A temporada de Pro Bowler de Shaquill Griffin

Shaquill Griffin foi para o Pro Bowl. Pode parecer besteira, mas desde 2017, quando Richard Sherman foi escolhido para o evento não tínhamos niguém conseguindo esse feito. E com o mesmo Sherman indo esse ano ao Super Bowl, foi aberta uma vaga para Griffin, que já deveria estar na primeira lista. E não, não é clubismo. Na temporada de 2017, quando foi novato, entrou no time na “fogueira”, após o finado Jeremy Lane ser ejetado da partida. Teve 1 interceptação, 15 passes desviados e 1 sack. Em 2018 ele ganhou muito peso e seu desempenho foi terrível, teve 8 passes desviados e 2 interceptações (que foram contra o grande Trubisky).

Qual o motivo do declínio de Griffin?

Raio-X: Griffin jogando realmente como CB1?

Começou 2019 e havia muita desconfiança, no entanto ele se apresentou com cerca 10lbs a menos e isso pode ser visto dentro de campo.

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Estatísticas de Griffin em 2019

Lembra quando lá em cima eu falei que não era clubismo? Bom, aqui no BSBR, a gente fala e comprova. Em 2019, jogando 14 partidas, ele teve 13 passes desviados (o terceiro da liga nesse quesito) e 2 tackles para perda de jardas. Isso porque ele teve uma lesão no posterior da coxa que o tirou de algumas partidas (2 partidas) e o fez jogar sem estar 100% em outras. Além disso, permitiu uma taxa de passes completos de 56% quando foi alvo (melhor que Sherman), cedendo 6.7 jardas em cada alvo (ficando a frente de Marshon Lattimore e Jaire Alexander).

E durante todo o ano, seguiram subestimando o CB:

E a idolatria a Gilmore dos Patriots, permaneceu…

…isso porque o TD contra os Bills que ele cedeu, por algum motivo não entrou nas estatisticas. (Só deixando claro que não estou dizendo que Gilmore é melhor/pior que alguém. Estou apenas dizendo que Griffin também mereceria reconhecimento da mídia).

Combate ao jogo corrido

Nesse ano ele teve 65 tackles combinados, 45 solo e 2 para perda de jardas. Algo que sempre gostei em Griffin (e que Pete Carroll também), é sua disposição para combater o jogo corrido. Vemos muitos cornerbacks que tentam fugir de entrar no meio da confusão. Griffin sempre foi disposto a ajudar e tem as ferramentas para ser efetivo.

Nesses lances a seguir, Griffin executa a técnica conhecida como “Comet Bail“. Ele é utilizada quando não há WR do lado do CB e o TE está alinhado junto a linha ofensiva, formação essa conhecida como Nub Formation (o CB que marca esse lado, é chamado de Nub Corner). Nessa tarefa o CB vira um quinto defensor das zonas underneathse o TE ficar no bloqueio ou correr uma rota shallow now. Contra a corrida ele tem a função de forçar com agressividade a corrida para meio de campo. Usando um termo que a galera da gringa fala ser o hammer.

Nesse lance contra os Falcons, ele apenas com velocidade, “escoltaDevonta Freeman (também conhecido como Devonta Homem Livre) para a perda de uma jarda, já que ele não quer se meter em confusão.

Já contra os Vikings, ele usa de inteligência e velocidade para achar o espaço, escapar do jogador de linha ofensiva e fazer o tackle imediato em Alexander Mattison.

Aqui, apesar de não estar em Comet Bail, pelo fato de não haver a formação Nub, ele usa da mesma velocidade, inteligência e agressividade para fazer o tackle para perda de jardas, após se infiltrar entre os pullers da linha ofensiva dos niners.

Mudança de direção/Recuperação

Esse é um atributo FUNDAMENTAL para um defensive back. Quanto mais tempo ele precisar para mudar direção, para corrigir alguma distância ou acompanhar o WR, maior vantagem ele dará ao recebedor, e na NFL isso é fatal. Esse para mim é o ponto em que Griffin mais evoluiu. Ele é um CB rápido, como veremos a frente, mas de nada adianta velocidade em linha reta se tiver problemas na mudança de direção. Pelo que vimos esse ano, a perda das 10lbs, voltando ao seu peso normal impactou DEMAIS o jogo de Griffin.

Veja a distância que ele está quando percebe que a rota será curta e o quão rapidamente ele volta para fazer o desvio do passe.

Essa evolução na mudança de direção, permite que Griffin seja mais agressivo em suas marcações, uma vez que ele terá capacidade para se recuperar. O WR tenta um release externo, aparentando uma rota mais profunda, sendo assim, Griffin dá as costas e se preparar para cobrir verticalmente. No entanto, o WR corta para o meio do campo, só que Griffin nem demonstra ter errado o diagnóstico no começo da jogada e impede o passe completo.

Velocidade

Outro fator que se olha bastante nos DBs, é a velocidade. Muito disso se dá pelo fato de alguns times acharem que podem mensurar isso no tiro de 40 jardas. Mas velocidade “atlética“, velocidade em linha reta, é bem diferente da velocidade de jogo. E Griffin tem ambos.

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Como dito no tweet, a jogada era morta por conta de uma falta. Mas percebam a velocidade de Griffin e a cobertura passo a passo para fazer o desvio. Ainda assim o agente dele colocou o lance no DVD.

Nessa jogada Kendricks erra nas suas leituras e deixa o TE livre para o TD. Mas foco aqui em Griffin, ele cobre Odell Beckham Jr passo a passo durante quase 40 jardas. Admirável.

