As implicações da permanência de Pete Carroll

Esse texto aqui não tem o intuito de diminuir o tamanho de Pete Carroll em Seattle. Seu legado é inegável, mas não é porque você está num relacionamento que já foi bom que você deveria ser obrigado a ficar nele para o resto de sua vida. Obrigado Pete, mas os próximos anos da franquia podem ser decisivos para definir se Seattle volta para o marasmo antes de Wilson/PC ou volta a competitividade logo.

Vamos lá!

Seattle não ter investido em QB esse ano pode não ter sido pelo motivo que você espera…

Se você acompanhou nossos textos, lives e podcasts, pode ter percebido que ficamos “felizes” por Seattle não ter investido num QB nessa classe cheia de incertezas. O time também não desperdiçou capital de draft numa troca por nenhum QB que no máximo seria uma ponte para o futuro.

Contudo, começo a acreditar que isso não foi um ato de competência/inteligência de Pete e John. Sendo um torcedor otimista ou não você não deve esperar uma temporada boa de Seattle esse ano. Então, começo a pensar que esse “não-investimento” foi uma bengala, um apoio, para incompetência dele. Não consegue mais tirar nada de um elenco e ele basicamente “ganha” esse ano, porque o ano ruim já é esperado e ele sempre vai ter a desculpa de que não tinha QB, para justificar os resultados ruins.

Ninguém confia na gestão de Seattle

A dona nunca fala, não aparece e não se posiciona. Carroll passou meses insistindo que não estamos em rebuild – quando tudo o que ele precisava fazer era ser honesto com a torcida. A equipe cortou um dos melhores defensores da história e cortou o QB que nos levou a conquistar um SB. O objetivo é competir em 2022, mas é certo que este é um processo que exigirá tempo e paciência.

Palavras de Carroll – “sem rebuild”, ‘temos dois quarterbacks #1’, ‘Lock é muito bom‘, ‘Geno Smith foi incrível quando foi titular no ano passado‘, ‘os dois quarterbacks tiveram o mesmo número de repetições/oportunidades no camp‘ – são maneiras de insultar a inteligência de qualquer torcedor da franquia.

Estão no mesmo nível que “a conversa sobre a troca de Wilson é uma criação da mídia” de um ano atrás – seguida de dizer à mídia local repetidamente que não era uma história. Foi incrível como insiders tais quais Gregg Bell e Bob Condotta foram pegos de surpresa. O primeiro, inclusive, debochou dos repórteres realmente competentes que trouxeram a informação.

Não podemos ter um pouco de honestidade de Carroll pelo menos uma vez? Em ano de eleição, parecemos estar ouvindo um político desesperado fazendo promessas vazias. Isso não significa sair e anunciar: ‘sim, somos lixo’ (apesar de setores do elenco serem). Existem maneiras e meios de lidar com isso além do absurdo  de “temos dois QBs nº 1” que ouvimos até agora.

Não se pode projetar o futuro com ele

Falamos um pouco acima sobre o trabalho dele nesse ano. Mas o futuro também é complicado. Vamos assumir que Seattle escolha o melhor QB possível no próximo draft.

Você acredita que PC seria capaz de desenvolvê-lo?

Ou melhor, você acredita que ele seria capaz de montar uma comissão boa suficiente para ajudá-lo nisso?

Shane Waldron até o momento não mostrou muita coisa, passando a ideia que ele não tinha nenhum impacto no ataque dinâmico e criativo dos Rams com Sean McVay. Tirando aquela semana 1, em que o ataque realmente empolgou com muita criatividade, o ataque foi um grande problema. Seja por controle de PC, seja pela OL ruim, pela lesão de Wilson o responsável deveria ser Waldron.

Você acredita que agora, com um QB milhões de vezes inferior ele terá alguma melhora?

O natural é um ano de ainda mais declínio do ataque.

Você confiaria nele para comandar seu QB que vai ser escolhido no top-10 ou top-5?

Essa insistência em Carroll, que deve insistir em Waldron pode atrasar em PELO MENOS um ano o desenvolvimento do novo QB. De forma similar ao que os Bears fizeram com Justin Fields, desperdiçando o primeiro ano do talentoso QB.

Mike Florio  acredita que quando você drafta um jovem quarterback é importante combiná-lo com um Head Coach ofensivo. Dessa forma, se o ataque for bem-sucedido, você não perderá o treinador (e o ataque) para outro time que procura nomear a próxima mente ofensiva como seu líder.

Veja o Atlanta Falcons, por exemplo. Eles foram a equipe dominante da NFC em 2016. Matt Ryan ganhou o MVP, jogando no ataque de Kyle Shanahan. Eles chegaram ao Super Bowl e poderiam ter vencido não fosse aquela pipocada monstra.

Shanahan foi então nomeado treinador principal dos 49ers, onde desde então chegou em um Super Bowl e outro NFC Championship. Os Falcons, no entanto, entraram em colapso quando seu coordenador ofensivo partiu. Ryan nunca repetiu sua forma de MVP. O que fez de Atlanta um oponente tão temível, acabou.

Além disso, a consistência é de vital importância. Nada perturba um jovem quarterback do que uma rotatividade regular de diferentes coordenadores e vozes dando as instruções. Enquanto os Seahawks se preparam para inevitavelmente draftar um quarterback em 2023, não posso deixar de me perguntar sobre o melhor ambiente para esse jogador entrar.

É juntar-se a uma equipe com uma mente ofensiva liderando – criando um monstro de duas cabeças onde o QB e o treinador principal estão completamente alinhados para impulsionar a franquia (idealmente emparelhado com um coordenador defensivo comprovado e experiente que você pode ter em Sean Desai)?

Ou é juntar-se a uma equipa liderada por um Head Coach defensivo com uma visão controladora da equipe, que nomeia um coordenador ofensivo para fazer essencialmente o que ele quer (com, talvez, alguma vontade de estar aberto a novas sugestões, desde que trabalhe ao lado da filosofia maior, vulgo correr com a boa)?

Especialmente quando o referido treinador principal nomeou uma coleção de coordenadores ofensivos abaixo do esperado, nenhum dos quais ganhou empregos de treinador principal, apesar de ter a oportunidade de trabalhar com nomes como Russell Wilson, Marshawn Lynch e D.K. Metcalf ao longo dos anos.

No entanto, a verdade é que Pete Carroll provavelmente estará com esta equipe até que ele decida que já teve o suficiente. O prazo de uma eventual venda da franquia se alinha perfeitamente com seu contrato. É conveniente que os proprietários depositem sua confiança em Carroll e John Schneider para ver isso até que uma venda seja concluída.

Go Hawks!

One Reply to “As implicações da permanência de Pete Carroll”

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