Avenida Brasil: Onde Wilson vai parar?

Offseason sempre é um momento de se buscar pautas. De forma que por vezes, nós torcedores ficamos sem saber realmente o que é verdade e o que os Nelsons Rubens da vida aumentaram. A novela sobre Russell Wilson ficar ou sair de Seattle, ganhou mais um capítulo com uma matéria exclusiva do The Athletic.

Russell Wilson será trocado?

Rasocast #57 – Russell Wilson vai ser trocado?

Vamos trazer ela na íntegra logo abaixo:

Dias antes de um jogo em casa crucial contra os Cardinals Russell Wilson se encontrou com membros do staff dos Seahawks. Era um momento de alta tensão. Nos últimos dois jogos de Seattle, Wilson havia cometido 7 turnovers, e os Seahawks perderam ambos os jogos. Primeiro para os Bills, depois para os Rams. O ataque precisava se achar, e Wilson tinha ideias de como fazer isso.

Análise Arizona Cardinals 21 x 28 Seattle Seahawks

Ao invés disso, a reunião viria a simbolizar a divisão entre Wilson e a organização.

Pete Carroll construiu credenciais para ir para o Hall da Fama baseado em algumas verdades de como o jogo deve ser jogado em sua visão: Correr com a bola, evitar turnovers, jogo aéreo explosivo. “Não é porque nós apenas queremos bater nossa cabeça contra a parede,” Carroll explicou uma vez. “É porque o jogo é bem jogado quando você não dá a bola ao adversário. O jogo é bem jogado quando você consegue first downs. O jogo é bem jogado quando você consegue ser explosivo no ataque.”

Carroll acredita firmemente nessa fórmula, e várias e várias vezes venceu enquanto a implementou. Em contraste, Wilson acredita que a filosofia conservadora de Carroll está limitando sua produção e, por extensão, suas ambições em ser um dos melhores jogadores de todos os tempos.

Mas na primeira metade da temporada de 2020 – e em uma mudança total em relação aos últimos anos – Seattle utilizou um ataque predominantemente aéreo. Lançando a bola do início ao fim com muita frequência, Wilson conseguiu estatisticamente suas melhores atuações durante um período de tempo e surgiu claramente como o líder na disputa por MVP, um prêmio que ele cobiça pelas implicações que teria em seu legado.

“Eu estou tentando disparar, me entende?” Wilson disse em um momento no começo da temporada, então citou os nomes no qual ele está perseguindo: Brady, Brees, Manning, Montana.

As rodas da campanha para Wilson ser MVP começaram a se soltar na derrota por 44-34 para os Bills dia 8 de novembro. Wilson cometeu 4 Turnovers, a defesa teve péssima atuação, e Carroll se mostrou completamente chocado com o que ele havia visto. “Eu não reconheci aquele jogo,” disse ele. “Eu não tenho espaço no meu cérebro para esse jogo.” Foi uma performance nada característica de Wilson – e inaceitável para Carroll, que dedica um dia inteiro (Quinta-Feira) para turnovers.

Análise Seattle Seahawks 34 x 44 Buffallo Bills

Em resposta, ele puxou as rédeas de Wilson no ataque. Estatisticamente, não era uma mudança muito grande. Durante os primeiros 8 jogos, Seattle liderou a liga no “Cook Index” – Que mede a frequência na qual os times passam em 1st downs nos primeiros 28 minutos, antes de tempo e pontuação influenciarem as chamadas de jogada – e rankeado em 7o após a mudança. Mas era efetivamente uma repreensão a Wilson, e fontes próximas ao quarterback disseram que isso o chateou.

O que aconteceu com a defesa e o ataque de Seattle?

Uma semana depois, Wilson teve o seu pior jogo na temporada, cometendo 3 turnovers em uma derrota feia para os Rams por 23-16. Wilson pareceu abatido, e experientes jornalistas da NFL Charean Williams e Mike Jones escreveram que o jogo destruiu as esperanças de Wilson em ser MVP. No vestiário após a partida, Carroll deu um sermão mais pesado do que o normal em todos os jogadores e treinadores sobre a responsabilidade individual de cada um. “Nós temos que acordar,” ele disse à imprensa enquanto repetindo a importância de um ataque balanceado que cuida da bola. Enquanto isso, Wilson reafirmava a confiança em si mesmo. “Eu sei que sou um grande jogador,” ele disse. “Eu sei que eu tenho sido um grande jogador, que serei um grande jogador e sei que eu vou continuar a ser um grande jogador”

Análise Seattle Seahawks 16 x 23 Los Angeles Rams

Carroll queria ser mais cuidadoso com o ataque; Wilson queria continua naquela mesma direção, confiando em si mesmo.