Lance decisivo contra os niners, Griffin não dá quase nenhum espaço para o WR e força a quarta descida nessa jogada ESPETACULAR.

Análise Seattle Seahawks 27 x 24 San Francisco 49ers

Processamento de Jogo/Instintos

Com os dois atributos acima, mas sem esse, você verá CBs indo bem no começo da carreira, mas depois, o corpo pede a conta. Lembra aquele ditado do futebol: “quem corre é a bola“?! É por esse motivo que Sherman, sem uma velocidade de elite, continua sendo um grande CB, mesmo na casa dos 30. É aquele CB “que sabe os atalhos do campo“. Apesar de apenas 3 anos de NFL, Griffin mostra boa evolução nesse ponto, principalmente se compararmos com seus diagnósticos no college.

Essa jogada daqui é uma das melhores dele durante todo o ano. Percebam que a formação dos Bengals é 3×1, ou seja, 3 recebedores de um lado e apenas 1 no outro. O time de Seattle abusou de não usar nickel e nessa cover 3 temos apenas Griffin como CB do lado da jogada. O snap acontece e Griffin começa a fazer o drop para sua zona, só que aí vem o problema: 2 dos WRs estão correndo rotas verticais. O que fazer então? Griffin usa a técnica conhecida como midpoint, em que o CB se coloca entre os dois WRs de forma a poder estar em posição de combater os dois alvos.

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Normalmente é utilizada mais para impedir um grande avanço ou TD. Só que graças a velocidade de Griffin, ele chega com impacto no WR mais interno e impede a recepção.

Essa jogada não gera tackle, passe desviado ou interceptação, mas mostra a inteligência de Griffin. Ele força o WR no limite da linha lateral. Vale lembrar que se o recebedor pisa fora do campo, ele não pode receber passes. Ou seja, ficar em campo já exige a concentração do WR, e quando chega no ponto da recepção Griffinsabe a única janela que o QB poderia tentar e impede qualquer chance de recepção. Jogada ao estilo de um shutdown corner.

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Outra grande jogada de Griffin. Ele sabe que o WR precisa de poucas jardas e dá o meio do campo para ele. Griffin sabe que o QB terá que esperar um tempo para a rota se desenvolver e para que Wright saia do campo de visão. É o suficiente para ele esperar a slant e fazer o desvio do passe. Marcação extremamente apertada.

Playbook 08 – A árvore de rotas dos recebedores

Marcando aqui Jarvis Landry, ele começa na técnica de bail e ficando em posição para proteger um corte externo e se mantendo apto para cortar a linha de passe. Só faltou a interceptação de Griffin nesse lance. Ainda assim dá tempo para MÍTICO Tedric Thompson fazer a interceptação.

Análise Los Angeles Rams 29 x 30 Seattle Seahawks

Playbook 02 – Técnicas de Cobertura de passe

Onde Griffin pode melhorar…

Durante o ano ele teve uns dois apagões semelhantes. Defesas que chamam jogadas em zona precisam se comunicar o tempo inteiro e garantir que as mudanças feitas antes e durante a jogada sejam compreendidas por todos. Do contrário, o preço a se pegar é bem alto.

Contra os Rams não veio bem, e assim como toda a defesa naquele dia, esteve muito mal, inclusive cedendo um TD numa marcação frouxa.

Seattle Seahawks 12 x 28 Los Angeles Rams

Quem foi o culpado do desempenho do ataque no SNF?

Fez uma partida bem ruim contra os 49ers na semana 17. Não em questão de tackles, mas em rotas curtas, algo em que ele foi bem durante o ano todo, ele perdeu em basicamente todas. Vale salientar que nessa partida ele vinha de dois jogos fora por lesão, não sei se isso interferiu no seu desempenho, porque foi uma exibição bem abaixo do resto do ano.

Análise San Francisco 49ers 26 x 21 Seattle Seahawks

Veredito para Griffin

2020 já começou trazendo coisas boas. Griffin começa a demonstrar certa liderança e compreensão do seu papel na defesa de Seattle. Pegando inspiração em Wilson, que “cobrou” jogadores de impacto nessa offseason, Griffin falou com os treinadores que quer trabalhar mais marcações individuais em press, para que ele possa jogar também por dentro, como um slot. Muitas críticas vieram na última partida de Seattle, quando Davante Adams DESTRUIU Flowers. Com esse pedido e trabalho extra, Griffin iria acompanhar, quando necessário o melhor WR onde quer que ele alinhe, seja por dentro, por fora, pela direita ou pela esquerda.

Flowers terá que papel em Seattle?

Se durante esse trabalho de treinos intensificados ele conseguir trazer seu nível de press ao que ele tinha no college, ele tem muito a ganhar, tendo a vista a velocidade e processamento de jogo que ele tem desenvolvido durante seus primeiros anos de liga. Vai para seu último ano de contrato e finalmente pode receber o status de um líder dessa secundária. Lembrando que existe liderança pela voz e liderança pelo talento, que seria o caso de Griffin.

“Precisamos de superestrelas no time”

Análise Seattle Seahawks 23 x 28 Green Bay Packers

Verdades inconvenientes que ninguém quer ler sobre o fim da temporada [2]

Com Griffin e Dunbar, juntamente com Diggs e McDougald, teríamos uma secundária formidável e bem complementar. A grande questão é se o nosso coordenador vai conseguir ao menos tirar o que essa defesa com bons nomes pode produzir.

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Quinton Dunbar chega para reforçar a secundária!

Go Hawks!

17 Replies to “A temporada de Pro Bowler de Shaquill Griffin”

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