O post de hoje não é sobre algo recente, mas é sobre algo que vai nos inspirar. Inspiração e Seattle Seahawks é algo que comumente andam juntas, jogadores que possuem uma história de superação enchem os olhos do nosso técnico Pete.
Retroagiremos para 2014, ano da conquista do nosso Super Bowl. No elenco vencedor, estava um cara que pouco chamava atenção, que teve apenas 8 recepções em 8 vezes que foi alvo, um TD e 62 jardas de recepção naquela temporada.
Derrick Lamont Coleman Jr., fullback/running back do time, chegou ao time em 2012 e saiu em 2015, mas deixou um legado e um ensinamento para a vida inteira com seus companheiros.
História
A primeira coisa que deve vir a sua mente é que ninguém esperava que Coleman estivesse na NFL, muito menos em um Super Bowl.
Derrick nasceu em Los Angeles e foi diagnosticado aos 3 anos de idade com um distúrbio genético que fez com que ele perdesse a audição. Esse distúrbio foi descoberto quando o pai levou-o ao barbeiro e ele não respondia as perguntas do profissional. Ele perdeu primeiramente a audição de um ouvido, e após um ano, já estava também sem escutar com o segundo ouvido. Dos 100% de audição, lhe sobraram apenas 10. Ninguém na família é surdo, apesar do distúrbio ser algo genético.
Com a ajuda da sua família ele conseguiu desenvolver-se naturalmente, o auxílio dos aparelhos auditivos foi essencial, entretanto sua infância foi marcado pelo bullyng. Ele conta em algumas entrevistas um episódio que aconteceu no ensino fundamental, onde os colegas de classe pegaram os aparelhos auditivos e jogaram no chão. No mesmo dia, os pais de Derrick estavam às portas do pais da criança que fez o ato.
Durante toda sua vida, teve acompanhamento de uma especialista, avaliando seu quadro e tentando minimizar todos os efeitos da surdez.
Coleman tinha um sonho de se tornar jogador de futebol americano e teria que superar essa barreira imensa do problema da audição.
Na sétima série ele falou para sua mãe que queria jogar futebol americano. Ela estava preocupado o quanto impactos na cabeça por causa dos treinos e jogos poderiam afetar ou até piorar seu problema ou quebrar seus aparelhos auditivos. Seu pai, de forma contrária, achou no futebol uma possibilidade de Derrick se desenvolver, fazer amigos e praticar esportes. Após uma ressonância magnética, o médico liberou-o para os esportes de impacto. O sonho se iniciava.
No futebol americano
No começo, Derrick por muitas vezes perdia seus aparelhos auditivos após impactos, mas após ele começar usar um boné adaptável para segurar mais firme nas orelhas esse problema foiminimizado. Não seria fácil ser running back.
O menino quebrou recordes e recordes no high school (Troy) e foi MVP na sua temporada sênior. Na faculdade não foi tão diferente, jogando pela UCLA, teve 4 bons anos e no seu último ano antes de ir para o draft, teve 11 TDs e ficou como segundo melhor RB da faculdade.
Detalhe é que em 2007, o nosso técnico Pete Carroll tentou recrutar o Colleman para jogar em USC, mas ele preferiu UCLA.
Ficou elegível para o draft 2012. Ninguém o escolheu, apesar de bons números no college. Ser o primeiro jogador ofensivo surdo na NFL não seria fácil, mas os Vikings acenderam a chama da esperança e assinou com ele como undrafted.
Antes do início da temporada foi cortado e aí onde entra o Seattle. Em 5 de dezembro de 2012, o Seahawks transforma o D. Colleman em seu jogador de practice squad.
“Eu o teria recrutado na universidade, então eu o conheço, mas nunca o treinei, não sei o que vai acontecer”, falou Pete em entrevista na ESPN.
No Seahawks
Aqui começa uma história muito bacana. Não é preciso nem falar o quanto a franquia gosta de história de superação e o quanto Carroll permite que o jogador seja autentico.
Coleman se tornou uma ótima peça no time de especialistas e um bom backup para o ataque do Seattle. Mas você deve tá se perguntando: “Como um cara surdo escuta as chamadas do ataque?”.
Leitura labial. Isso mesmo. Coleman reconhecia as chamadas pela leitura labial vindas do QB. Imagine fazer a leitura, processar a jogada e executá-la em questões de segundos? Esse era o trabalho dele em toda jogada. Russell Wilson toda vez que sabia que o seu RB/FB estava no field, removia o protetor labial para que Coleman entendesse a chamada. Sinergia.
Colleman contra os Saints 2013 pic.twitter.com/GvBTcuwJnc
— Wagner Souza (@gnersouza) March 20, 2021
Nesse primeiro TD dele numa temporada regular com a camisa do Seahawks, todos foram cumprimentá-lo.
Derrick Coleman indo para o TD pic.twitter.com/j40hbOyWJn
— Wagner Souza (@gnersouza) June 9, 2020
Todos, simplesmente todos em Seattle, ficaram maravilhados com a sua pessoa. “Todo mundo está impressionado com ele”, falou Wilson, “Não sei se superaria o que ele superou”, falou Carroll, “Ele é um cara humilde que trabalha duro, nunca deu uma desculpa. Ele é uma inspiração”, disse Sherman.
“Eu sinto mais do que ouço. Você sente o clima, a vibração pelo seu corpo. Quando eu começo a sentir, sei que eles enlouqueceram”, palavras de Colleman.
O título em 2014 apenas coroou uma história de superação que, por si só, já era campeã. Derrick se tornou o primeiro jogador surdo ofensivo a jogar pela NFL.
Antes do SB, a Duracell fez uma propaganda contando um pouco da história dele, que tornou sua superação conhecida.
No anos seguintes
Derrick mais na frente ainda jogou pelo Falcons em 2017 e pelo Arizona Cardinals em 2018. Fundou a No Excuse Fundation para auxiliar crianças que lidam com deficiências.
Go Hawks.
[…] A voz do silêncio: Uma história inspiradora para além da conquista do SuperBowl! […]