Antes do Thursday Night contra Arizona, Wilson se encontrou com os treinadores. Por algum tempo, Wilson tem buscado – até pressionado – para ter influência na organização em relação ao esquema e à escolha de membros do time. Em uma reunião, ele apresentou suas próprias ideais de como consertar o ataque. Suas sugestões foram rejeitadas, múltiplas fontes disseram ao The Athletic – outro lembrete a Wilson que os Seahawks não o viam da mesma forma que ele via a si mesmo, como um jogador que havia feito por merecer um controle maior de sua situação, seu futuro, seu legado.

Ele saiu enfurecido da sala.

O Super Bowl desse ano foi o gatilho. Wilson voou para Tampa para receber seu prêmio de Walter Payton Man of the Year. Ele e sua esposa, Ciara, assistiram ao jogo em uma suíte próximos ao comissário da NFL Roger Goodell, e enquanto Tom Brady batalhava com Patrick Mahomes no campo, ele fervilhava. Durante o jogo, ele mandou uma mensagem para Jake Heaps, seu ex companheiro de time e treinador de QB particular, para desabafar sobre assistir ao jogo ao invés de joga-lo.

Mais tarde Wilson falou com Carroll, de acordo com uma fonte, para conversar sobre a forma que os Seahawks lidavam com a Linha Ofensiva, um problema que vinha irritando Wilson há anos. Ele queria saber o plano do time, mas não foi dito a ele, pelo menos não a ponto de satisfazer Wilson, a fonte disse. Carroll implorou a ele para ter fé.

Mas depois do Super Bowl, Wilson foi a público com sua mensagem.

Naquela segunda-feira, Jason La Canfora da CBS twittou que o “‘Camp’ de Russell Wilson estava frustrado com a proteção ao passe e disse que era uma situação que valia a pena ser monitorada”. No dia seguinte, Wilson foi ao “The Dan Patrick Show” e disse que ele queria ser mais envolvido com a organização. Ele foi perguntado sobre os quase 400 sacks que sofreu em seus 9 anos de carreira: “Essa é uma coisa grande que temos que conserta, que tem que ser consertada”. Ele mencionou Brady, um jogador que tem um status que ele almeja, e a atuação da linha ofensiva de Tampa Bay no Super Bowl: “Ele não foi tocado na verdade”. Ele mencionou muitas vezes seu “legado”, assim como seu objetivo de jogar mais 10 a 15 anos, assim como Brady.

Em uma ligação no Zoom com repórteres de Seattle naquele mesmo dia, Wilson foi perguntado se estava frustrado com os Seahawks. “Eu estou frustrado em apanhar tanto” ele disse. Brandon Marshall, ex jogador de Seattle disse que Wilson estava pra lá de frustrado com o time e adicionou que Wilson “está tentando como ir embora com classe”. Patrick ecoou o desejo do quarterback por urgência e, citando uma fonte, disse que a “situação atual é insustentável.” Até lá, La Canfora tinha até mesmo ouvido possíveis destinos para trocas: Os Raiders, Dolphins, Saints e Jets entre eles.

Russell Wilson será trocado?

Crescendo, os ídolos de Wilson eram Derek Jeter e Drew Brees, um contraste interessante. Brees venceu apenas um Super Bowl em 20 temporadas – e nunca venceu um MVP – mas ele superou uma limitação física e conseguiu muitos recordes em estatísticas. Jeter conseguiu títulos de World Series e muitas jogadas importantes, seu legado é definido por vitórias. Uma década após o início de sua carreira, Wilson não venceu como Jeter, e não conseguiu números como Brees. Wilson e as pessoas ao seu redor acreditam que os Seahawks são parcialmente responsáveis.

“A razão a qual estamos aqui é porque nesse ritmo ele vai se tornar o QB com mais sacks sofridos na história da NFL”, disse Robert Turbin, Ex companheiro de time e padrinho de casamento de Wilson.

Outros veem a situação diferentemente depois de Wilson ter o pior momento de sua carreira nos últimos 8 jogos da temporada, sendo o 28th da liga em jardas por tentativa, uma colocação abaixo de Brandon Allen, QB dos Bengals.

“Ele está finalmente esquentando,” uma pessoa contou ao The Athletic. “Essa é a principal razão para isso. … Pessoas estão falando e o responsabilizando porque ele é um dos quarterbacks mais bem pagos da liga, ele diz que quer ser um dos maiores, então agora as pessoas estão o julgando como tal. É um jogo de relações públicas. Ele está tentando proteger a si mesmo.”

Uma outra fonte concordou “O que ele está tentando fazer é proteger sua imagem.”

Wilson e Carroll venceram pelo menos 9 jogos em cada uma das suas 9 temporadas juntos. Eles chegaram aos playoffs em todas as temporadas exceto uma, venceram um Super Bowl e perderam outro. Mas os Seahawks não chegam a uma final de NFC desde 2014, e a frustração de Wilson tem aumentado ao ponto de seu “camp” ter abordado os Seahawks sobre potenciais destinos para trocas. De acordo com fontes, esses times incluem os mencionados na coluna de La Canfora no dia do Super Bowl: Os Dolphins, Jets, Saints e Raiders. Algumas pessoas ao redor da liga acham que a troca pode acontecer, se não nessa offseason, então em algum momento em futuro próximo.

“É uma grande história,” um treinador de outro time disse. “Tem muita coisa ai – Dinheiro, ganância, poder e controle”

(Scott Eklund / Associated Press)

Em março de 2018, a maioria do mundo da NFL se reuniu na Universidade de Wyoming para ver o pro day de Josh Allen. Representantes de times sem Quaterbacks definidos lotaram o local para assistir, uma potencial pick top10. Os Giants enviaram o treinador Pat Shurmur. Os Broncos mandaram o analista Gary Kubiak. Os Browns mandaram GM John Dorsey e sete outros da organização.

E então lá estava o GM dos Seahawks John Schneider, membro de um time que tinha a pick 18 e já tinha Wilson, um quarterback que jogou 2 Super Bowls e que tinha acabado de liderar a liga em passes para touchdown. Para Schneider, era apenas por diligência, nada diferente do que o treinador dos Packers Mike McCarthy fez ao ir no Pro Day de Sam Bradfor enquanto Aaron Rodgers entrava no seu auge. Schneider havia feito parte do Front Office dos Packers quando Brett Favre ainda era titular e Rodgers inesperadamente caiu no primeiro round, uma lição que ficou com ele.

“As pessoas mais importantes no prédio” Schneider disse aos repórteres depois da visita a Wyoming, “são os Head Coaches e os Quarterbacks.”

Desde o primeiro dia, Carroll e Schneider disseram que eles não teriam “vacas sagradas”. Eles estariam envolvidos em todos as negociações, fariam scout de todos os jogadores. Eles assinaram na free agency o QB Matty Flynn por 26 milhões na offseason de 2012 e então, 40 dias depois, draftaram Wilson no 3o round e o colocaram como titular na semana 1.

Um ano antes do draft de Allen, os Seahawks haviam se apaixonado por Patrick Mahomes, e de acordo com fontes da época, estavam preparados para selecioná-lo no final do primeiro round se ele ainda estivesse disponível. Schneider se sentiu em relação a Mahomes da mesma forma que se sentiu com Wilson quando ambos saíram do college, fontes disseram, e não havia como deixa-lo passar.

Draft Day – A história de Russell Wilson (parte final)

O camp de Wilson viu o interesse dos Seahawks em Allen como uma surpresa não bem-vinda. Dentre mudanças significativas no elenco – Veteranos Richard Sherman, Jimmy Graham, Michaell Benett, Cliff Avrill e Kam Chancellor haviam saído ou estavam prestes a sair – reportagens surgiram que Mark Rodgers, agente de Wilson, ligou para Schneider pedindo esclarecimentos sobre o status do QB. Jim Trotter da NFL Network se perguntava se Wilson apertaria o “botão para seguir em frente” se a temporada de 2018 não fosse boa. Mais ou menos na mesma época, La Canfora se perguntava se Wilson talvez estivesse “Contemplando sua mortalidade no futebol americano com a sua linha ofensiva ainda sendo uma preocupação significativa.”

A linha ofensiva havia se tornado a maior queixa de Wilson, mas da perspectiva dos Seahawks, juntando recursos para renovar com Chancellor, Sherman, Bennett, Earl Thomas, Bobby Wagner, K.J Wright e Marshawn Lynch fazia mais sentido do que priorizar os jogadores de linha ofensiva Russell Okung, James Carpenter, J.R Sweezy, Breno Giacomini e outros que assinaram contratos de vários anos em outros times.

O contrato to próprio Wilson teve seu papel nessa decisão. Os Seahawks gastaram muito na linha ofensiva durante os primeiros 3 anos de Wilson, quando o QB tinha contrato de novato. Mas quando aquilo mudou depois que Wilson assinou uma extensão enorme antes da temporada de 2015. Com seu novo contrato consumindo mais de 15% do cap, que antes consumia menos de 1%, os Seahawks caíram de top 10 linhas ofensivas mais caras para uma das 5 linhas ofensivas mais baratas.

Do ponto de vista de Wilson, a linha ofensiva não era boa o suficiente, ponto final.

Em 2015, ele lançou um recorde na carreira dele até então de 34 touchdowns e apenas 8 interceptações enquanto jogando atrás de uma linha ofensiva entre as 5 mais baratas. Na temporada de 2016 – na qual Wilson sofreu lesões na perna no começo do ano, mas mesmo assim jogou todos os jogos atrás da pior Linha ofensiva protegendo o passe, segundo Pro Football focus – foi bem parecido.

Com a ausência de um jogo corrido consistente em 2017, Wilson participou de 37 dos 38 touchdowns de Seattle, liderou o time em jardas corridas, liderou a liga em passes para touchdown e retornou ao Pro Bowl – tudo isso enquanto jogava atrás de uma das piores linhas ofensivas da NFL. Mas os Seahawks pensaram que Wilson também era parte do problema. No intervalo do jogo final. com uma vaga nos playoffs a ser disputada e os Seahawks perdendo por 20-7, Carroll sentou próximo ao armário de Wilson. O ataque estava sofrendo, Wilson estava fazendo scramble em tudo quanto é lugar, e não fazendo leituras pela forma na qual ele lidava com a pressão. Uma grande crítica dos jogadores de Seattle ao longo dos anos é que Pete Carroll sempre foi muito gentil com Wilson. Mas no vestiário ele falou com Wilson de maneira crítica e com urgência “de uma forma que ele nunca me ouviu falar com ele.”

Conserte,” Carroll disse a ele.

Wilson consertou, mas Seattle ainda assim perdeu, terminando a temporada 9-7 e não indo aos playoffs pela única vez nas nove temporadas de Wilson.

Carroll disse que Wilson teve um ano “Fantástico”, mas adicionou “ele pode ser melhor.” O treinador então pulou na frente de qualquer julgamento sobre o desejo dele de falar de maneira dura com seu Quarterback. “Russ quer ser criticado,” Carroll disse. “Russ precisa ser criticado, ele quer ser grande.”

Uma semana depois, Carroll demitiu seu coordenador ofensivo das últimas 7 temporadas, Darrell Bevell, e realocou Carl Smith, há muito tempo o treinador de quarterback da equipe. Quando Carroll contratou Brian Schottenheimer para substituir Bevell, ele enfatizou que a mudança no staff foi feita na esperança de “desafiar” Wilson de “uma forma que ele nunca foi desafiado antes.”

Enquanto isso, rumores alcançaram pessoas ao redor de Wilson de que os Seahawks e os Browns estavam discutindo uma possível troca envolvendo Wilson e a pick número 1 do draft de 2018 – uma outra surpresa que levou Wilson a garantir uma clausula, que não o permite ser trocado, em seu próximo contrato.

Se a offseason de 2018 foi quando Wilson sentiu que os Seahawks tinham dúvidas sobre seu futuro em Seattle, o quarterback e seu “camp” viraram a mesa na primavera do ano seguinte. Logo antes da segunda negociação tensa de contrato entre Wilson e Seattle, outro rumor surgiu sobre seu futuro e sobre a vontade que ele tinha de ficar em Seattle pra começo de conversa.

Aproximadamente duas semanas depois da derrota frustrante de Seattle por 24-22 no Wild-Card de 2019, Wilson e Ciara assinaram com uma agência de gerenciamento de talento, a Creative Artist Agency (CAA) para ajudar o casal com seus interesses dentro da indústria do entretenimento. CAA representa centenas de atletas e pessoas relacionadas ao entretenimento, então a mensagem pode ter sido coincidência, mas não muito depois de Wilson assinar com a agência, rumores sugeriam que ele poderia possivelmente sair de Seattle para os New York Giants vindos de clientes da CAA. Colin Cowherd da Fox Sports citou um rumor de um “agente de entretenimento mundial” que Ciara preferiria morar em Nova York para crescer em sua carreira musical. Cowherd deu a entender que essa mudança iria beneficiar o status de Wilson também. O safety da NFL Tyrann Mathieu twittou, “Russ quer Nova York. Mas você não escutou isso do T.” Perguntado sobre o rumor no “The Tonight Show” – Com Jimmy Fallon, no qual junto com Cowherd e Mathieu são clientes da CAA – Wilson riu sem dar muita importância.

Análise Los Angeles Rams 30 x 20 Seattle Seahawks

“Eu não tenho certeza se os Seahawks vão me deixar escapar,” Wilson disse. “Eu amo Seattle. Seattle é um lugar especial.”

Algumas semanas depois de sua aparição no “The Tonight Show”, Wilson deu ao time um prazo complicado: Os dois lados tinham até meia noite no dia 15 de abril para concordar em uma extensão, ou Wilson jogaria até o final do contrato e depois testaria o mercado. No dia do prazo, depois de reportagens sugerirem que um negócio não seria feito, Wilson e os Seahawks concordaram em uma extensão de 4 anos e USD 140 milhões, o contrato mais caro da história da liga. Wilson vestiu uma jaqueta dos Sonics para sua conferência de imprensa e deixou claro que ele selou aquele contrato para ele: Uma cláusula de “Não troca” obrigando os Seahawks a “pedirem a benção” dele antes de mandarem ele pra qualquer lugar. Wilson tinha poder nesse momento de sua carreira – e ele queria que Carroll abrisse seu ataque.

Em 2018, os Seahawks haviam corrido com a bola com mais frequência desde os Broncos de Tim Tebow. Aquilo mudou um pouco em 2019, mas a relutância de Carroll em colocar a bola na mão de Wilson no começo das partidas continuava sendo uma frustração pra Wilson.

Não era pessoal do ponto de vista do Carroll. Carroll se orgulhava que em um momento os Seahawks ficaram 95 jogos consecutivos sem perder por 10 ou mais pontos, a maior sequência na história da liga por 21 jogos. Isso não pode acontecer, Carroll acredita, sem prevenção de riscos.

Wilson pensa diferente. Se os Seahawks fossem mais agressivos, eles poderiam pontuar mais no começo dos jogos, liberando-o de ter que jogar como Super Homem com muita frequência no 4o quarto. Aconteceu de novo no divisional round dos playoffs de 2019, quando Seattle estava perdendo por 21-3, em Green Bay. Wilson conseguiu voltar para o jogo no 4o quarto, mas os Seahawks ainda assim perderam para os Packers por 28-23.

Análise Seattle Seahawks 23 x 28 Green Bay Packers

A derrota pareceu deixar a opinião de Wilson ainda mais intensa. Ele passou parte da offseason fazendo lobby para Seattle ser mais agressivo, de acordo com uma pessoa familiarizada com a situação. Carroll foi contra. Wilson continuou defendendo sua tese, indo tão longe quanto pudesse oferecendo sua opinião em quais nomes contratar para o time, e fontes disseram que Wilson e os outros líderes do time de fato são consultados antes de aquisições de grande nome, como por exemplo Jamal Adams, Jadeveon Clowney, Duane Browm, Jimmy Graham, Quandre Diggs, Greg Olsen e Josh Gordon.

No Pro Bowl do ano passado, Wilson foi perguntado se Seattle tinha talento suficiente para competir por título. Foi uma pergunta que antigamente era ignorada; dessa vez, ele disse não. Wilson disse que ele queria super estrelas na defesa, mais peças no ataque e jovens estrelas no draft. Em uma entrevista separada no Super Bowl daquele ano, ele novamente falou do ataque, dizendo que Seattle precisava ter um estilo mais rápido, que ataca mais. Ele fez lobby pela liberdade de poder ir a campo para pontuar o máximo possível.

“Precisamos de superestrelas no time”

“Isso é meio o que os Chiefs fazem,” Wilson disse, antes de adicionar “Nós vamos tentar fazer isso funcionar e ver se voltamos para cá. Rapidamente.”
(Joe Nicholson / USA Today)

A temporada de 2020 foi um momento de mudança – ou, talvez, o momento do estopim. O ataque começou em um ritmo histórico, colocando Wilson em um nível de Hall da Fama que ele tanto quer manter.

Seattle teve média de 4.5 touchdowns ofensivos por jogo, liderando a liga durante a primeira metade, um ritmo superado desde 2000 apenas por 3 times: Denver Broncos de Peyton Manning em 2013, New England Patriots de Tom Brady em 2007 e St. Louis Rams de Kurt Warner em 2000 – historicamente grandes ataques liderados por quarterbacks que ganharam o MVP em cada uma daquelas temporadas.

O melhor intervalo de tempo da carreira de Wilson acontecia justamente depois de Carroll concordar com o “Let Russ Cook”. Wilson recebeu tão bem essa mudança que ele registrou a frase – um slogan que os fãs vinham usando para implorar os Seahawks a focarem o ataque em seu Quarterback de $35 milhões por ano – com a intenção de vender materiais e utensílios de cozinha para ajudar instituições de caridade. Mas o ataque nunca teve um sentimento de um time treinado por Carroll, e não passou despercebido por pessoas próximas de Wilson que o treinador raramente chamava isso de “Seahawks Football”, como ele tende a fazer quando sua fórmula de forçar o jogo corrido e jogar em nível elite defensivamente.

Enfrentando defesas melhores na segunda metade do calendário, Wilson e o ataque atolaram. Seattle teve média de apenas 2.4 touchdowns ofensivos por jogo, rankeado 18 na liga e 6 colocações abaixo do Chicago Bears liderado por Mitch Trubisky. Não era apenas porque Carroll passou menos nos primeiros downs. Alguma coisa não estava certa. Wilson não estava bem.

Durante a derrota de 17-12 para os Giants de Colt McCoy no começo de dezembro, um jogo no qual o ataque pontuou apenas 10 pontos, Wilson andava para trás e se preparava para o passe em um pocket limpo. Ele segurava a bola por mais do que 4 segundos e tinha bastante espaço ao seu redor, isso tudo para sofrer o sack, uma jogada que indicava uma das dificuldades de Wilson no final da temporada.

“Que diabos tem de errado com Russell Wilson?” um treinador veterano que assistiu ao jogo disse na época. “Ele está vendo fantasmas. Ele age como se eles não estivessem o protegendo, mas ele mata a proteção. Tem situações que ele tem o pocket limpo, ele corre e entra em pânico. Ele não está jogando nem um pouco bem.”

“As pessoas dizem que a proteção não é tão boa,” o treinador continuou. “Todo aquele negócio de Let Russ Cook, ele é melhor quando eles conseguem correr com a bola e ele se aproveita disso, não há dúvidas. Ninguém gosta disso por que eles querem que ele seja Dan Marino. Você é quem você é. Mas ele parece muito mal nesse momento.”

Haviam outros problemas na temporada também. Aqueles próximos a Wilson sentiam que apesar dos pilares nos quais Carroll construiu o programa – conhecidamente competição e se manter responsável por suas decisões – eles eram aplicados seletivamente, principalmente quando era com os treinadores e seus filhos. Nessa última temporada, o treinador de recebedores Nate Carroll, o qual trabalha com seu pai desde 2010, brevemente largou seu emprego no time por frustração em relação ao seu papel antes de retornar ao time, fontes disseram ao The Athletic. Nate deixou claro aos jogadores seu descontentamento, fontes disseram. Para Wilson e aqueles ao seu redor, essa perturbação validou uma reclamação antiga: Carroll, e por extensão seus filhos, não respondem a ninguém.

Quando perguntado mês passado quem na organização podia dizer a ele verdades duras e desconfortáveis, Carroll respondeu seu ex assistente Carl (Tater) Smith, John Schneider e seus dois filhos, Brennan e Nate. Smith saiu dos Seahawks antes da temporada de 2019, e Brennan Carroll saiu depois da temporada de 2020 para o College. Só resta Nate Carroll.

“Ao longo dos anos eu perdi alguns caras,” Carroll disse. “Tater me dizia qualquer coisa. Ele era ótimo. Eu pedia dele porque ele sabia a verdade e ele precisava me contar. Eu perdi alguns caras assim. É algo no qual eu estou dando uma olhada”

Enquanto Wilson busca manter Carroll responsável por suas ações, outros questionam se alguém consegue fazer isso com o próprio quarterback. Isso tem sido um tópico sensível desde que a Sports Illustrated e a ESPN publicaram anos atrás uma história sugerindo que Carroll passava pano para Wilson em detrimento do time. Depois que Richard Sherman interceptou Wilson em um treino em junho de 2014, e então gritou com jovem quarterback e arremessou a bola nele, Carroll se reuniu com líderes do time e disseram a eles para pegar leve com Wilson. Carroll, segundo múltiplas fontes, protegia e dava permissão para Wilson, enfraquecendo as duas palavras na qual ele construiu o programa em cima: Sempre competir.

Essa situação atual de Wilson, muitas fontes acreditam, é a inevitável consequência desse tratamento especial.

A temporada de 2020 terminou com outra derrota no início dos playoffs, dessa vez para os Rams no Wild-Card. Wilson lançou uma interceptação retornada para touchdown no primeiro tempo, e sua linha ofensiva teve uma das suas piores atuações no ano. O jogo foi um teste de Rorschach (teste projetivo): A culpa deve ir a Carroll? Ou para Wilson?

Após a derrota, Carroll demitiu Schottenheimer, o coordenador ofensivo que ele havia trazido para desafiar Wilson. Wilson queria estar envolvido no processo de contratação do substituto de Schottenheimer, e ele esteve, reunido com candidatos, incluindo o coordenador do jogo aéreo dos Rams Shane Waldrom, o qual os Seahawks contrataram com o aval de Wilson.

Shane Waldron é o novo Coordenador Ofensivo de Seattle!

Mas aí WIlson assistiu Brady e Mahomes avançarem para o Super Bowl. Brady escolheu a dedo seu time e trouxe os jogadores que ele quis, incluindo o recebedor Antonio Brown, o qual treinou com Wilson na offseason e o qual Wilson havia feito lobby para os Seahawks contratarem. Mahomes estava em seu segundo Super Bowl consecutivo, jogando por um treinador no qual o permitiu brilhar em seu estilo de jogo totalmente ofensivo.

Rasocast #55 – HELLOOO SHANE WALDRON!!! Temos um novo coordenador ofensivo!

Sete anos atrás, era Carroll e Wilson naquele palco, o começo de algo especial. Os Seahawks destruíram Peyton Manning e os Broncos naquela noite, e nos minutos finais do jogo, Wilson deu uma escapada para as sidelines e derramou Gatorade na cabeça de Carroll. O casamento entre Wilson e os Seahawks tem sido bem sucedido seja lá qual for o critério: Uma vitória em Super Bowl, Duas participações em Super Bowl, mas vitorias que qualquer time, tirando os Patriots. Mas seu futuro juntos parece mais incerto do que deveria dado tais resultados.

Perguntado se Wilson vai ser o quarterback dos Seahawks em 2021, uma fonte próxima ao quarterback respondeu com apenas duas palavras.

“Boa pergunta…”

Retificação…

Depois de todo o impacto da matéria, o agente de Wilson entrou em contato com a imprensa para tentar amenizar as coisas.

Referências:

https://theathletic.com/2409212/2021/02/25/russell-wilson-trade-seahawks/

Aguardem cenas dos próximos capítulos!

Go Hawks!

6 Replies to “Avenida Brasil: Onde Wilson vai parar?”

  1. […] – Russell Wilson – 5’11, […]

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