks